Ceará debate de convergência digital a envio de cartas pelos Correios

Os jovens tiveram presença maciça na Conferência Estadual de Comunicação do Ceará (Concecom-CE) por causa da divulgação que o evento teve, utilizando todas as ferramentas disponíveis de internet. Mas também houve em Fortaleza espaço para o debate sobre uma antiga forma de comunicação: a carta. Um claro exemplo da pluralidade de propostas que serão encaminhadas à Comissão Organizadora Nacional (CON) da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (1ª Confecom), programada para o Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, entre os dias 14 e 17 de dezembro.

Representantes dos trabalhadores dos Correios se mostraram contra um projeto de lei do deputado federal Régis de Oliveira (PSC-SP), que pretende quebrar o monopólio da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) no serviço de correspondência no país. Apesar de todo o avanço na tecnologia e o surgimento das novas ferramentas de comunicação, eles fizeram questão de lembrar da importância dos Correios. “O ECT faz um serviço que nenhuma empresa privada se disporia a fazer. Nós levamos qualquer correspondência, das pessoas mais humildes e moradoras dos lugares mais distantes do Brasil, a outros tão distantes quanto. Uma empresa privada só iria a um lugar onde o lucro é garantido, coisa que não interessa ao Correios", defendeu Cláudio Cruz, representante do Sindicato dos Trabalhadores em Correios do Ceará.

Segundo o sindicalista, com uma quebra de monopólio, as empresas privadas descartariam a entrega de simples cartas e ficariam apenas com a parte que lhes interessa, como o serviço de correspondências em massa, que daria um retorno garantido e imediato. “E mesmo nas capitais, cobrariam mais caro. Estamos aqui em defesa, principalmente, da população carente, que seria deixada de lado caso isso ocorra”, disse Cláudio.

Assim como em Brasília, a Conecom-CE também teve na sua agenda de debates acessibilidade e inclusão como questões importantes na comunicação. Especialmente durante o segundo painel (“Comunicação, sistema público e controle social”). O destaque foi o publicitário Xico Teóphilo, que é tetraplégico. Bem humorado, ele emocionou os participantes do evento com histórias pessoais e ao mostrar o quanto a mídia deixa de lado as pessoas com deficiência. Para alterar esse quadro, segundo ele, é preciso que sejam criadas leis específicas voltadas para pessoas com deficiência e que se cobre um comprometimento maior da mídia nacional. Para o publicitário, aceitar as diferenças é uma coisa, mas é preciso mais, é preciso um compromisso maior. “A inclusão promove a diferença e propõe uma nova visão da sociedade. Uma sociedade será inclusiva quando todas as pessoas estiverem realmente integradas e com seus direitos reconhecidos. Veja bem: uma sociedade excludente resulta em uma mídia excludente, que influencia numa escola excludente, e por aí vai. As diferenças, assim, vão sempre soar estranho para as pessoas. São 509 anos de exclusão!”, desabafou Teóphilo.

O publicitário chamou atenção também para a acessibilidade à mídia, que, em sua opinião, não dá espaço às pessoas com deficiência. “Acessibilidade à mídia é importante, pois é ela quem traça um retrato da sociedade. Não falo só de inserções pontuais, como programas específicos, mas de uma forma que trate as pessoas com deficiência como algo normal, e que resulte em uma mudança no olhar das pessoas. Vocês querem ver uma coisa: a mídia costuma nos tratar como uns coitadinhos, mas eu, por exemplo, não sou isso não. Sou até meio galinha”, disse Teóphilo, arrancando risos da platéia.

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