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STF volta a julgar constitucionalidade da Classificação Indicativa

Considerada fundamental para a proteção dos direitos da criança, Classificação Indicativa entra na pauta do STF no dia 8

Por Helena Martins*

Imagine acordar, ligar a TV e encontrar cenas de violência extrema em todos os programas veiculados por veículos de radiodifusão. Isso poderá ocorrer se a Classificação Indicativaperder sua capacidade de orientar a organização da grade de programação das emissoras. A Classificação Indicativa é um instrumento que indica horários para a exibição de conteúdos que contenham também cenas de sexo ou drogas, a partir da avaliação sobre impactos da exposição de crianças e adolescentes a eles.

Desde 2001, o Supremo Tribunal Federal (STF) analisa a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 2404, que pretende revogar o artigo 254 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o qual prevê sanções às emissoras que veiculem conteúdo em horário diferente do recomendado, desrespeitando a Classificação Indicativa.

Na prática, ficaria a cargo apenas das empresas a opção de seguir ou não a indicação. O julgamento, parado desde 2011, foi retomado em novembro do ano passado. Depois de um novo pedido de vistas, feito pelo ministro Teori Zavascki, está previsto para entrar na pauta de votação do STF desta quarta-feira, dia 8.

A situação é perigosa, pois quatro ministros já votaram a favor da ADI, ao passo que apenas um – Edison Fachin – votou pela manutenção do que está previsto em lei.

Diante deste cenário, o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) manifestou-se oficialmente sobre o tema e pediu ao STF “que julgue improcedente a ADI, a fim de assegurar o direito à proteção integral da criança e do adolescente”.

Para o colegiado, que reúne órgãos estatais e do governo federal, bem como organizações populares, a política regulamenta o que está previsto na Constituição Federal, já que esta estabelece que a União deve “exercer a Classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão” (art. 21, XVI).

Tendo em vista não haver análise prévia de conteúdo nem veto à produção e circulação de programas, o CNDH criticou o argumento, em geral utilizado por grupos empresariais contrários à regulação, de que a Classificação cerceia a liberdade de expressão.

“Este Conselho entende, no entanto, que os direitos não são absolutos e que apenas se for tomada como tal é que a liberdade de expressão pode ser considerada atingida pela Classificação Indicativa. Isso porque a restrição promovida pela Classificação é mínima, relacionada exclusivamente ao horário de exibição dos programas, não à livre produção e circulação deles”, diz o texto, que também elenca diversos tratados internacionais que legitimam a política adotada no Brasil desde 2006.

Em um contexto de avanço do pensamento conservador, materializado, por exemplo, na proposta de redução da maioridade penal e na defesa do punitivismo como forma de resolução do problema da violência, o Conselho fez um apelo para que a sociedade defenda os direitos de crianças e adolescentes.

O pedido foi reforçado por outros órgãos que defendem os direitos humanos em um seminário sobre a Classificação Indicativa, realizado em março deste ano, em parceria com o Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes (Conanda), a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) e diversas entidades da sociedade civil.

“Classificação Indicativa não é censura. De modo algum ela interfere na produção de conteúdo. Ela cria um sistema mínimo de proteção aos direitos das crianças. Flexibilizá-la será abrir uma porteira para revogar todos os mecanismos de proteção previstos no ECA”, afirmou o então procurador Federal dos Direitos do Cidadão, Aurélio Rios, também conselheiro do CNDH.

Já o presidente do Conanda, Fábio Paes, destacou: “A Classificação Indicativa é um espaço para assegurar que as crianças não sejam violentadas em seu direito ao desenvolvimento integral”.

A fim de ampliar a mobilização da sociedade em torno da garantia da política e informar sobre os impactos psicossociais que podem ser gerados com a fragilização dela, organizações da sociedade civil encampam a campanha “Programa adulto em horário adulto”.

Por meio de uma parceria com o Avaaz, a petição online intitulada “STF: Proteja a infância, não derrube a Classificação Indicativa!”, uma das iniciativas da campanha, tem sido enviada para milhares de e-mails, a fim de fortalecer o apoio popular à política. Além de coletar assinaturas, a plataforma permite também que sejam enviadas mensagens para cada um dos ministros do Supremo pedindo o apoio deles à continuidade da Classificação.

