Exigências de Daniel Dantas atrasam venda da BrT

As negociações para a compra da Brasil Telecom pela Oi (ex-Telemar) esbarraram em novas exigências do empresário Daniel Dantas, do grupo Opportunity, ex-gestor da BrT, que tem disputas judiciais com os acionistas controladores da empresa: Citigroup e fundos de pensão ligados a estatais.

Segundo a Folha apurou, o Opportunity quer indenização de US$ 100 milhões, do Citi, para compensar suposta perda de mercado que teria sofrido, com o desgaste de sua imagem.

Além da indenização, Dantas estaria exigindo que o Citibank seja distribuidor, para o mercado financeiro brasileiro, dos fundos de investimentos administrados pelo Opportunity.

Procurada, a direção do Opportunity disse que não comentaria sobre o pedido de indenização de US$ 100 milhões. Alegou que negociações para a venda da BrT à Oi são sigilosas. Mas negou ter pleiteado que o Citi distribua seus produtos.

Um executivo envolvido na negociação informou que o endurecimento do jogo, por parte de Daniel Dantas, era esperado, e que já existe um cansaço pela demora no entendimento. Não há previsão de por quanto tempo mais a queda de braço com o Opportunity pode se arrastar.

Os grupos Andrade Gutierrez e Jereissati só admitem a compra da Brasil Telecom pela Telemar Participações com as pendências judiciais com o Opportunity solucionadas. A avaliação, entre os executivos, é a de que Dantas não tem pressa em chegar ao acordo.

A demora na negociação, segundo executivos, paralisa as teles envolvidas, principalmente a Brasil Telecom, que tinha planos de pulverizar seu capital -nos moldes do modelo adotado pela Perdigão- e suspendeu o projeto em dezembro, quando se intensificaram as tratativas para a venda da BrT para a Oi.

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, chegou anunciar, em janeiro, que os acionistas tinham chegado a entendimento. Segundo as partes envolvidas, há consenso em relação à reestruturação societária dentro da Telemar, que dará o controle da empresa aos grupos Jereissati e Andrade Gutierrez, mas, sem solução dos litígios na esfera da Brasil Telecom, não haverá negócio.

A Brasil Telecom move duas ações para ressarcimento de gastos (cerca de R$ 600 milhões) pelo Opportunity, que foi afastado da gestão da tele em 2005. As ações foram impetradas em 2006, por determinação do Conselho de Administração da BrT, e estão em curso. Para a diretoria da BrT, só o Conselho de Administração tem poder para determinar a retirada das ações judiciais, para um acordo com Dantas. O conselho tem reunião marcada para este mês, mas o assunto não está na pauta de discussão.

O Opportunity é acusado, nas ações, de ter usado recursos da tele para compra de bens e serviços em seu proveito, e não da BrT, como a compra de três aviões (US$ 66 milhões), pagamento de funcionários (R$ 3,5 milhões) e até a reforma e decoração (R$ 3,9 milhões) do escritório do Opportunity em São Paulo. O banco contesta as acusações.

Outro foco de discussão são os recursos da venda do controle da Telemig Celular para a Vivo, por R$ 1,2 bilhão. O Citi e a BrT têm ações judiciais, em Nova York, em que pleiteiam uma parte do dinheiro.

Segundo informações do mercado, Citi e Opportunity teriam chegado a acordo para que o dinheiro da venda da Telemig vá para uma conta fiduciária, à espera de decisão final da Justiça dos EUA. O acordo seria anterior ao pedido de indenização de R$ 100 milhões.

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