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Maria Rita Kehl é demitida de O Estado de S.Paulo

[Título original: Maria Rita Kehl: 'Fui demitida por um 'delito' de opinião']

 

A psicanalista Maria Rita Kehl foi demitida pelo Jornal O Estado de S. Paulo depois de ter escrito, no último sábado (2), artigo sobre a "desqualificação" dos votos dos pobres. O texto, intitulado "Dois pesos…", gerou grande repercussão na internet e mídias sociais nos últimos dias.

 

Nesta quinta-feira (7), ela falou a Terra Magazine sobre as consequências do seu artigo:

 

– Fui demitida pelo jornal o Estado de S. Paulo pelo que consideraram um "delito" de opinião (…) Como é que um jornal que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?

 

Veja trechos do artigo "Dois pesos". Leia abaixo a entrevista:

 

Maria Rita, você escreveu um artigo no jornal O Estado de S.Paulo que levou a uma grande polêmica, em especial na internet, nas mídias sociais nos últimos dias. Em resumo, sobre a desqualificação dos votos dos pobres. Ao que se diz, o artigo teria provocado conseqüências para você…

E provocou, sim…

 

Quais?

Fui demitida pelo jornal O Estado de S.Paulo pelo que consideraram um "delito" de opinião.

 

Quando?

Fui comunicada ontem (quarta-feira, 6).

 

E por qual motivo?

O argumento é que eles estavam examinando o comportamento, as reações ao que escrevi e escrevia, e que, por causa da repercussão (na internet), a situação se tornou intolerável, insustentável, não me lembro bem que expressão usaram.

 

Você chegou a argumentar algo?

Eu disse que a repercussão mostrava, revelava que, se tinha quem não gostasse do que escrevo, tinha também quem goste. Se tem leitores que são desfavoráveis, tem leitores que são a favor, o que é bom, saudável…

 

Que sentimento fica para você?

É tudo tão absurdo… A imprensa que reclama, que alega ter o governo intenções de censura, de autoritarismo…

 

Você concorda com essa tese?

Não, acho que o presidente Lula e seus ministros cometem um erro estratégico quando criticam, quando se queixam da imprensa, da mídia, um erro porque isso, nesse ambiente eleitoral pode soar autoritário, mas eu não conheço nenhuma medida, nenhuma ação concreta, nunca ouvi falar de nenhuma ação concreta para cercear a imprensa. Não me refiro a debates, frases soltas, falo em ação concreta, concretizada. Não conheço nenhuma, e, por outro lado…

 

…Por outro lado…?

Por outro lado a imprensa que tem seus interesses econômicos, partidários, demite alguém, demite a mim, pelo que considera um "delito" de opinião. Acho absurdo, não concordo, que o dono do Maranhão (senador José Sarney) consiga impor a medida que impôs ao jornal O Estado de S.Paulo, mas como pode esse mesmo jornal demitir alguém apenas porque expôs uma opinião? Como é que um jornal que está, que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?

 

Você imagina que isso tenha algo a ver com as eleições?

Acho que sim. Isso se agravou com a eleição, pois, pelo que eles me alegaram agora, já havia descontentamento com minhas análises, minhas opiniões políticas.

Profissionais do Jornal do Brasil reclamam de falta de informações

Os repórteres do Jornal do Brasil criticam a falta de informação da empresa sobre o fim da edição impressa do veículo. Os jornalistas dizem que só ficaram sabendo do encerramento da publicação por meio de notícias divulgadas em outros veículos. Os profissionais preferiram não se identificar, e aguardam um comunicado na intranet da empresa ou que a informação seja dada pessoalmente por alguém da direção.

De acordo com duas fontes, o clima na Redação é relativamente normal, e os jornalistas estão tentando manter o profissionalismo, já que a informação de que a empresa investirá apenas na edição online ainda não foi dada internamente.

Uma das fontes negou a informação divulgada pelo O Globo de que dois funcionários teriam passado mal com a notícia. “É compreensível que isso aconteça, mas ainda não aconteceu nada do tipo”.

Para outra jornalista, que diz que os repórteres trabalham normalmente, o clima não tem sido bom. “Pra mim, particularmente, o clima não está bom porque tenho um apego muito grande ao jornal”, lamentou.

Outro repórter confirmou que o último salário dos profissionais estaria atrasado. “Na sexta-feira (09/07) recebemos apenas R$ 800,00 do pagamento de junho e ainda não há previsão de quando devemos receber o restante”, explicou.

Sindicato deve acompanhar situação

O vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, Rogério Marques Gomes, disse que atrasos salariais no Jornal do Brasil eram constantes, mas que depois a empresa regularizava a situação com os funcionários. Para Gomes, o problema é outro. “A maior irregularidade do JB é a contratação de um grande número de jornalistas como Pessoa Jurídica (PJ)”.

Gomes lamentou a situação e disse que o sindicato está de “luto” pela decisão de Nelson Tanure, que anunciou a intenção de manter apenas a versão online do jornal. “Posso dizer que estamos de luto. É uma situação lamentável. Isso é péssimo para a democracia, porque o Rio de Janeiro fica numa situação de transmitir praticamente uma opinião só, a do grupo Globo”, destacou.

O dirigente afirmou que pretende se reunir com os demais membros da diretoria do sindicato para discutir os passos que devem ser tomados a partir de agora. “Estamos pensando em fazer alguma coisa para que essa decisão não se concretize, o que parece difícil, mas perder o JB é perder uma parte da história do Brasil”.