No site da campanha, coordenada pela Andi – Comunicação e Direitos, Artigo 19, Instituto Alana e pelo Intervozes, também estão disponíveis informações sobre o funcionamento da Classificação Indicativa, o debate jurídico em torno do tema no STF, o posicionamento de organizações e, claro, peças para a agitação da campanha nas redes sociais.

Agora, é a hora de cada um e cada uma assumir o seu papel nesse jogo e mobilizar suas redes de amigos, familiares e parceiros na defesa da Classificação. Temos pouco tempo para isso.

Sabemos, claro, que esse é apenas um instrumento para a garantia de uma mídia que promova e não viole direitos. Como relembrou o procurador Domingos Dresch, no seminário citado, “a existência de uma mídia eletrônica hegemônica, onipresente e pouco regulada é algo perverso para a democracia”.

Não obstante, até para conquistarmos avanços na pauta da regulação da mídia, é necessário dialogar com a sociedade sobre a importância dos mecanismos já existentes e desvelar os equívocos constantes em ataques feitos a eles, como no caso dos argumentos que relacionam qualquer mecanismo de regulação à censura.

Além disso, é preciso apontar os sucessos de políticas como a Classificação Indicativa. Construída e analisada frequentemente de forma participativa, baseada nas melhores práticas de países com maior tradição nessa área, como França e Canadá, ela rapidamente tornou-se conhecida e elogiada por boa parte da população.

Como aponta pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas, em cooperação com a UNESCO, em 2012 (a pedido do Ministério da Justiça), 97% dos pais ou responsáveis por crianças de 4 a 16 anos consideram muito importante ou importante que emissoras de TV aberta respeitem a limitação de horário vinculada à Classificação Indicativa. E 94% consideram que deve existir multa para emissoras que desrespeitarem as regras. Mais informações aqui.

Infelizmente, esses dados não serão apresentados pelos veículos de comunicação que querem, a todo custo, vender produtos e impor modos de vida às audiências, sem se preocuparem com os impactos no orçamento das famílias, na autoestima das crianças ou no impacto de seus conteúdos na construção da personalidade delas. Eles, contudo, sabem que o debate sobre a regulação da mídia no Brasil avança, a duras penas, mesmo no Judiciário.

Exemplo disso foi a decisão tomada pelo Supremo Tribunal e Justiça (STJ), em março, deproibir a publicidade voltada à criança. Embora essa vedação já conste no Código de Defesa do Consumidos, de 1990, e tenha sido objeto de resolução do Conanda, de 2012, que trata de publicidade abusiva, esse era mais um tabu existente no Brasil.

Não à toa, o ministro do STJ que julgou a ação, movida pelo Instituto Alana contra a Bauducco por conta de uma ação de oferta de relógio em troca de embalagens de biscoitos, Herman Benjamin, classificou o julgamento como “histórico”.

“O STJ está dizendo: acabou e ponto final. Temos publicidade abusiva duas vezes: por ser dirigida à criança e de produtos alimentícios. Não se trata de paternalismo sufocante nem moralismo demais, é o contrário: significa reconhecer que a autoridade para decidir sobre a dieta dos filhos é dos pais”, disse o relator em seu voto.

Diante disso, dos riscos que cercam a política da Classificação Indicativa e de tantos outros ataques, é preciso mostrar ao Judiciário e à sociedade em geral que o interesse público deve guiar nossas instituições e a democracia. Já passou da hora de afirmarmos que queremos mais (e não menos) direitos, também nos meios de comunicação.

Antes de sair do nosso blog, não se esqueça de assinar e divulgar a petição em defesa da Classificação Indicativa. Basta clicar aqui.

*Helena Martins é jornalista e representante do Intervozes no Conselho Nacional de Direitos Humanos.

Entidades pedem instalação da CPI da telefonia

As cerca de 100 entidades que participam da campanha Banda Larga É Um Direito Seu! apresentaram nesta segunda-feira, 3/9, ao presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, um ofício de apoio à instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito que busca investigar as tarifas de interconexão da telefonia.

