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Governo Federal atrasa compra de laptops educacionais

O governo federal teve que atrasar a publicação do edital para compra dos milhares de laptops educacionais que pretende distribuir para a rede de ensino público do país. O calendário oficial previa que a realização do pregão eletrônico para aquisição de 150 mil computadores portáteis acontecesse em 15 de novembro. A divulgação do edital seria feita ainda neste mês. Agora, porém, o edital deverá ser conhecido apenas em meados de novembro, segundo o assessor da Presidência, José Luiz de Aquino. 'Nossa expectativa é que o pregão aconteça ao longo de dezembro.'

O adiantamento do pregão, segundo Aquino,está relacionado a questionamentos feitos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia vinculada ao Ministério da Educação (MEC), o qual irá bancar a aquisição dos computadores. 'É natural que haja dúvidas', comenta Aquino. 'Esse é um projeto inovador, que requercuidados.'

A aquisição das máquinas faz parte do programa que o governo federal batizou de 'Um Computador por Aluno' (UCA), que tem a proposta de levar computadores até as salas de aula, para que estudantes tenham contato com a informática por meio de sistemas educacionais instalados nos micros. Nesta primeira etapa, 300 escolas de todo o país deverão receber os laptops.

Procurado pela reportagem, o MEC informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o calendário atrasará por conta da demora das empresas em responder a uma tomada de preços feita pelo FNDE. Não é um projeto pequeno. Embora o governo argumente que a aquisição das 150 mil máquinas possibilitará a realização de um teste em larga escala, a licitação para aquisição dos equipamentos deverá ultrapassar facilmente a casa dos R$ 45 milhões, tendo em vista que a contratação incluirá, além dos equipamentos, a oferta serviços como garantia de três anos e suporte técnico.

Três projetos se destacam na briga pela licitação: o ClassMate, laptop da fabricante de chips Intel; o Mobilis, da indiana Encore; e o XO, portátil da organização Um Laptoppor Criança (OLPC, na sigla em inglês). O governo irá escolher apenas um deles.

No mês passado, a OLPC, liderada pelo ex-professor do MIT Nicholas Negroponte, anunciou a parceria local com a empresa Simm Computadores, do interior de São Paulo, para dar suporte às suas máquinasno país. A Intel já tem acordo com a Positivo Informática e a CCE para distribuição e fabricação de seus equipamentos. A indiana Encore fechou com a brasileira RF Telavo.

Segundo Aquino, independente do equipamento que o governo venha a adotar, será exigida a utilização de sistemas baseados em software livre.

Música no telefone celular cria nova cadeia de fornecimento

Estimular o consumidor a ouvir música pelo celular está se tornando um negócio importante não só para as empresas ligadas diretamente à telefonia, como as operadoras móveis e os fabricantes de aparelhos. Pelo menos duas outras categorias de empresas estão trabalhando ativamente para organizar a recente cadeia de fornecimento da música on-line. São as companhias de mídia e entretenimento, como gravadoras e canais de TV, e uma versão atualizada daquilo que se tornou conhecido como 'syndicate' – as agências que vendiam notícias para vários jornais ao mesmo tempo. Só que no lugar das reportagens, entram as músicas.

'Se faltasse uma dessas partes, eu teria dúvidas sobre o sucesso do negócio', diz Felippe Llerena, diretor-executivo da iMusica. A empresa, criada no ano 2000, é um dos melhores exemplos do formato renovado adotado pelo 'syndicate' na era da internet. Parceira da Claro em sua investida na música on-line, a iMusica negocia as faixas com as gravadoras e as licencia para uso por outras empresas, além de vender as músicas diretamente ao consumidor, via internet. 'Temos contrato com 350 gravadoras independentes brasileiras, além das quatro grandes multinacionais do setor: EMI e Warner, para celular e internet, e Universal e Sony BMG, para a web', diz Llerena.

Com sete anos de atividade, a iMusica não é uma novata na área, mas teve de esperar bastante tempo até convencer as grandes gravadoras – as chamadas 'majors' – a licenciar seu conteúdo. 'Só conseguimos concretizar (os acordos) no ano passado', afirma Llerena.

