“Para democratizar a sociedade a gente tem que democratizar a mídia”, afirmou Gizele Martins, jornalista integrante dos Comunicadores Populares, na mesa de abertura do seminário “Democratização a mídia”. O evento, promovido pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) na sede da entidade, no Rio de Janeiro, no dia 13 de agosto, reuniu ativistas, jornalistas, associações, sindicatos e estudantes para debater os limites à liberdade de expressão e ao direito à comunicação impostos pela concentração da propriedade privada dos meios de comunicação.
Em três mesas de debate, o seminário conseguiu sintetizar as discussões sobre “o discurso único da mídia”, “comunicação poular, livre e independente” e “o Projeto de Lei por uma Mídia Democrática ”. As experiências de jornalismo em veículos como Brasil de Fato, Fazendo Media, Comunicadores Populares, jornal Bafafá e Agência Petroleira, assim como o empenho de entidades como o Intervozes, Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, ABI, a Fale-Rio, o FNDC e o Barão de Itararé na luta pela democratização da comunicação prepararam o terreno para a conclusão do evento com a apreciação da proposta de um projeto de lei de iniciativa popular que defina uma nova legislação regulatória para as comunicações.
As falas trataram da histórica concentração dos meios de comunicação no Brasil e da atual conjuntura. Para Cláudia Santiago, do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), “os meios de comunicação legitimam junto à sociedade as ideias de uma classe”, reproduzindo um “discurso único”. Segundo Theo Machado, do Barão de Itararé, as manifestações de junho no Rio de Janeiro mostraram que há “dois consensos”: o “Fora Cabral” e o “Fora Globo”, sendo que este último representaria o sentimento da necessidade de superar um velho modelo concentrador e conservador de mídia.
A presidenta eleita do Sinjor-RJ, Paula Máiran, vê positivamente o crescimento das lutas pela democratização da comunicação no país. Segundo ela, embora “os profissionais sejam ensinados a não poder ser militantes nem participantes de movimentos sociais, há, por outro lado, o crescimento das conexões entre vários movimentos de comunicações, na luta pela democratização”.
A discussões tocaram também na questão do financiamento dos veículos, visto como ponto relevante para alguns debatedores. Para Machado, “é preciso privatizar empresas como a Globo e Veja e parar de oferecer a elas dinheiro público”.