As lições da TV móvel na Coréia do Sul

Use o metrô de Seul ou dê uma volta de ônibus pelas ruas da cidade e você verá passageiros vidrados em seus telefones celulares, com os fones de ouvido em funcionamento. Eles estão assistindo TV. Desde que os primeiros serviços foram lançados em 2005, a televisão móvel ganhou mais de 7,5 milhões de clientes no país. Os sinais chegam por meio de transmissões terrestres e via satélite, uma abordagem muito mais eficiente que o envio de feixes de dados individuais para o aparelho de cada um dos telespectadores, como acontece na maioria dos outros países.

Dos 6,3 milhões de usuários do serviço terrestre, que é gratuito, cerca de um terço acompanha a programação em seus celulares; o resto, em telas instaladas em automóveis ou outros aparelhos portáteis. Outra parte do público, de 1,2 milhão de pessoas, usa o serviço de TV por satélite, que custa cerca de US$ 11por mês. O governo prevê que até o fim de 2008 o número de usuários terrestres vai alcançar a casa dos 10,8 milhões e o número de assinantes da TV por satélite crescerá para 2,8 milhões. Em outras palavras, mais de um quarto da população estará sintonizada.

A SK Telecom, maior operadora de telefonia móvel do país, vem estimulando o serviço por satélite, que é oferecido por sua subsidiária TU Media. Ela já investiu cerca de US$ 435 milhões no serviço e precisa de 2,5 milhões de clientes para equilibrar suas contas, afirma Kwang Heo, da TU. Seus clientes são principalmente homens jovens que adoram esportes. Novelas e programas de variedades antes estavam disponíveis somente com uma defasagem de tempo em relação à exibição normal, mas em julho a TU firmou um acordo com a MBC, maior rede privada de TV da Coréia do Sul, para o fornecimento de programação ao vivo.

Enquanto isso, as duas principais concorrentes da SK Telecom, a KTF e a LG Telecom, vêm estimulando o serviço terrestre gratuito. A KTF não pode cobrar pelo serviço, mas acredita que a TV móvel vai trazer novos clientes e permitir a ela vender celulares e planos de serviços mais caros. As novelas e os boletins noticiosos são os programas mais populares, segundo a KTF. Os provedores do serviço terrestre reclamam que a receita de propaganda ainda não cobre seus custos. A MBC diz que precisa chegar a 10 milhões de usuários de seu canal dedicado à TVmóvel para equilibrar as contas. Os vencedores incontestes dessa briga são os fabricantes de celulares Samsung e LG, que estão vendendo muitos telefones novos e mais caros, segundo Ahn Taegho, da MBC.

Mas mesmo que a TV móvel se mostre um sucesso na Coréia do Sul, isso não é necessariamente um bom presságio para serviços semelhantes de outras partes do mundo. Em grande medida, o rápido crescimento coreano se deve ao governo do país, que estabeleceu padrões tecnológicos, alocou espectro e insistiu em um serviço terrestre gratuito para promover sua difusão – coisasque não deverão ocorrer na Europa ou nos Estados Unidos.

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