Cresce venda do CD pela primeira vez em cinco anos

A sua morte já havia sido até anunciada, mas após cinco anos amargando sucessivas quedas nas vendas, o CD mostra que ainda tem fôlego para brigar com a pirataria nas ruas e com os programas de compartilhamento de arquivos na internet em seu aniversário de 25 anos. Segundo dados da Nielsen, o volume de CDs vendidos em julho deste ano cresceu 14,8% em relação ao mesmo período de 2006, somando 1 milhão de unidades. Em faturamento, o aumento foi de 10,7%, atingindo R$ 13,8 milhões. E a tendência de crescimento continuou em agosto.

'O crescimento real do faturamento do setor no acumulado de julho e agosto é de 9%, comparado a igual período do ano passado', diz Gustavo Horta Ramos, diretor geral da Som Livre. 'Tudo indica que cantaram a morte do CD cedo demais', avalia, bem humorado.

Os executivos de algumas das principais gravadoras do país, como EMI Music, Universal Music Brasil e Som Livre, já esperavam um fôlego novo no mercado brasileiro. As vendas somaram R$ 484 milhões em 2006, com queda de 25% em relação ao ano anterior, segundo a IFPI, órgão que representa o setor fonográfico no mundo. 'É uma reação que já esperávamos há alguns anos como resultado de reajustes e adaptações dos preços', explica Marcelo Castello Branco, presidente da EMI Music do Brasil.

Segundo ele, o preço do CD caiu pela metade nos últimos cinco anos. Hoje, o preço médio da unidade gira em torno de R$ 15. 'Cerca de 70% dos nossos lançamentos estão abaixo dos R$ 20', diz.

Na Som Livre, a estratégia adotada desde meados de junho foi anunciar o preço do CD em campanhas de marketing em TV e revistas – de R$ 14,90 e R$ 19,90. 'Nunca havíamos colocado o preço no comercial antes', diz Horta. Segundo ele, dos 50 CDs mais vendidos pela lista da Nielsen, 42 estão abaixo de R$ 20. E 14 títulos custam menos de R$ 10.

Paulo Rosa, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Disco (ABPD), diz que o fato do produto estar sendo vendido de forma mais rápida no varejo irá impulsionar as encomendaspara o final do ano – época que concentra cerca de 40% a 45% das vendas totais. 'O público percebeu que o CD não é tão caro quanto se costumava pensar', diz.

Para que houvesse uma queda tão significativa no preço do CD, as gravadoras tiveram que fazer uma reestruturação financeira profunda. Cortaram custos, diminuíram lançamentos, refizeram contratos e reduziram verbas de divulgação e de promoção. 'Foi feito uma readaptação para enfrentar essa realidade perversa', diz Rosa.

Os sinais positivos de julho e agosto, são, por enquanto, um oásis no deserto. No acumulado do primeiro semestre do ano, segundo a ACNielsen, houve queda de cerca de 7% tanto no volume de vendas quanto de faturamento do setor fonográfico. Branco, da EMI, afirma, porém, que o movimento dos últimos dois meses 'não é uma tendência esporádica'. 'Não houve nenhum grande lançamento nesse período para impulsionar as vendas. Essa tendência deve se manter', afirma.

A Universal Music Brasil adota a mesma estratégia. 'Há um esforço da indústria como um todo para baixar o preço', diz José Éboli, presidente da gravadora, com sede nos Estados Unidos. A Universal trouxe, este ano, um novo modelo de negócio ao Brasil, lançado há dois anos na Europa. Em julho passado o selo relançou, de uma só vez, 38 títulos e colocou no mercado 150 mil cópias em um formato mais econômico: R$ 10,90 para os títulos nacionais e R$ 14,90 para os internacionais. Como resultado, outras 500 mil unidades, de 45 títulos (sendo alguns novos), devem chegar ao varejo em outubro. 'O interessante é que as duas embalagens convivem na loja. Tanto a de R$ 25 quanto a de R$ 10,90', diz.

Ao consumidor que compra a cópia mais em conta, é oferecida a opção de obter, no site, as informações e o material gráfico que há no CD tradicional. 'Perdemos margem, mas ganhamos em escala', diz. 'E afastamos o consumidor da cópia pirata.' Por causa desses lançamentos, Éboli estima um crescimento de 10% no faturamento da empresa para este ano.'Vamos reverter o movimento de queda de quase 20% no início do semestre e ainda crescer mais 10%', diz.

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