Práticas de educomunicação ganham visibilidade no estado

A educomunicação mostra sinais de que vem sendo aceita como um campo capaz de articular agentes culturais e sociais em torno de projetos de transfomração social. Foi o que ficou evidenciado em Salvador, durante o 2o. Seminário Baiano de Radiodifusão Comunitária, ocorrido entre 29 e 31 de agosto, no espaço do Centro de Cultura da Câmera dos Vereadores de Salvador, no centro histórico.

O evento que contou com a presença de instituições e personalidades do primeiro setor (área governamental) e do terceiro setor (espaço de atuação das ONGs). A iniciativa coube à REBECA – Rede Brasileira de Educomunicação Ambiental, ao Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Rádio, TV e Publicidade da Bahia e à Associação de Rádios Alternativas e Comunitárias da Bahia – SINTERP, com o apoio do SESC, SENAC, SEBRAE, IPRAJ e Sindicato dos Jornalistas do Estado da Bahia – SINJORBA, num trabalho articulado pela jornalista Simone Moraes.

O encontro notabilizou-se por reunir, numa mesma mesa-redonda, de um lado, representantes do Ministério das Comunicações (na pessoa de Zilda Beatriz, da Secretaria de Serviços de Comunicação Eletrônica) e da Casa Civil da Presidência da República (na pessoa de Carlos Freire Resende, Diretor do Departamento de Outorga de Serviços), que tiveram espaço e tempo para apresentar os pontos de vista do governo e, de outro, lideranças do movimento em favor da multiplicação dos canais comunitários (notadamente Joaquim Carvalho, representante da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias – ABRACO e Manoel Ávila, presidente da Associação de Rádios Alternativas e Comunitárias da Bahia-ARCOBA) que criticaram com veemência a forma com que Brasília trata os pedidos protocolados, inibindo o desenvolvimento de uma política democrática de comunicação para o país.

Para os participantes do evento, pessoas que trabalham com comunicação comunitária no estado da Bahia, houve uma contribuição em conhecimento e a interação das experiências de cada um somada é um estímulo para a continuidade dos trabalhos nos meios de comunicação comunitários. Como o depoimento de Edmilson Sacramento: “Participei do seminário de Radio Comunitária e aproveito para parabenixzá-las pela efetivação do evento. Sou integrante da Comissão Civil de acessibilidade de Salvador – COCAS e dirijo a ong ARCCA (Acesso e Reintegração a Comunicação, Cultura e Arte. Sou também um rádio apaixonado, educador e pesquisador na área da comunicação livre e comunitária. Aprendi muito com o Seminário e espero poder compartilhar idéias e ações para uma comunicação cidadã.”

Educomunicação

O seminário dedicou tempo para refletir sobre educomunicação e ouvir experiências bem sucedidas de práticas educomunicativas através do uso do rádio. O tema da educomunicação apareceu na palestra de abertura, quando o conferencista, Prof. Ismar Soares, do NCE/USP, lembrou a importância de se reverter o paradigma funcionalista que dá suporte às políticas de comunicação, introduzindo, na prática social, o paradigma das mediações culturais, num trabalho articulado que leve em conta a busca de apoio dos demais setores da população para o trabalho que emerge das bases da sociedade, principalmente o apoio da nova geração, constituída pela infância e pela juventude, enfatizando: “Foi o que ocorreu com o projeto Educom.rádio, que levou a linguagem radiofônica a 455 escolas do município de São Paulo.

A partir de uma aliança entre educadores e comunicadores, especialmente radialistas, um número significativo de professores e estudantes pode vivenciar a prática do planejamento de uma comunicação dialógica no contexto do espaço escolar, ampliando o número das pessoas empenhadas em lutar pelo direito à comunicação e ao acesso universal aos recursos da informação”.

O professor comentou, ainda, que o próprio conceito de educomunicação nasceu a partir de pesquisas realizadas junto ao movimento social, dando conta de que o que era considerado como “alternativo” nos meados do século XX passa a ser considerado como opção relevante e de primeira linha, nos dias atuais, gerando uma demanda específica, até mesmo pelo mercado de trabalho. Deu, como exemplo, o recente reconhecimento do campo da educomunicação por órgãos da mídia, como o Canal Futura e o Jornal da Tarde, do Grupo Estado, ou pelas políticas públicas, através de ações de ministérios como o da Educação e o do Meio Ambiente e, mais recentemente, pelo próprio meio universitário, como ocorreu no caso da criação de uma Licenciatura em Educomunicação, na ECA/USP.

A educomunicação foi, ainda, objeto de uma das oficinas mais concorridas do encontro, ministrada por Francisco Assis, do Ministério do Meio Ambiente, que contou com a colaboração de Janete Reis. Por outro lado, várias das entidades presentes ao evento declararam conhecer e empregar o conceito em suas atividades, como foi o caso da CIPÓ, representada, no encontro, por Danielle Rocha, e do MOC, representado por um de seus coordenadores, Klaus Mimikuber.

É importante lembrar que NCE/USP, a Cipó e o MOC fazem parte da Rede CEP – Comunicação, Educação e Participação, com sede em São Paulo, que adota a educomunicação como filosofia de trabalho. Durante o evento, o tema da relação entre a comunicação e a educação foi objeto, ainda, das exposições de Airton Medeiros (Escola Brasil), Manina Aguiar (Centro das Mulheres do Cabo, de Pernambuco e represente da AMARC), Adriana Vieira (SESC nacional) e Maria Clara (SENAC Nacional), ambas articuladoras do projeto Sintonia.

Fórum

Durante o 2º. Seminário, uma série de compromissos foram assumidos pelos participantes, destacando-se o convite do Deputado Estadual Javier Alfaya, no sentido de que as pessoas envolvidas com a experiência das rádios comunitárias se integrem ao fórum a ser criado na Assembléia Legislativa do Estado da Bahia, para discutir políticas de comunicação e propostas especificas de ampliação do direito à expressão no Estado da Bahia. Educomunicação socioambiental.

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