As multinacionais do disco demoraram a aderir ao download – a transferência do arquivo para o computador ou celular – por temerem que a novidade devorasse seu negócio central, já em dificuldades: a venda de CDs. 'A base de telefones celulares no Brasil é de 105 milhões de unidades e a existência de uma loja de música aberta 24 horas por dia, sete dias por semana, é uma oportunidade de ouro – para nós e para as gravadoras', diz Llerena.

Na iMusica, o acordo com a Claro abre as portas da internacionalização, já que o contrato é válido para 15 países nos quais a América Móvil, que controla a operadora, tem negócios. 'Sem dúvida, teremos de fazer um trabalho de expansão para o exterior, com a abertura de filiais em alguns países', diz Rodin Spielmann, diretor financeiro daIdeiasNet, que controla a iMusica.

Concentrada no investimento em empresas de tecnologia, a IdeiasNet elevou há dois meses sua presença no capital da iMusica: a participação saltou de 75% para 93%. Agora, além do impacto direto na empresa de distribuição digital, o acordo fechado com a Claro pode proporcionar vantagens a outras empresas do grupo, diz Spielmann.

É o caso da Padtec. A companhia, na qual a IdeiasNet detém 34,2% de participação, produz equipamentos comprados pelas operadoras para aumentar o tráfego de dados. 'É uma atividade que cresce exatamente porque companhias como a iMusica estão oferecendo serviços capazes de aproveitar a capacidade de banda das telefônicas', diz o executivo.

O acordo com a Claro prevê uma oferta de música adaptada ao gosto do consumidor de cada país dentro da geografia da América Móvil.O cuidado é para evitar erros na abordagem ao público local: uma artista como Madonna, por exemplo, tem seus discos consumidos em qualquer lugar, mas um grupo de rock argentino pode ser ignorado no Chile ou vice-versa. 'O catálogo não é o mesmo', diz Marco Quatorze, diretor de serviços de valor agregado e roaming da Claro. 'Cada país escolhe (sua oferta) no iMusica.' Enquanto no Brasil há uma categoria específica para MPB, que não existe nos demais mercados, no México há outra só para os fãs de salsa, exemplifica o executivo.

Acertar na preferência do público remete a conceitos como audiência, uma preocupação diária das companhias de entretenimento de várias áreas, além da música propriamente dita.

A Fox Latin America Channels, que representa na região canais de TV paga como Fox, FX e National Geographic, está relançando no Brasil sua divisão My Fox. O objetivo da unidade? Levar para o celular produtos relacionados a seus programas de televisão, especialmente séries de grande audiência, como '24 Horas' e 'Prison Break'.

'Renovamos nosso contrato com a Oi e estamos negociando com todas as demais operadoras móveis', diz Patrícia Brito, gerente da divisão My Fox. Na nova fase, a estratégia é ultrapassar a fronteira das séries de TV e fornecer produtos relacionados a seus próprios canais, como o FX, direcionado ao público masculino e adulto. A lista inclui papéis de parede, toques de celular e vídeos curtos, de 30 segundos. Cada download varia de R$ 2,30 a R$ 5,99, chegando a R$ 10 no caso dos vídeos.

A principal aposta da Fox, com estréia prevista para novembro, é numa relação de produtos atrelados à série de animação 'Os Simpsons', que recentemente ganhou seu primeiro filme no cinema. 'Projetamos um crescimento de 60% nos downloads por causa dos Simpsons', diz Patrícia.

No futuro, o download de vídeos completos para celular pode se tornar um negócio importante, como começa a acontecer com a música, mas isso depende de uma série de definições de padrões tecnológicos por parte das operadoras, afirma a executiva.

A julgar por algumas experiências atuais, no entanto, é provável que personagens mundialmente famosos, como 'Os Simpsons', tenham de disputar espaço com produtos de origem quase anônima.

A TIM criou o TIM Studio, em que os usuários oferecem itens para download, como fotos, vídeos ou sons. Ao todo, 30% das transferências nessa área já são de músicas ou sons criados pelo próprio público. Os autores recebem R$ 0,15 por download. O resultado é que já surgiram as primeiras estrelas da nova onda: alguns clientes acumulam mais de R$ 2 mil em crédito com a operadora.