O requerimento para a formação da CPI foi apresentado há um mês – em 8/8 – e está na fila de pedidos semelhantes – o documento conta com 188 assinaturas válidas de parlamentares, acima, portanto, do mínimo exigido de 171. A decisão sobre a instalação cabe, agora, ao presidente Marco Maia.

Além do ofício, há um abaixo-assinado eletrônico (www.abaixoassinado.org/assinaturas/abaixoassinado/9873/1) que também reúne apoio para a abertura das investigações. O objetivo é reunir 100 mil assinaturas – mas até agora constam apenas 237.

A proposta da CPI, conforme defende seu autor, deputado Ronaldo Nogueira (PTB-RS), é verificar o uso da tarifa de remuneração de redes, visto que poderia estar sendo utilizada como forma de limitar a competição no setor de telecomunicações.

Para as entidades “estão sendo violados os mecanismos legais cuja finalidade é a garantia de que a interconexão entre redes de diversos prestadores esteja a serviço da finalidade social que se deve atribuir às redes de telecomunicações – a viabilidade de ampla comunicação”.

“Há práticas abusivas adotadas pelos grupos econômicos com poder de mercado significativo, que cobram dos concorrentes em média R$ 0,40 pelo minuto e R$ 0,03 de seus consumidores. Isto tem distorcido de forma ilegal, ferindo não só o direito dos consumidores ao acesso a serviços públicos e à interconexão, mas também a legislação de proteção à concorrência.”

“Esse cenário se agrava quando constatamos que o atual governo tem centrado nas infraestruturas móveis o foco para o desenvolvimento da banda larga, que se configura como serviço de interesse coletivo e essencial e estratégico para o desenvolvimento econômico e social do país.”

Eleições para o Comitê Gestor da Internet

O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGIbr – www.cgi.br) foi criado em 1995 para coordenar e integrar todas as iniciativas de serviços Internet no país, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados.

Entre as diversas atribuições do Comitê Gestor da Internet destacam-se:

– a proposição de normas e procedimentos relativos à regulamentação das atividades na internet;

– a recomendação de padrões e procedimentos técnicos operacionais para a internet no Brasil;

– o estabelecimento de diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da internet no Brasil;

– a promoção de estudos e padrões técnicos para a segurança das redes e serviços no país;

– a coordenação da atribuição de endereços internet (IPs) e do registro de nomes de domínios usando;

– a coleta, organização e disseminação de informações sobre os serviços internet, incluindo indicadores e estatísticas.

O CGI.br representa um modelo de governança na Internet pioneiro, com base nos princípios de transparência e democracia. Isso, na prática, significa que a sociedade possui vagas no conselho, que são preenchidas através de uma eleição a cada três anos. São 21 membros, sendo 9 representantes do Governo Federal, 4 representantes do setor empresarial, 4 representantes do terceiro setor, 3 representantes da comunidade científica e tecnológica e 1 representante de notório saber em assuntos de Internet.

O primeiro mandato com membros eleitos

Depois de muito penar, e de diversas disputas internas, começa a colheita dos frutos da primeira gestão eleita da história do CGIbr.

– Foram praticamente resolvidos os problemas relacionados à atividade-meio. Os recursos do CGIbr não são mais depositados na FAPESP (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo), mas em nome de uma "ONG espelho" composta pelos mesmos membros do CGIbr. Isso garantiu, inclusive, a certeza de que os recursos não serão contingenciados. A sede foi comprada, foi realizado um inédito planejamento estratégico, as atas das reuniões passaram a ser publicadas no site, as pautas são definidas coletivamente pelos membros do CGIbr, entre outras coisas.

– Através do CETIC.b, o CGIbr passou a produzir periodicamente a mais completa pesquisa sobre indicadores da Internet Brasil.

– O site da ICANN (Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números – www.icann.org.br) agora possui uma versão em português para que possamos acompanhar os debates internacionais sobre a governança da Internet.

– O CGIbr, com o apoio da FGV (Fundação Getúlio Vargas), formulou um Projeto de Lei sobre o tema do spam e o CERT.br é uma referência internacional na área de segurança da Internet.

– O projeto dos Pontos de Troca de Tráfego (PTTs), com a coordenação técnica da RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa), já está operacional em Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. Com isso o tráfego entre as principais infovias brasileiras é otimizado nos pontos de maior fluxo, melhorando a qualidade e reduzindo custos.