Caso o anúncio de Tanure se concretize, a entidade pretende acompanhar a situação dos jornalistas de perto. “Vamos acompanhar rigorosamente de perto, pra que não aconteça o que aconteceu com a TV Manchete”, enfatizou.

Tanure confirma fim da versão impressa do Jornal do Brasil

O empresário Nelson Tanure confirmou que o Jornal do Brasil deixará de circular na versão impressa e passará a contar apenas com a versão online. A data da última edição do jornal será divulgada entre quarta e quinta-feira desta semana.

O fim da edição impressa se deve às dívidas acumuladas pelo jornal, estimadas em R$ 100 milhões, além da queda na circulação. Tanure chegou a procurar um comprador para o jornal, mas não o encontrou e decidiu manter o veículo apenas na internet.

“A decisão de acabar com o papel está sendo tomada esta semana. Teremos uma decisão na quarta-feira ou na quinta-feira. Provavelmente, seremos o primeiro jornal a estar apenas na internet. É algo que está acontecendo no mundo todo”, afirmou Tanure em entrevista ao O Globo.

O empresário confirmou também que demitiu o presidente do JB, Pedro Grossi, que defendia a manutenção da versão impressa. “Eu demiti o Pedro Grossi porque ele era a favor de continuar no papel”.

Grossi comunicou seu afastamento em carta enviada ontem (12/07) aos editores e diretores do jornal. No entanto, ele só deixará o cargo de diretor-presidente quando a empresa anunciar o fim da edição impressa.

O Jornal do Brasil é um dos mais antigos do país, com a primeira edição publicada em 1891. Atualmente, o veículo conta com 180 funcionários, sendo 60 jornalistas na Redação. O jornal circula com tiragem de 17 mil exemplares durante a semana e de 22 mil aos domingos.

Com informações de O Globo.

Sindicato diz que compra do grupo O Dia pela Ongoing acontece em momento ‘propício’

O Sindicato dos Jornalistas da cidade do Rio de Janeiro mostrou-se atento à compra do grupo O Dia pela empresa portuguesa Ongoing Strategy Investments, responsável pelo jornal Brasil Econômico. Em nota, a entidade afirma ter esperança de que a situação financeira e dos profissionais da empresa brasileira melhorem após a concretização do negócio.

"É essencial que adotem uma política de pleno emprego, capacitada a gerar postos de trabalho a curto, médio e longo prazo. O mercado carioca de jornalismo não pode ficar restrito apenas a um grande empregado", informa o sindicato.

Além do jornal O Dia, o grupo brasileiro também é responsável pelos jornais Meia Hora e Campeão. O negócio resultou na aquisição de 100% das ações da empresa. O valor da transação gira em torno de R$ 75 milhões.

Segundo o sindicato, a compra acontece em um momento "propício à adoção de ações voltadas para o reposicionamento do jornal", em referência aos dois principais eventos do calendário brasileiro deste ano: a Copa do Mundo da África do Sul e as eleições presidenciais.
 
"O Sindicato acredita ainda que os novos donos do grupo O Dia têm condições para firmar, em caráter definitivo, um compromisso inequívoco e transparente com uma linha editorial capaz de contemplar a pluralidade de informação. É obrigação e dever dos veículos de comunicação garantir a divulgação de notícias com qualidade para os seus leitores, sem favorecer interesses que não sejam aqueles de caráter público", conclui o sindicato.

Circulação dos grandes jornais cai 6% no 1º semestre

Caiu 6% a circulação somada dos 20 maiores jornais diários brasileiros no primeiro semestre, na comparação com igual período de 2008. As maiores quedas foram de O Dia (-24%), Extra, Jornal da Tarde e O Estado de S. Paulo (todos com -17%).

Também registraram perdas Diário de S. Paulo (-11%), Diário Gaúcho (-9%), Meia Hora (-9%), O Globo (-8%), Folha de S. Paulo (-7%) e Super Notícia (-4%).

Na ponta oposta, comemoram crescimento Daqui (37%), Expresso da Informação (14%), Lance (8%), Agora (4%), Zero Hora (3%) e A Tribuna (2%).

Mantiveram-se estáveis – o que no cenário atual é uma vitória – Correio Braziliense, Estado de Minas, Correio do Povo e Valor.

Não houve alterações significativas no ranking, liderado por Folha de S. Paulo (média diária de 296 mil exemplares), Super Notícia (288 mil), Extra (262 mil) e O Globo (260 mil). Em seguida, aparecem O Estado de S.Paulo (215 mil), Meia Hora (203 mil), Zero Hora (184 mil), Correio do Povo (154 mil), Diário Gaúcho (152 mil), Lance (133 mil), Agora São Paulo (88 mil), O Dia (82 mil), Estado de Minas (76 mil), Expresso da Informação (67 mil), Daqui (63 mil), A Tribuna (62 mil) e Diário de S.Paulo (61 mil).

A única novidade é a estreia do Dez Minutos, de Manaus, na 18ª posição, com média diária de 54 mil exemplares – não considerados na conta de queda de 6%, pois foi lançado no final do ano passado.

Fecham a lista: Valor Econômico (54 mil), Correio Braziliense (53 mil) e Jornal da Tarde (49 mil).

A informação é da coluna “Em Pauta” publicada na edição 1370 de Meio & Mensagem, que circula com data de 3 de agosto de 2009.