Às vésperas da TV digital, lojas livram-se de estoque

Às vésperas do lançamento da TV digital no Brasil – as primeiras transmissões comerciais serão realizadas em dezembro -, as indústrias e os varejistas estão tentando eliminar os estoques de televisores de LCD e plasma convencionais, que não exibem imagens em alta definição. O Brasil, que adotou o padrão japonês de transmissão digital, também optou pelo sistema HD ('high definition'). No entanto, muitos dos aparelhos vendidos até agora no país não possuem uma resolução grande o suficiente para exibir os programas em alta definição.

Boa parte dos televisores ofertados pela Casas Bahia, que ontem colocou propagandas nos jornais anunciando 'a maior venda de plasma e LCD da história', não possuía alta resolução de imagens. Consultada pelo Valor, uma vendedora da rede informou, por telefone, que nem a TV de plasma de 42 polegadas nem a TV de LCD de 37 polegadas eram HD. O aparelho de plasma de 42 polegadas, da marca LG, custava R$ 3 mil e o televisor de 37 polegadas, da Philips, foi anunciado por R$ 3,5 mil. Segundo a atendente, se fosse HD, o televisor de 37 polegadas da LG sairia por R$ 4 mil. As TVs de plasma, tecnologia que vem sendo substituída pelo LCD, também estão perdendo atratividade e ficam cada vez mais baratas.

'A guerra de preços é diária', afirma Benjamin Sicsu, vice-presidente de novos negócios da Samsung. Com a chegada da TV digital, que irá estimular ainda mais a demanda pelos novos televisores, essa disputa tende a se intensificar. Segundo ele, as vendas de LCD e plasma podem alcançar a marca de 1 milhão de aparelhos ainda neste ano. Em 2006, foram comercializados apenas 300 mil.

Ninguém sabe ainda, porém, quanto custarão os televisores digitais de última geração nem por quanto sairão os conversores (set-top boxes). Estes conversores terão de ser comprados pelos consumidores que já compraram os seus aparelhos de LCD e plasma caso eles queiram assistir aos programas que as emissoras começarão a transmitir digitalmente a partir de dezembro.

Como todasas especificações técnicas já foram definidas pelo governo, as indústrias já podem fabricar no Brasil os primeiros televisores com tecnologia digital embutida, bem como os conversores. No entanto, as indústrias querem que o governo mude a lei e permita a importação de placas para baratearos produtos neste primeiro momento. Segundo Sicsu, a empresa só poderá dizer por quanto irá vender os novos televisores depois de definida a carga tributária.

A acelerada erosão dos preços mudou as negociações entre as indústrias e as varejistas, que agora exigem compensações dos fabricantes. Os preços caem tão rápido que as lojas não têm tempo de vender os estoques pelo valor antigo. A Gradiente, por exemplo, viu-se engolida por este rodamoinho e mergulhou numa crise.

Lan houses crescem e levam internet às favelas brasileiras

A sala escura e abafada fica abarrotada de jovens. O espaço – um quartinho erguido na laje de um mini-mercado – é pequeno e o calor, insuportável. Mas quem se importa? A garotada que se espreme ali está além das fronteiras estreitas demarcadas pelas paredes.

Olhos vidrados nos computadores, os adolescentes passeiam pelo universo sem limites da internet. Na lan house do cearense Antônio Rodrigues Filho, meninos e meninas da favela de Heliópolis, a maior de São Paulo, ganham o mundo por R$ 1 a hora.

Aberto no fim do ano passado, o centro de acesso à internet tornou-se em poucos meses a principal fonte de renda docomerciante, também dono do mercado Girassol e de uma loja de artigos fotográficos. 'Chamei para ser sócio um amigo que conhecia essas coisas de internet, diminuí o estoque do mercadinho e coloquei lá uns computadores', afirma Rodrigues Filho, que é conhecido na vizinhança como Sonrisal e pretende se candidatar a vereador em 2016. Embora nunca tenha aprendido a usar um PC e tampouco saiba ler e escrever, enxergou no anseio da comunidade em navegar pela web uma oportunidade de negócio.

Histórias como a de Sonrisal são cada vez mais comuns. Num movimento silencioso que se intensificou desde o ano passado, as lan houses – outrora restritas aos bairros nobres das grandes cidades – estão proliferando nas favelas brasileiras e tornando a web mais próxima de quem não tem acesso à internet.

