Organizações discutem desigualdade de gênero na mídia

Com alegria, expectativas positivas e compromisso com a luta pela mudança na vida das mulheres, foi aberto na noite desta quinta-feira (12), em São Paulo, o Seminário Nacional “O Controle Social da Mulher na Mídia”. Até este domingo, mais de 150 mulheres de todas as regiões do país e de diferentes movimentos estarão reunidas para discutir a urgência de transformações no cenário das comunicações no país, de forma a garantir que a pluralidade e a diversidade das mulheres esteja representada na TV.

“Nossa idéia é desestruturar o monopólio do 'partido único da mídia machista'. A mídia impõe conceitos, rebaixa a auto-estima e nos trata como barbies. Rebaixa a qualidade da informação, reforça preconceitos e faz isso atendendo a demandas internacionais e nacionais, padronizando a gente para reproduzir papéis estereotipados e consumir o que lhes interessa”, afirmou Rachel Moreno, do Observatório da Mulher e da Articulação Mulher & Mídia, rede proponente do seminário.

Para ela, é fundamental buscar apoio contra o gigantesco poder dos meios de comunicação nos segmentos aliados, processando anunciantes ou intimando e exigindo direitos de resposta, para tentar sensibilizar a sociedade como um todo. Afinal, as mulheres pertencem a um segmento que representa 52% da população do país. “Vamos discutir organização, núcleos e programas de ação para montar nossa aliança, tentando sensibilizar os órgãos públicos”, explicou a ativista.

Para Bete Pereira, que representou a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, há uma grande intersecção da questão feminista com as reivindicações de outros setores, em particular quando a discussão remete à função social da mídia, que quase sempre contribui para estimular a violência contra a mulher.

“A educação hoje reproduz estereótipos da mulher que estimulam a discriminação de gênero e a violência contra a mulher. Vemos esse evento como um apoio que pode contribuir para consolidar as ações já existentes e para ajudar a exercer um controle maior sobre a mídia. Essa parceria e esse compromisso são fundamentais para que a Secretaria possa exercer seu papel de poder público”, concluiu.

Para a representante da SEPM, o essencial não é apenas a pauta que será discutida durante o encontro, mas a articulação de uma rede de controle social sobre a imagem da mulher na mídia. Ela exortou as participantes a se colocarem com mais veemência, pois somente o “esse trabalho conjunto é que vai dar resultados”.

A Secretaria-Geral da Presidência da República também afirmou seu compromisso com o seminário: “Esperamos que deste seminário saia uma pauta definida de como as mulheres gostariam que as suas questões fossem tratadas”, afirmou Quenes Gonzaga, que representou o ministro Luiz Dulci.

Emoção e Alto Astral

Após os pronunciamentos da mesa de abertura, a palavra foi aberta às participantes, que deram um show de alto astral, antecipando o clima que o seminário promete. 

Vera Daisy Barcellos, da Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, de Porto Alegre (RS), lembrou o esforço empreendido por todas para a realização do evento. A ela se seguiram depoimentos emocionados de diversas participantes, como Leide Cardoso Neves, do Coletivo de Mulheres Negras Esperança Garcia, de Teresina (PI), e Rejane Soares, do Coletivo de Negras Feministas da Amazônia (AP), que destacou a grande presença das mulheres negras no encontro, fruto do trabalho do movimento.

Iraildes Torres, da Universidade Federal do Amazonas, pontuou o trabalho com as mulheres indígenas em seu estado: “As mulheres indígenas também são discriminadas pela mídia, são vistas como seres exóticos”, lembrou. Rita de Cássia Ramalho de Mendonça, de Nova Friburgo (RJ), afirmou estar emocionada em participar do evento. “Há seis anos consegui sair de uma situação de violência e essa hoje é uma das minhas principais motivações para lutar e participar do movimento”.

A noite terminou com a apresentação de Athiely Santos, militante do movimento hip-hop. Ela cantou um rap que agitou as participantes. O tema era "por outra imagem da mulher na mídia, sempre".

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