Entrevista com Marcelo Fernandes Costa

Marcelo Fernandes Costa é administrador de empresas, fundador e presidente do Comitê pela Democratização da Informática em Pernambuco e membro executivo para América Latina e Caribe da Non-Commercial Users Constituency (NCUC). Também é fundador e conselheiro do Instituto Porto Digital de inclusão social e líder parceiro da Fundação Avina, de desenvolvimento social e liderança para América Latina e Caribe.

1. Como avalia o trabalho do CGI.Br até o momento?

O Comitê Gestor tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento da Internet no Brasil, dentre os muitos que irei citar  três se destacam:

– A adoção / defesa do modelo gestão envolvendo governo e sociedade  civil 

– maioria entre os conselheiros que compõe o CGI, eleitos  (muitos talvez não saibam, mas os atuais conselheiros são a primeira geração de eleitos por votação de seus pares para ocupar um assento) representando terceiro setor, setor empresarial e a comunidade científica;

– Sua excelência técnica / operacional que o leva a ser citado como modelo em diversas áreas do mundo e elogiado e adotado como HOST de segurança (cópias) dos servidores de DNS de outros países / registros, dentre os quais o terceiro maior do mundo, a Alemanha e ainda ser HOST e administrar os domínios do LACNIC, todos na infra-estrutura do CGI e alguns como o LACNIC usam o software desenvolvido no Brasil, adotado e doado para outros registros de ccTLD que alcançaram independência e desenvolvimento com apoio do CGI cm transferência de tecnologia e capacitação, principalmente países mais pobres da África e outras regiões;

– Manter núcleos de excelência dentro do comitê gestor além de estimular e desenvolvimento de Comissões de trabalho pelos conselheiros e de Grupos de trabalho como os GTs de (Segurança) e GTER (redes) formado por voluntários e com participação de técnicos e funcionários do CGI.br.

Dentre os núcleos de excelência dois se destacam. O CERT é o núcleo de segurança e resposta a incidentes (www.cert.br) reconhecido nacional e internacionalmente como um núcleo de excelência com lugar garantido, sempre, em todos os fóruns de segurança e capacitação de alto nível.

O CERT.br é credenciado pela Canegie Mellon para ministrar cursos com certificação no Brasil que antes só podiam ser feito nos EUA com alto custo para os participantes, cerca de USD 5 mil fora demais custos de deslocamento e estadia e que hoje são acessíveis a centenas de técnicos Brasileiros e procurados hoje por outros países da AL. Os cursos são ministrados no Centro de Treinamento do CGI em SP com custos em média de R$ 1,5 mil. Mantêm parceria e coopera intensivamente no combate ao crime cibernético com a polícia e a justiça, monitora e atua de forma ativa contra ataques mantendo estatísticas desses incidentes, além de manter documentos de referência para técnicos e usuários como a cartilha de segurança (http://cartilha.cert.br/) o site antispam (www.antispam.br) com vídeos educacionais e o pioneiro e inovador projeto dos Spam pots (http://www.cert.br/docs/whitepapers/spampots/) que apresenta a verdade sobre as redes Brasileira, os abusos e os spammers).

O CGI mantém o CETIC (www.cetic.br) que é responsável pela produção de indicadores e estatísticas sobre a disponibilidade e uso da Internet  no Brasil, divulgando análises e informações periódicas sobre o desenvolvimento da rede no país. Este trabalho tem sido brilhantemente desenvolvido e dando a oportunidade de termos indicadores que antes eram desconhecidos do governo, dos técnicos, dos usuários, dos profissionais e da academia. Marco importante no trabalho do CGI na atual gestão o CETIC abriu novos horizontes para os conhecimentos técnicos, mercadológicos e comportamental da Internet Brasileira, aos que não conhecem o trabalho deixo meu convite para que visitem ambas ações no links acima.

2. Caso eleito(a), quais serão suas prioridades como membro do Comitê?
Indubitavelmente a segurança / educação e a governança. Dediquei os  últimos três anos na área de segurança principalmente nos projeto antispam e spam pot, além da atualização dos documentos de referencia do CERT, todos descritos acima. Apenas com o acesso a informação, a capacitação e a educação através de cartilhas, vídeos, sites e seminários / congressos é que poderemos fazer um enfrentamento aos problemas técnicos da Internet além de trabalhar o lado comportamental e da responsabilidade individual e coletiva de estar conectado a uma rede em que todos são responsáveis pelo seu bom uso e funcionamento.

Na área de governança estreitar a relação do CGI com a comunidade com reuniões abertas, congressos e seminários itinerantes, trazendo a oportunidade de interagir, ouvir e responder as demandas que nos são formuladas. Ampliar a discussão técnica e política da Internet no Brasil e os posicionamentos aos assuntos Globais através das participações na ICANN e no IETF, por exemplo.

3. Caso eleito(a), como prestará contas à sociedade?
Os atuais membros que representam a sociedade civil sempre tiveram a preocupação de ser transparentes, informar, prestar contas de suas ações dentro do comitê gestor por meio de reportes as suas bases e publicação das ações nos principais portais Brasileiros e nos portais 
de suas organizações de origem.

Precisamos, no entanto, melhorar esta comunicação. Minha sugestão é que montemos um blog / site conjunto no próximo mandato com espaços para discussão (fóruns) e mesmo formação de grupos de trabalho virtuais. Cada vez mais precisamos multiplicar os esforços para 
ampliar a base de organizações / pessoas que se interessem, se mobilizem e discutam os temas técnicos e de política / governança da 
Internet Brasileira e Global.

O ideal é termos centenas de organizações discutindo estes temas e, quem sabe, na próxima eleição termos centenas delas participando do 
colégio eleitoral e mesmo indicando candidatos, seria um ótimo indicador que nosso trabalho e socialização da informação e do conhecimento terá logrado êxito.

4. Na sua avaliação, qual deve ser o papel do CGI.Br na construção de um marco regulatório relativo à convergência tecnológica?
Algo que tem que estar bem claro é: qual o mandato do CGI. Afinal, o CGI foi criado por um decreto presidencial que descreve, claramente, qual o mandato do comitê. O CGI não pode regulamentar a Internet Brasileira, por exemplo, mas a seriedade de seu staff e sua competência tem feito com que suas recomendações tenham sido seguidas 
pelo mercado.

Existem criticas ao CGI, muitas delas por anseios que o nosso mandato  não permite que sejam atendidas diretamente pelo CG, não por insensibilidade dos conselheiros, mas por limitações do próprio mandato e/ou recursos.

O CGI vem contribuindo ativamente discutindo diversos assuntos, dentre os quais a Convergência Tecnológica e transmitindo os anseios que nos chegam aos colegas de governo. Em muitas ocasiões temos a oportunidade de atuar proativamente nos diversos temas auxiliando o governo / instituições e apresentando alternativas e estudos para encaminhamento e/ou solução de problemas como o projeto de lei contra o spam. Não é raro ver membros do staff e conselheiros em comissões do congresso relatando nossa posição e os anseios da comunidade.

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