Entidades internacionais divulgam dados diferentes sobre mortes de jornalistas

Ongs e entidades internacionais divulgaram, no final de 2007 e início de 2008, dados diferentes sobre o número de jornalistas mortos no exercício da profissão no ano passado. O único ponto em comum é a identificação de que o maior número de casos ocorre em zonas de conflito. A FENAJ está finalizando o levantamento de dados para atualizar seu “Relatório de Violência e Direitos Humanos”, que registra os casos de cerceamento ao exercício da profissão no Brasil.

Segundo a Campanha Emblema de Imprensa (PEC), entre janeiro e dezembro de 2007 houve 110 assassinatos de jornalistas. A entidade justificou o aumento de mortes de profissionais de imprensa no exercício de suas atividades à constante violação internacional dos direitos humanos e desenvolve uma consulta mundial para elaboração de um anteprojeto de convenção para proteger jornalistas em zonas de conflito e violência a ser apresentado à ONU.

Já a Associação Mundial de Jornais (WAN) contabilizou 108 jornalistas mortos e o Instituto Internacional de Imprensa (IPI) registrou 91 assassinatos em 2007. Por sua vez, a Ong Repórteres sem Fronteiras (RSF), em seu balanço sobre liberdade de imprensa, registrou a morte de 86 profissionais de mídia em 2007 e, num comparativo dos últimos cinco anos, identificou um crescimento de 244% de assassinatos de jornalistas. Em outra ponta, o estadunidense Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) computou 64 mortes no ano passado.

Para o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade, a discrepância nos levantamentos de jornalistas mortos reflete diferentes critérios dos órgãos que os elaboram. “Um dos problemas nestes levantamentos é a falta de critérios em definir quem é jornalista”, diz Murillo.

Segundo ele, os levantamentos da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) são mais confiáveis. A entidade divulgou, no início deste mês, o registro de 171 mortes de profissionais de imprensa no ano passado, o maior de todos os dados apurados, pois inclui profissionais que faleceram em acidentes quando exerciam suas funções. Em seu relatório a FIJ registrou seis mortes de jornalistas no Brasil: uma por assassinato e cinco por acidente.

A Comissão de Direitos Humanos da FENAJ está sistematizando dados para atualizar seu “Relatório de Violência e Direitos Humanos” com relação a 2007. O levantamento anual da Federação considera violência ao exercício da profissão não apenas as mortes de jornalistas. Nele são registrados os casos de uso da força, o abuso de poder, ameaças e assédio moral para impedir o acesso e difusão da informação, bem como as pressões contra a liberdade de imprensa, que se expressam, também, na repressão à luta dos profissionais de imprensa por melhores salários e condições de trabalho.

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