Jornaleiros reclamam participação em debate sobre compra da Chinaglia pela Dinap

Na última quarta-feira (21), a Câmara dos Deputados aprovou a realização de uma audiência pública para discutir a aquisição da Fernando Chinaglia Distribuidora pela Dinap, do Grupo Abril. O presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) – que estuda a legalidade da fusão – e representantes de editoras, revistas e das duas distribuidoras foram convidados. Ficaram de fora do debate os jornaleiros, que agora reclamam participação.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Jornaleiros do Grande ABC e secretário-geral do Sindicato dos Jornaleiros do país, Marco Antônio Ferreira Plata, a entidade também deveria ter sido convidada, já que é parte importante da cadeia de distribuição no país. "Não somos meros depositários de revistas", defendeu.

O jornaleiros, segundo Plata, foram avisados da fusão por meio de um comunicado do Grupo Abril, que garantiu a manutenção – ao menos por enquanto – do processo de distribuição de revistas. "Não sabemos que problemas essa fusão vai causar. Então, estamos trabalhando com mudanças hipotéticas e analisando o comportamento do mercado até que a Abril nos mande seu plano de ação", disse.

De acordo com ele, o mercado já havia sofrido uma mudança no ano passado devido a um acordo entre a Federação Nacional dos Vendedores de Jornais e Revistas e a Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner). Com este acordo, as revistas chamadas de "segunda linha" – que inclui as publicações de artesanato, decoração e culinária, por exemplo – passaram a ser relançadas somente um vez, o que foi visto com bons olhos pelos jornaleiros.

"Antes do acordo, as revistas de segunda linha eram relançadas cinco, seis vezes, o que nos causava um problema de espaço. Imagine uma área em que cabem 500 revistas com 2 mil. Isso criava um problema para o próprio editor, que tinha as publicações novas 'contaminadas' pelas antigas", explicou.

Com a fusão, este processo de disciplina do mercado foi acentuado, mas novas mudanças ainda são uma incógnita para o setor. "A nossa federação gostaria de ser convidada para os debates. Eu acho [a exclusão nas discussões] uma falta de respeito muito grande. Nós ficamos só cumprindo regras e sempre temos que nos virar para expor as revistas."

Ao Portal IMPRENSA, Plata disse que ainda não há como analisar se a fusão será boa ou não e, por isso, gostariam de saber "o que se passa na cabeça" da Treelog S.A. Logística e Distribuição, a nova empresa da Abril. "Para mim, todo monopólio é preocupante, mas a fusão poderá disciplinar positivamente o mercado. Isso é o que a Abril nos passa. Agora temos que ver o que realmente acontecerá", disse.

Segundo o Sindicato dos Jornaleiros, existem no país cerca de 35 mil bancas de jornais e pontos de distribuição que recebem cerca de 27 mil cotas de revistas.

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