Feministas vão criar rede de controle social da comunicação

O Seminário “O controle social da imagem da mulher na mídia” terminou neste domingo (15) com o apontamento de tarefas importantes para o movimento de mulheres. A combinação do feminismo com a luta pela democratização da comunicação traz uma agenda de desafios, mobilizações e a necessidade de uma articulação permanente, capaz de formular posicionamentos e propor alternativas.

A plenária do Seminário encaminhou a formação de uma rede, composta por movimentos e entidades, a fim de ampliar o trabalho realizado pela Articulação Mulher e Mídia – que já vinha desenvolvendo debates sobre o controle social da imagem da mulher na mídia, além das ações que culminaram neste seminário.

Diversas participantes do encontro afirmaram a importância de o feminismo incorporar a luta pela democratização da comunicação como um campo de atuação. Também falaram do necessário recorte racial e de orientação sexual nas discussões acerca das relações de poder expressas na mídia.

Como primeiras tarefas a serem encaminhadas por essa rede estão a articulação para a Conferência Nacional de Comunicação nos âmbitos municipal e estadual, e o questionamento e a denúncia das mídias religiosas (as igrejas detêm boa parte das concessões de rádio e TV). Na agenda também a mobilização para o dia 17 de outubro, Dia Nacionalda Democratização da Comunicação.

Para organizar uma proposta de funcionamento da rede e sistematizar os encaminhamentos do seminário, a fim de socializá-los com todas as participantes, foi criado um grupo de trabalho composto por 32 mulheres. Esse grupo também levará as definições do encontro às pré-inscritas que não puderam comparecer.

Também foi decidido que o site www.mulheremidia.org.br deve se configurar num portal que seja referência para a agenda e as discussões em torno aos temas abordados no seminário e outros que venham a derivar deles.

Salto de qualidade

A deputada federal Luiza Erundina (PSB/SP) acompanhou o último dia do seminário e trouxe sua contribuição a partir da disputa no Congresso Nacional. Ela defendeu que o movimento priorize a participação na Conferência de Comunicação, por meio de delegadas que representem o debate em curso e que se articulem para construir vitórias. “Não temos uma comunicação democrática no Brasil”, exclamou.

Erundina também falou sobre a fragilidade das leis que deveriam regulamentar o sistema de radiodifusão brasileiro, e nas implicações que isso tem nesse cenário de ausência de democracia. Um dos grandes problemas apontados por ela é o alto número de parlamentares que detêm concessões públicas nos seus estados. “Precisamos fazer valer o artigo 54 da Constituição Federal, que proíbe deputados e senadores de deterem concessões de serviços públicos”, lembrou.

Por fim, a deputada saudou as mobilizações do 8 de março, Dia Internacional da Mulher em todo o país, destacando que elas representaram as lutas e construção do movimento de mulheres nestas últimas décadas. “É o momento de dar um salto de qualidade”, finalizou, com palavras de incentivo à participação das mulheres em todas as disputas da sociedade brasileira – em especial, a da comunicação, batalha estratégica.

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