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Internet permite novas dimensões à prática do bullying

O bullying, um ato violência física ou psicológica praticados para atingir alguém ou um grupo comumente praticado contra crianças no universo escolar, passou a ter novas características e dimensões com o uso da internet.

Diferente da modalidade tradicional, o ciberbullying garante o anonimato e suas vítimas podem sofrer muito mais pela dimensão que o ato pode alcançar. Pesquisa realizada pela Organização Não-Governamental (ONG), SaferNet em 2008 com 875 jovens internautas, constatou que 38% foram vítimas de ciberbullying e 44% dos amigos "reais" já sofreram esse tipo de violência ao menos uma vez.

O psicólogo e diretor de prevenção e atendimento da Safernet Brasil, Rodrigo Negm, explica que a prática do ciberbullying prolonga a ação, anteriormente restrita ao ambiente escolar, por exemplo, quando o professor ou diretor repreendiam o aluno ou grupo que promoviam a violência.

Hoje, um material difamatório postado na internet, mesmo que seja retirado em pequeno espaço de tempo, pode vir a ser reproduzido por outros internautas, causando um transtorno interminável à vida da vítima.

“Na internet a humilhação, que ficava restrita a um âmbito, geralmente escolar, ganha maior dimensão no espaço público da internet. O mundo inteiro pode ter acesso a esse tipo de agressão. A família, os amigos veem essa mensagem. A criança não consegue escapar da agressão, até porque alguém pode guardar esse material e postá-lo novamente”.

O psicólogo dá algumas dicas aos pais que querem saber se os filhos têm sofrido qualquer tipo de agressão do ciberbullying: “sinais de depressão, falta de vontade de ir à escola e brincar com os amigos ou dificuldades para dormir.”

Para conter os crimes do ciberbullying, a SaferNet Brasil em parceria com o Ministério Público e a polícia federal criou um canal de denúncias contra crimes na internet: www.denuncie.org.br. Recentemente foi lançado a rede social que promove o uso consciente do mundo virtual, oferecendo ao usuário algumas discussões no endereço www.netica.org.br .

Rodrigo Negm lembra que é preciso manter o diálogo entre pais e filhos para que a vítima se sinta à vontade para denunciar esse tipo de violência.

“A tecnologia mais importante para combater crimes da internet é a relação de confiança entre pais e filhos. É um recurso que vai além de filtros e bloqueios. As crianças elas devem conversar com os pais e contar com a ajuda deles, caso percebam algum tipo de agressão pela internet".

Uso excessivo da internet por crianças preocupa especialistas

As inovações da era digital, presentes em todas as situações da vida moderna, trouxeram significativas mudanças também na educação das crianças. A internet, os videogames e a TV representam mais hoje uma ferramenta para os pais, que deixam os filhos em casa com suas "babás eletrônicas". Com a facilidade de acesso à informação rápida, as crianças passam a explorar um universo que apresenta oportunidades e riscos.  

A primeira preocupação com o advento da internet é o uso excessivo dessa ferramenta pelas crianças. De acordo com uma pesquisa realizada no ano passado pela organização não governamental (ONG) SaferNet, que entrevistou 2.159 alunos de escolas públicas e particulares, parte desses jovens permanece mais de três horas por dia conectada ao mundo virtual.

O psicólogo e diretor de Prevenção e Atendimento da SaferNet Brasil, Rodrigo Negm, explica que ficar muito tempo conectado na internet, levando em consideração o tempo de estudo e as horas de sono, pode privar a criança de outros hábitos fundamentais para o seu desenvolvimento. “Muitas horas em frente ao computador mostram que provavelmente a criança tem deixado de fazer outras atividades, como, por exemplo, ler um livro, brincar no parque, dormir bem ou simplesmente ter contato com outras crianças.”

Atualmente, muitos pais têm liberado o uso da internet para os filhos para mantê-las mais tempo em casa e, supostamente, protegidos da violência urbana. Os especialistas alertam que o problema dessa postura protecionista está justamente nas redes de contato que as crianças desenvolvem em sites de relacionamento ou salas de bate-papo, e no fato de  não haver acompanhamento dos pais ou responsáveis.  

Apesar disso, Rodrigo Negm afirma que avaliar a internet apenas como uma ferramenta de risco pode ser uma afirmação equivocada, pois muitas crianças desenvolvem vínculos de amizade mais fortes com os colegas de classe a partir das redes sociais. Ele recomenda o uso de filtros (que bloqueiam o acesso a determinadas páginas) ou, o mais comum e prático, que é acompanhar os acessos e navegar junto com os filhos.

Segundo Negm, a internet, como espaço público, oferece oportunidades e riscos. Por isso, é aconselhável que as crianças tenham acesso mediado, recebendo orientação e respeitando-se a singularidade da infância. "Sentar com o filho e verificar que tipo de conteúdo ele tem acessado torna essa relação mais controlada. A confiança entre pais e filhos ainda é a ferramenta mais importante para combater crimes nesse meio.”.

Para conhecer mais detalhadamente essas e outras ações que ajudam os pais a mediar o acesso dos filhos ao mundo virtual, a SaferNet desenvolveu uma cartilha de segurança com orientações para adultos e crianças, que ajuda a explorar a internet com menos riscos. O manual está disponível no site www.safernet.org.br.

Coca-Cola e Avon são notificadas por promoção abusiva

O comercial da promoção Colecione Elogios apresenta um diálogo entre duas meninas elogiando a beleza da mãe. Uma delas, deitada na cama, está com um copo de Coca-Cola nas mãos; a outra, em frente ao espelho, maquia-se com um batom da marca Avon. A campanha comete, inicialmente, três abusos: o de associar o consumo de alimento ou bebida à aquisição de brindes; o de enaltecer qualidades supérfluas, tal como a beleza física; e o de incentivar a erotização precoce ao exibir uma criança usando cosméticos. Do fim de agosto ao início de dezembro, consumidores que juntarem seis tampas dos refrigerantes Coca-Cola e pagarem o valor de R$ 7,50 ganham um kit com produtos da Avon e um copo exclusivo.

O Projeto Criança e Consumo encaminhou notificação às duas empresas em que pede a suspensão da campanha por entender que os anunciantes, entre outras coisas, dirigem-se ao público infantil ao colocar duas atrizes mirins para protagonizar o filme publicitário. Segundo dados da Marplan 2005, 99% das crianças de oito a 12 anos consomem refrigerantes. Pensando nisso, não é surpreendente que um dos públicos da Coca-Cola seja esse. No entanto, o consumo de refrigerantes não é recomendável, principalmente por crianças, por causa do alto teor de açúcar.

A estratégia de marketing das empresas também pode ser considerada ilegal porque caracteriza venda casada, já que os consumidores só podem adquirir o kit por meio da promoção. Essa prática é proibida pelo Código de Defesa do Consumidor