Nomeação de Simone Scholze imprime perfil mais técnico e ‘tucano’ à Anatel

Passada a fase sindical, representada pela indicação dos conselheiros Pedro Jaime Ziller de Araújo, Plínio de Aguiar Júnior e o ouvidor Aristóteles dos Santos, as novas nomeações na Anatel imprimem e restabelece o perfil mais técnico – e tucano – à equipe do presidente Ronaldo Sardenberg. É o que acontece com a advogada Simone Henriqueta Cossetin Scholze, nomeada hoje pelo embaixador para a superintendência executiva da agência, no lugar de Nilberto Diniz Miranda, ligado a Ziller e ao movimento sindical. Diniz deixa o cargo para assessorar o ouvidor Santos, o que mantém ativo o núcleo sindical que ganhou força pelas mãos de José Zunga, expoente da Fittel e da CUT, com grande influência nos primórdios do governo Lula.

A nova executiva da Agência tem especialização em bio-ética e foi agraciada, em agosto de 2002, último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, com a Ordem Nacional de Mérito Científico, no grau de comendador. Formou-se no Rio Grande do Sul, fez mestrado na Universidade de Brasília (UnB) e representou o Ministério de Ciência e Tecnologia no Grupo Interministerial de Propriedade Intelectual, que elaborou o projeto da respectiva lei. Sardenberg já havia nomeado um único colaborador, Rodrigo Augusto Barbosa, para a chefia de gabinete, preferindo apoiar e aprimorar os quadros oriundos de processo de seleção por concurso público. O fato de Sardenberg estar a apenas seis meses do final do seu mandato de um ano como presidente da Agência – ele entrou na Anatel em maio –, traz, segundo observadores, uma ‘sinalização positiva’ de que deve ganhar mais tempo no cargo e reforçar a idéia de despolitização, reclamada pelo mercado.

Temia-se que a nomeação do embaixador pudesse repetir a efêmera passagem dos três últimos presidentes, dois dos quais permanecem conselheiros. O coronel e ex-presidente Elifas Gurgel do Amaral virou consultor. O restabelecimento da imagem mais técnica – e tucana – avançou com a nomeação, também em meados do ano, do conselheiro Antônio Bedran, ex-colaborador do falecido ministro Sérgio Motta e procurador-geral da Anatel desde sua criação.

Em audiência no Senado, semana passada, o senador Cristóvão Buarque, observou que o enfraquecimento da imagem pública da agência está atrelada a nomeações com perfil político. “Tenho a impressão que no governo anterior o perfil (dos indicados) era mais técnico”, disse. A observação de Buarque ilustrou a insatisfação geral manifestada por senadores numa audiência pública que debatia projeto de lei sobre conteúdo.

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