Dossiê avalia situação das mulheres negras na mídia

O Dossiê sobre a situação das Mulheres Negras Brasileiras, preparado pela Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras – AMNB foi lançado em julho último e apresentado em audiência à Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos – OEA. “A audiência foi em julho, em Washington, e agora, o governo Brasileiro tem um tempo para responder às denúncias que fizemos. Em seguida, relatores da OEA devem visitar o país para constatar possíveis mudanças no quadro e fazer recomendações ao governo brasileiro”, informa Nilza Iraci, integrante da AMNB e responsável pela coordenação geral do projeto.

O dossiê avalia a situação das mulheres negras no Brasil em respeito a diversos campos, como desenvolvimento, trabalho, renda e pobreza, educação, saúde, violência, religião, meio ambiente, participação nos espaços de poder. Avalia também a imagem e a representação das mulheres negras na comunicação.

O documento recupera a centralidade da comunicação na formação de valores e no reforço ao preconceito na sociedade e analisa diferentes pesquisas que apontam “a naturalização do racismo e do sexismo na mídia que reproduz sistematizacamente os esteriótipos e estigmas sobre a mulher e em especial sobre as mulheres negras, trazendo prejuízos para a afirmação de sua identidade racial e valorização social”.

O dossiê questiona a invisibilidade dos negros na mídia e ausência nos espaços produores de comunicação e também a falta de valorização da história e dca cultura afro-brasileiras.

Uma das pesquisas que o documento recupera é a do livro “A negação do Brasil”, que demonstra que os atores afrodescendentes estiveram ausentes de cerca de 30% das telenovelas produzidas em quase 50 anos e, quando presentes, as mulheres negras estão sempre em papéis das esferas da subalternidade e da sensualidade.

Mesmo na TV pública, como demonstra outro levantamento levado à OEA pelo dossiê, a pesquisa “Onde está o negro da TV pública”, realizada pela Fundação Palmares, que constatou que 82% da programação não apresenta temáticas sobre a raça ou a cultura negras.

As denúncias e a invisibilidade se estendem também para o campo da publicidade. O dossiê apresenta a análise realizada pela pesquisadora Juliana Botelho no Conselho Nacional de Autoregulamentação Publicitária – Conar, onde estão registradas 31 denúncias de discriminação racial/étnica e outras muitas arquivadas por não reconhecimento do mérito: 70,96% das denúncias enviadas em 26 anos.

Nos anexos do documento, são apresentadas várias reportagens de jornais e revistas e algumas peças publicitárias que ilustram o cenário apresentado nos textos.

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