Mercado Linux vive aquecimento e gera oportunidades de carreira

A demanda de profissionais Linux pelas empresas e de interessados em cursos pelos centros de treinamentos é promissora. Dados do IDC de 2006 revelam que a base instalada Linux no Brasil, cresce 30% ao ano e já está em 64% das empresas brasileiras, um crescimento superior a 50% em relação a 2004.

Este instituto de pesquisas prevê ainda que o segmento continue em expansão a uma taxa média de 30% da base instalada ao ano, superior à área de TI como um todo, que deve crescer de 13% a 14%. Serviços ligados a Linux representam 49% do total de mercado. Até 2009 serão abertas 630 mil novas vagas em TI na América Latina, 466 mil em softwares, sendo 210 mil no Brasil. Atualmente são 892 mil empregos no país, sendo 657 mil em programas de computador.

De acordo com Célio Antunes, presidente do Grupo Impacta Tecnologia, maior centro de treinamento e certificação em TI da América Latina, o mercado mundial de Linux movimentará US$ 35 bilhões em 2008. “Nossa linha de treinamentos em software livre tem crescido mais de 20% ao ano. Treinamos uma média de 400 alunos por mês nestas plataformas”, revela.

O Fórum Internacional de Software Livre (FISL), realizado em abril deste ano, em Porto Alegre, e alguns outros movimentos no mercado, alertaram para a quantidade de oportunidades que o mercado de Linux e software livre trazem para profissionais e empresas. Esta tendência tem se mostrado forte no mercado de trabalho: há vagas abertas, o salário é alto, os cargos têm prestígio e sempre há a chance de aprimorar a carreira no exterior.

No FISL, o assunto foi um dos principais discutidos em meio às palestras técnicas. Sady Jacques, um dos coordenadores deste Fórum, disse que o Brasil deve ser referência em software livre e a qualidade dos técnicos e desenvolvedores locais deve ser a chave para o crescimento. “Acredito que hoje o Brasil já seja um pólo exportador de especialistas e desenvolvedores em código aberto. Cada vez mais temos visto pessoas indo para a Europa e outros lugares do mundo a convite de empresas para trabalhar em projetos open source”, disse.

Outras empresas envolvidas nesse mercado sustentam que nunca o profissional Linux esteve tão valorizado. A demanda alta trouxe o primeiro curso de certificação da Novell; e a Mandriva Conectiva, por exemplo, teve de buscar profissionais com conhecimentos avançados em Linux e experiência em treinamentos para ministrar seus cursos oficiais em entidades parceiras das cidades de Cuiabá e Porto Alegre.

A fabricante de computadores Dell, que recentemente anunciou que vai produzir notebooks com Linux, também teve de sair à caça de profissionais. Em março último, a companhia precisava reforçar o time de desenvolvedores de software com 70 contratações – entre as vagas em aberto existiam muitas para os sistemas operacionais Linux.

Em Goiás, a prova do Tribunal de Justiça do Estado, teve em seu conteúdo 10% de perguntas sobre o Linux. Nos concursos públicos deste estado o índice de procura por profissionais em Linux está aumentando.

David Barzilay, gerente de marketing da Red Hat, líder mundial em soluções open source, afirma que o profissional Linux é bem pago e muito requisitado no mercado porque as empresas estão buscando esses talentos para reduzir custos e pirataria, bem como tentar aproveitar melhor o parque de hardware já existente.

Um exemplo dessa estratégia é o Dataprev, serviço de dados da Previdência Social, que decidiu migrar sua base tecnológica de Windows para Linux. O software livre é usado há mais de nove anos e só na substituição de licenças Office para BROffice, nas 25 mil máquinas em questão, as economias foram da ordem de R$ 35 milhões.

A atual demanda contribui para que o Linux ganhe força. A comunidade é reconhecida pela troca de conhecimento entre seus membros. Por isso, quanto mais pessoas entram nela e a fazem crescer, mais inovações e soluções a comunidade é capaz de gerar.

Não se tem números exatos sobre as oportunidades abertas, mas os especialistas e executivos do mercado concordam que elas são promissoras. O Dataprev já tem 1650 servidores rodando soluções abertas Red Hat e Debian e ainda pretende substituir as plataformas de correio eletrônico Exchange e Outlook, da Microsoft, e suas soluções de banco de dados para o código aberto. Essa substituição gera a necessidade de suporte técnico especializado e mão-de-obra qualificada.

As certificações nesse segmento são fundamentais. A profissão não é regulamentada, não tem conselho e desta forma seu exercício é livre. Ela independe de diploma ou comprovação de educação formal, resultando em auto-regulação da área. A certificação garante, para os gestores e empresários, que aquele profissional contratado é qualificado. Quando um treinamento é “top de linha”, a garantia de qualificação do profissional é maior ainda. No Brasil, já foram aplicadas cerca de quatro mil provas para certificação Linux Professional Institute (LPI) desde 2002.

Empresas como Globo, Ecovias, Correios, Banco do Brasil, Accenture, Siemens, Unimed, Merk Sharp & Dohme, Bradesco, Telefônica, Sabesp, Itaú, USP, Epson, Ericsson, NEC e Serasa são algumas das que capacitaram seus colaboradores nos mais de 20 cursos Linux, Java, J2EE e PHP da Impacta.

Outra vantagem do sistema Linux é que ele é baseado em padrões abertos e provém uma constante troca de informações de uma comunidade imensa de técnicos. Com isso, uma pessoa com conhecimentos em uma distribuição (Red Hat, SuSe, Conectiva, etc.) tem plenas condições de trabalhar com outra. Isso potencializa ainda mais as oportunidades de carreira.

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