Passagem para TV digital causará “apagão” de canais nos EUA

Marcada para 17 de fevereiro de 2009, a interrupção na transmissão de televisão analógica nos Estados Unidos deve deixar cerca de 23 mil pessoas sem receber sinal de alguns canais. Segundo estudo do Government Accountability Office (GAO –o braço investigativo do Congresso norte-americano), 11% das estações transmissoras afirmaram que devem perder área de cobertura após a migração completa do sistema.

Em fevereiro do ano que vem, as emissoras de televisão nos EUA devem parar de transmitir o sinal analógico, passando a utilizar apenas a TV Digital. No Brasil, medida semelhante está marcada para 2016, segundo o cronograma oficial –para ver televisão, será preciso utilizar um conversor embutido ou conectado ao televisor.  De acordo com a pesquisa do GAO, 24% das transmissoras de televisão afirmam que seu sinal digital terá uma cobertura geográfica diferente da analógica. Enquanto em alguma delas a cobertura será maior, em outras a área que vai receber o sinal será menor.  "Isso é evidente pelo fato de 11% das estações que responderam à nossa pesquisa afirmarem que esperam perder espectadores após a transição para a TV digital", afirma o estudo. No total, a expectativa é que as transmissoras percam 23 mil espectadores.  Divergência  Um outro estudo, divulgado pela consultoria Centris, de Los Angeles, divulgado em fevereiro, mostra um cenário muito pior. Segundo o jornal "The New York Times", problemas com o sinal podem fazer com que 5,9 milhões de pessoas recebam o sinal de menos canais na era digital do que no tempo da TV analógica. Os dados levam em conta inclusive pessoas que compraram o conversor.  Segundo a Centris, muitos espectadores terão de comprar antenas externas para continuarem vendo televisão. O sinal digital sofre mais interferência de objetos como árvores, prédios e montanhas que o analógico.  Apesar disso, para a GAO, as estações de transmissão fizeram um "progresso substancial" na transição para a TV Digital. Cerca de 91% das 1.122 transmissoras ouvidas pela pesquisa afirmaram que já transmitem esse tipo de sinal.  Algumas ainda precisam fazer ajustes na tecnologia –13% afirmam que precisam instalar ou realocar suas antenas de sinal digital ou analógico. E algumas dessas estações ainda precisam pedir equipamentos para concretizar a transferência da tecnologia. Em outros casos, ainda é preciso fazer acordos com as TVs pagas, por cabo e satélite, para garantir que os assinantes recebam o sinal após o fim da tecnologia analógica.  Além disso, 23% das transmissoras afirmam que vão utilizar o mesmo número de canal da TV analógica com a digital, o que pode gerar problemas de compatibilidade.  "Os espectadores devem ser avisados sobre mudanças na cobertura do sinal por meio de programas de educação do consumidor para que eles não acreditem, de modo errado, que seu conversor não está funcionando corretamente", afirmou ao jornal "The Washington Post" o parlamentar Edward J. Markey, membro do subcomitê de telecomunicações e internet, que requisitou o estudo.  Segundo o jornal, para muitas emissoras, os maiores obstáculos são os alto custos associados com as mudanças de tecnologia. Transmissores digitais são muito mais caros que os analógicos e o novo sinal requere ajustes diferentes para atingir a mesma cobertura geográfica.  Falhas no Brasil  Um estudo da Philips divulgado em abril mostra que o sinal digital das TVs abertas é falho em 33% da Grande São Paulo, primeira região do país a receber a tecnologia. Com isso, a cobertura da TV digital só é satisfatória em 2 milhões dos 5,5 milhões dos domicílios da região metropolitana.  O estudo mostra que, dependendo da localização do televisor e do material usado no imóvel (paredes muito grossas, por exemplo), o usuário pode ter que instalar uma antena externa para receber um bom sinal.

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