ONG critica imprensa por transformar em ‘herói’ policial que matou rapaz que portava granada

Em comunicado divulgado na última quarta-feira (30/09), a ONG Justiça Global criticou o posicionamento da imprensa em relação ao desfecho do sequestro de uma comerciante, no Rio de Janeiro, por um rapaz que portava uma granada.

No dia 25 de setembro, um tiro de fuzil acertou a cabeça de Sergio Ferreira Pinto, que, cercado por policiais do 6º Batalhão e já baleado na barriga, fazia como refém Ana Cristina Garrido, dona de uma farmácia na Rua Pereira Nunes, no bairro carioca de Vila Isabel. "Apesar de a ação ter terminado em uma morte violenta, o caso foi festejado efusivamente por quase todos os meios de comunicação", afirmou a entidade.

Para a Justiça Global, a imprensa "imediatamente elegeu como novo herói nacional" o major João Jacques Busnello, autor do disparo. No comunicado, a ONG cita outros casos envolvendo o policial, como uma ação ocorrida em 1998, quando o recruta do exército Wallace de Almeida foi baleado pelas costas na porta da casa de sua mãe, na favela da Babilônia, na zona sul da cidade.

"A equipe chefiada pelo então tenente Busnello – que já era conhecido pela truculência e arbitrariedade com que costumava agir no local – invadiu a residência, insultou parentes do rapaz e impediu o socorro imediato a Wallace, que acabou sendo arrastado morro abaixo pelos próprios policiais e faleceu logo após sua entrada no hospital", diz a nota.

A ONG denuncia a posição da mídia, que tornou "herói na televisão e nos principais jornais" um oficial da Polícia Militar do Rio de Janeiro "acusado da execução de um rapaz negro, que foi promovido a capitão, passou pelo BOPE, assumiu o comando do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios, foi preso por lesão corporal dolosa, até se expôr orgulhoso como o protagonista de mais uma ação da Polícia Militar que termina com a morte de um rapaz negro".

Segundo a Justiça Global, a reação dos meios de comunicação "aponta para a naturalização da violência". "É inaceitável que uma ação que termina em morte seja festejada", conclui o comunicado.

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