Emissoras comerciais e públicas apontam caminhos distintos

As principais TVs comerciais e públicas brasileiras mostraram diferentes focos em encontro que discutiu as novidades da implantação do sinal digital para a televisão. O debate aconteceu na última sexta-feira, dia 6, no Rio de Janeiro, (RJ), em IV Fórum Brasileiro de TV Digital promovido pelo Instituto de Estudos de Televisão. O encontro foi marcado pela presença dos principais executivos de cada emissora, além de especialistas sobre o tema. Após aproximadas dez horas de discussão, esclareceu-se o modelo de negócios a ser escolhido pelas redes privadas. Profissionais da TV Globo, Record, SBT, Bandeirantes e Rede TV! expuseram planos semelhantes sobre a necessidade e reflexos da implantação do serviço no Brasil. Embora cada uma delas tenha apresentado diferenciais, o ponto comum fincou a preocupação em oferecer a interatividade e o benefício da alta definição em imagens, HDTV, como principais benefícios ao telespectador.

A monoprogramação também obteve destaque durante as conversas entre as redes comerciais. Foi unânime a decisão anunciada de que elas apostarão na programação única de um canal, ao invés de disponibilizar várias opções simultâneas. De acordo com a diretora da Divisão de Engenharia de Transmissão e Apoio às Afiliadas da Rede Globo, Liliana Nakonechnyj, o motivo da escolha é a movido pela intenção de "primar pela qualidade na imagem" baseada na tecnologia do HD (alta definição). Apesar disso, não foi descartada a possibilidade futura de oferecer a multiprogramação futuramente.

 

TV Pública

A presença do assessor Especial da Secom – Secretaria de Estado de Comunicação Social -Arnaldo César, representou a posição do Governo no processo de criação da nova rede de TV pública. Apesar de existir desde meados da década de 1960, estas redes de comunicação não têm até hoje condições de sustentabilidade no mercado. Corriqueiras crises econômicas e de identidade levam muitas a encerrar suas atividades. Atualmente, existem cerca de 20 delas no Brasil. Seu objetivo principal é o foco no cidadão ao oferecer conteúdo independente e plural para formar uma melhor massa crítica. O financiamento vem do Governo Federal.

Segundo César, a chegada da TV Pública não tem a pretensão de propor concorrência às emissoras privadas. A idéia é "preencher espaços deixados pelas televisões convencionais". A verba para a estruturação é de R$ 350 milhões anuais, valor similar ao orçamento comercial anual da Band, quarta maior rede de TV do Brasil. Sendo assim, a missão da TV digital assume um papel contrário ao apresentado pelas emissoras privadas. Haverá a multiprogramação em seu conteúdo focado em educação, cultura e informação, ao invés da evolução para uma ferramenta de acesso interativo.

A produção de conteúdo será descentralizada, fato que garantirá a diversidade cultural. Nessa linha, foram lembrados os esforços feitos pela Ancine – Agência Nacional do Cinema – representada no Fórum por seu diretor Leopoldo Nunes. Segundo ele, a convergência de mídias e a relação mais íntima com os produtores independentes são importantes pilastras na solidificação do projeto. O IPTV, sistema que funciona como TV pela internet, é um exemplo. Graças a ele, torna-se possível a demonstração de um projeto que interliga museus espalhados pelo país e os disponibiliza na figura de acervo na Web.

Marco Antônio Coelho, Relações Institucionais da Fundação Padre Anchieta/TV Cultura e a presidente da TVE Brasil, Beth Carmona, incrementaram o debate sobre a comunicação pública. Coelho falou sobre a possibilidade de o processo de transição para o digital acontecer de forma conjunta entre as redes, incluindo também a Rede Brasil.

Por falta de financiamento, o novo sinal não virá em formato de alta definição, como será o das redes privadas. A verba anual da TV Cultura é de R$ 150 milhões, enquanto a TVE recebe por volta de R$ 60 milhões. Coelho lembrou que apesar de ter comercializado parte de seu conteúdo, o valor alcançado pela Cultura foi perto de 10% do total de faturamento e, portanto, não descaracteriza a condição pública de sua emissora. Entre os projetos da TVE, rede pertencente à Acerp, a chegada da digitalização deve aperfeiçoar o programa de educação à distância por meio da integração de mídias e utilização da banda larga.

 

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