– No dia 5 de julho o CGIbr realizará um seminário sobre acervos, com a participação de entidades (públicas e privadas) que já trabalham com a digitalização e a disponibilização de acervos na Internet. O objetivo é que o CGIbr venha a ter uma linha de apoio a projetos desta natureza.

– O CGIbr está no meio do processo de contratação de uma consultoria para confecção de estudo comparado sobre legislações de outros países que tratem do tema da convergência de mídias. O objetivo é estimular o debate sobre um novo marco regulatório.

– Através do GISI (Grupo Interministerial sobre a Sociedade da Informação), o CGIbr influenciou diretamente a posição brasileira na CMSI (Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação), ajudando a tornar o Brasil um dos principais críticos à política norte-americana para a Internet. Esta participação continua agora, com vistas ao IGF (Internet Governance Forum), que será realizado no Rio de Janeiro, em novembro deste ano, e que está sob a organização do próprio CGIbr.

Ainda há muito a ser feito, especialmente na parte de inclusão digital, onde o CGIbr pode e deve estimular o surgimento de redes comunitárias wireless.

Mas, este é um longo caminho, que recém se iniciou e que agora pode sofrer um forte retrocesso. Para garantir seu avanço é necessário, no primeiro momento, qualificar o quadro de eleitores. É fundamental que o maior número possível de entidades comprometidas com o direito humano à comunicação se inscreva para participar do processo eleitoral.

Abaixo, veja como.

Inscrição para as eleições

Até o dia 3 de julho as entidades da sociedade, com no mínimo 2 anos de atuação, podem se inscrever para votarem nos candidatos da sociedade civil. Mobilizar as entidades é tarefa de tod@s comprometidos com o direito humano à comunicação. O processo de inscrição das entidades é simples e deve ser feito através do site https://registro.br/eleicoes-cg/cadastro/ e preencher o formulário para cadastrar a entidade.

Também até o dia 3 de julho é preciso que seja enviado a seguinte documentação:

I – Cópia simples do CNPJ da Entidade;

II – Cópia simples do estatuto de formação da Entidade;

III – Cópias simples das alterações estatutárias ocorridas até a data da publicação deste Edital;

IV – Cópias simples da última ata de assembléia de eleição e da posse da diretoria;

V Procuração, se necessário for, designando o Representante Legal da Entidade para fins deste processo eleitoral; e

VI – Cópia do CPF e da Identidade do Representante Legal.

Todas as informações sobre o processo eleitoral estão em http://www.cgi.br/eleicao2007/index.htm.

Financiamento avança para além da renúncia fiscal

Depois do massacre sofrido na imprensa quando da proposta de criação da Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav) e da derrota na TV digital, o Ministério da Cultura parece ter adotado a estratégia de dar pequenos, mas significativos, passos. Assim tem sido, por exemplo, em relação ao modelo de financiamento do audiovisual, até então totalmente baseado na renúncia fiscal, onde empresas privadas decidem onde e como alocar parte do seu imposto devido. Esse modelo gerou inúmeras distorções como a opção destas empresas em apoiarem quase exclusivamente filmes com divulgação garantida na TV Globo e com presença de atores famosos. Ao mesmo tempo, não havia financiamentos disponíveis para a parte técnica (sonorização, estúdios, efeitos, etc), a distribuição e a exibição.

Aos poucos este modelo vem sendo alterado.

A primeira medida foi a democratização dos editais das estatais, especialmente Petrobras e BNDES, que passaram a diversificar seus recursos, através da regionalização e do apoio a outros formatos, além do longa-metragem de ficção (curtas, documentários, animações, etc).

O BNDES passou a contribuir com esta nova política também com a criação do Programa de Apoio a Cadeia Produtiva do Audiovisual – ProCult (leia o documento clicando aqui), que visa financiar a produção, distribuição, comercialização, exibição e os serviços de infra-estrutura. Ao contrário da renúncia fiscal, nesse caso não se trata de recursos a fundo perdido, mas havendo a necessidade do pagamento do empréstimo (custo financeiro, remuneração do BNDES e taxa de risco de crédito). O primeiro contrato do Procult já foi assinado e visa a construção de um centro de produções pela empresa paulista Quanta.