Não há dados precisos sobre esse fenômeno tão recente quanto informal. Em Heliópolis, onde vivem 125 mil pessoas, calcula-se que o número atual ultrapasse facilmente 30 lojas. Na Rocinha, maior favela do Rio e da América Latina, as estimativas vão de 80 a mais de cem unidades. A também carioca Cidade de Deus tem pelo menos 50.

O barateamento dos computadores e dos serviços de internet é crucial nesse processo. Com o dólar em queda, o aumento da a oferta de crédito e a redução da carga fiscal incidente sobre os equipamentos, as vendas explodiram nos últimos anos. A previsão da Associação Brasileira da Indústria Elétricae Eletrônica (Abinee) é de que sejam comercializados no Brasil cerca de 10,1 milhões de máquinas em 2007, volume 23% superior ao do ano passado.

Ainda que de forma menos acentuada, o preço das conexões de banda larga também está em declínio. O valor dos pacotes com velocidadeentre 512 quilobits por segundo (kbps) e 1 megabit por segundo (Mbps) diminuiu 27,2% no período de 12 meses encerrado em junho, mostra levantamento feito pela empresa de pesquisas IDC. E não raramente são essas conexões mais lentas (e baratas) que os donos das lan houses contratam e dividem entre diversos micros.

'As lan houses são um efeito colateral inesperado do programa Computador para Todos, do governo federal', avalia o professor Ronaldo Lemos, coordenador do Centro de de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio. O grupo tem feito um trabalhode campo em favelas do Rio para estudar esse processo.

Nas últimas semanas, o Valor percorreu as favelas da Rocinha, no Rio, e de Heliópolis e do Jaguaré, na capital paulista. Deparou-se com lan houses quase sempre cheias, lojas recém-inauguradas e outras tantas em fase de expansão.

Em breve, o depósito do mercadinho de Sonrisal vai perder mais alguns metros quadrados para o mundo da internet. 'Hoje tenho 14 computadores. Vou reformar aqui e colocar mais 24', afirma o comerciante, quase 30 anos depois de ter deixado o sertão do Ceará com o único objetivo de juntar dinheiro para comprar uma câmera fotográfica Rolleyflex.

O cantor de forró Miguel Silva e um primo de sua esposa, o estudante Luciano Santos, de apenas 17 anos, aproveitaram os fundos de uma papelaria da família e abriram neste ano uma lan house na favela do Jaguaré, Zona Oeste de São Paulo. Começaram com seis computadores, agora já têm dez e só não compram mais porque não têm onde colocá-las. 'Vêm umas 70 pessoas por dia aqui. Tem gente que paga adiantado para o mês todo', diz Santos, que fez curso de informática no Senai e vai prestar vestibular paraengenharia civil.

Jovens como Santos estão por trás de muitas dessas lan houses. 'Tiro entre R$ 950 e R$ 1,2 mil por mês, mais do que ganhava na fábrica', diz Marcos Marciel, de 21 anos, que trabalhava como prensista numa metalúrgica antes de abrir a Helipa, há dois meses, numa ruazinha estreita de Heliópolis.

Aos 20 anos, Bruno Borges, da Rocinha, tem uma lan house com 13 computadores, e está instalando a segunda, que terá oito máquinas. O pai deu dinheiro para ele montar e administrar o negócio, que complementa a renda proveniente de seu trabalho como vendedor numa loja de artigos esportivos do Leblon.

Trajetória não muito diferente é de Davison, de 25 anos, que faz questão de se apresentar apenas pelo primeiro nome. Com o conhecimento em informática aprendido na escola, ajudou sua família e um sócio a montar uma lan house naRocinha em 2000. Ele e o pai acabaram comprando a parte do sócio e agora ampliam o negócio.

A demanda é forte. Cobrando geralmente entre R$ 1 e R$ 2 por hora, as 'lans' estão sempre cheias – têm clientela cativa -, a despeito da presença de telecentros municipais e estaduais queoferecem uso gratuito nas periferias. Centros de acesso pago são a principal forma de conexão dos brasileiros das classes D e E à rede mundial de computadores: representam 48,08% do total, segundo dados do Comitê Gestor da Internet (CGI).

As lan houses surgiram na Coréia do Sul, em meados dos anos 90, como locais onde as pessoas se reuniam para jogar em rede. Foi com esse perfil que chegaram ao Brasil, dois anos depois. À medida que a internet disseminou-se entre os mais ricos, o mercado ganhou novas características. Esses estabelecimentos migraram para a periferia e lá os jogos cederam espaço para a navegação na web, oferecendo oportunidades de trabalho, conhecimento e diversão.

O lazer de alguns é fonte de renda para outros. A cabeleireira Raimunda Bandeira Carvalho, de Heliópolis, cismou com os hábitos do filho Rafael, de 17 anos, que não largava mais o computador. Em abril, foi até uma loja da Casas Bahia e comprou no crediário os seis micros que instalou de improviso na entrada de seu salão de beleza. 'Tem noites em que a fila de espera chega a três horas', conta Rafael, que cuida do negócio.

O resultado disso éque aos poucos os hábitos da comunidade vão mudando. Desempregada há meses, Marluci Veríssimo da Silva, de 49 anos, se cansou de ouvir falar 'nessa tal internet' e agora está disposta a fazer um curso que lhe ensine a usar o computador. 'Não sei nada disso, mas tenho que aprender. A gente temque atender o mundo das exigências.
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As lições da TV móvel na Coréia do Sul

Use o metrô de Seul ou dê uma volta de ônibus pelas ruas da cidade e você verá passageiros vidrados em seus telefones celulares, com os fones de ouvido em funcionamento. Eles estão assistindo TV. Desde que os primeiros serviços foram lançados em 2005, a televisão móvel ganhou mais de 7,5 milhões de clientes no país. Os sinais chegam por meio de transmissões terrestres e via satélite, uma abordagem muito mais eficiente que o envio de feixes de dados individuais para o aparelho de cada um dos telespectadores, como acontece na maioria dos outros países.

Dos 6,3 milhões de usuários do serviço terrestre, que é gratuito, cerca de um terço acompanha a programação em seus celulares; o resto, em telas instaladas em automóveis ou outros aparelhos portáteis. Outra parte do público, de 1,2 milhão de pessoas, usa o serviço de TV por satélite, que custa cerca de US$ 11por mês. O governo prevê que até o fim de 2008 o número de usuários terrestres vai alcançar a casa dos 10,8 milhões e o número de assinantes da TV por satélite crescerá para 2,8 milhões. Em outras palavras, mais de um quarto da população estará sintonizada.

A SK Telecom, maior operadora de telefonia móvel do país, vem estimulando o serviço por satélite, que é oferecido por sua subsidiária TU Media. Ela já investiu cerca de US$ 435 milhões no serviço e precisa de 2,5 milhões de clientes para equilibrar suas contas, afirma Kwang Heo, da TU. Seus clientes são principalmente homens jovens que adoram esportes. Novelas e programas de variedades antes estavam disponíveis somente com uma defasagem de tempo em relação à exibição normal, mas em julho a TU firmou um acordo com a MBC, maior rede privada de TV da Coréia do Sul, para o fornecimento de programação ao vivo.

Enquanto isso, as duas principais concorrentes da SK Telecom, a KTF e a LG Telecom, vêm estimulando o serviço terrestre gratuito. A KTF não pode cobrar pelo serviço, mas acredita que a TV móvel vai trazer novos clientes e permitir a ela vender celulares e planos de serviços mais caros. As novelas e os boletins noticiosos são os programas mais populares, segundo a KTF. Os provedores do serviço terrestre reclamam que a receita de propaganda ainda não cobre seus custos. A MBC diz que precisa chegar a 10 milhões de usuários de seu canal dedicado à TVmóvel para equilibrar as contas. Os vencedores incontestes dessa briga são os fabricantes de celulares Samsung e LG, que estão vendendo muitos telefones novos e mais caros, segundo Ahn Taegho, da MBC.

Mas mesmo que a TV móvel se mostre um sucesso na Coréia do Sul, isso não é necessariamente um bom presságio para serviços semelhantes de outras partes do mundo. Em grande medida, o rápido crescimento coreano se deve ao governo do país, que estabeleceu padrões tecnológicos, alocou espectro e insistiu em um serviço terrestre gratuito para promover sua difusão – coisasque não deverão ocorrer na Europa ou nos Estados Unidos.