Também a Agência Nacional do Cinema (Ancine) deverá em pouco tempo divulgar uma Instrução Normativa que prevê recursos incentivados (através das leis 8.685/93 e 10.179/01) para a abertura de salas de exibição em municípios com menos de 1 milhão de habitantes e onde hajam poucas salas.

O próprio Ministério da Cultura (MinC) aparece através do DOCTV (leia o documento clicando aqui), que já realizou 74 concursos estaduais, produzindo 114 documentários (com 3026 horas) exibidos nas emissoras públicas de televisão.

Também a produção não comercial tem merecido atenção.

Os Pontos de Cultura tornaram-se espaços de produção audiovisual de baixo custo, como nos casos retratados pela mostra "Vídeo de bolso" (ver seção Notas) e o projeto dos Pontos de Difusão Digital (leia o documento clicando aqui) que, em seu primeiro edital, selecionou 100 entidades de diversos estados para receber equipamentos digitais de exibição e ter acesso aos acervos da Cinemateca Brasileira e do Centro Técnico Audiovisual (CTAv). Em troca, esta entidades terão que disponibilizar salas de exibição para no mínimo 80 pessoas, com pelo menos duas sessões por semana e 60% de filmes nacionais.

Por fim, a Programadora Brasil (www.programadorabrasil.org.br) se prepara para atender aos circuitos de cine-clubes, de pontos de cultura, de pontos de difusão digital e de escolas. O objetivo é conseguir que o conjunto da produção audiovisual brasileira forneça "permissão de uso" para finalidades não lucrativas, garantindo que este conteúdo possa ser distribuído pelo MinC para o circuito não comercial.

 

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Igreja Universal compra emissoras de TV e Rádio Guaíba e Jornal do Correio do Povo

Em uma negociação-relâmpago que durou menos de dois meses, a Igreja Universal do Reino de Deus, representada pela sua empresa de televisão (Rede Record), concretizou a compra das emissoras de rádio (AM e FM) e televisão Guaíba e do Jornal Correio do Povo, ambos de propriedade, até então, do grupo Caldas Júnior.

No mês de fevereiro a Record já havia concretizado a compra das emissoras gaúchas; em março anunciou também a do Jornal Correio do Povo, diário com tiragem atual de 150 mil exemplares, publicado desde 1894. A transação completa foi estimada em R$ 100 milhões.

Estratégia para enfrentar a concorrência

As aquisições fazem parte de um plano de expansão do grupo ligado à Igreja Universal, que tem investido principalmente no crescimento da Rede Record, a fim de consolidar o segundo lugar na audiência e disputar com a Globo a liderança do mercado de televisão.

Para conquistar seu objetivo nacional a emissora do Bispo Macedo percebeu que seria fundamental travar a disputa também nos estados, consolidando uma programação local, principalmente num estado com fortes características regionais como o Rio Grande do Sul. Entre as prioridades está a produção de programação jornalística e de esportes, com o objetivo de rivalizar com a RBS, representante da Globo na região.

A Record não se manifestou sobre seu acordo com a TV Pampa, até então, sua afiliada na capital e no interior gaúcho. Os contratos entre a Record e a TV Pampa valem até 2008 para a capital e 2009 para o interior.

Concessão pública

O Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul manifestou em nota pública preocupação em relação às aquisições da Igreja Universal. Entre as preocupações expostas, a principal é o tratamento das concessões como se fossem propriedades privadas, e não públicas.

Diz um trecho da nota:

“(…) Todos sabem que a operação de emissoras de rádio e TV dependem de concessão pública definida e delimitada em lei federal. Se, por qualquer razão, o permissionário não está mais interessado em operar, deve devolver sua licença ao Ministério das Comunicações e negociar apenas o patrimônio físico – prédios e equipamentos. Neste caso, como em todos os "negócios" que ocorrem no Brasil, os donos da mídia privada vendem as concessões públicas com toda a liberdade e cumplicidade do governo federal. Ganham dinheiro com o que não é seu, mas de toda a sociedade brasileira. Pergunta-se: para que serve a lei? (…)”

> Clique aqui e leia a íntegra da nota, reproduzida pelo Observatório da Imprensa.

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