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Debate sobre frequências reúne secretários do MiniCom, Anatel, radiodifusor e tele

Os secretários de telecomunicações, Maximiliano Martinhão, e de Comunicação Eletrônica de Massas, Genildo Lins, estão entre as personalidades presentes ao 28 Encontro Tele.Síntese, promovido pela Momento Editorial, e que acontece em Brasília no dia 25 de outubro. Martinhão fará a abertura, com uma avaliação sobre as necessidades dos serviços móveis para o Plano Nacional de Banda larga.

Em seguida, no primeiro painel, destinado ao debate sobre o melhor uso da faixa de 700 MHz e seu dividendo digital, irá apresentar a posição do Minitério das Comunicações o secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica, Genildo Lins. Participarão ainda desta Mesa, Paulo Ricardo Balduino, diretor da Abert; e Eduardo Levy, diretor-executivo do SindiTelebrasil, além de André Barbosa, assessor da Casa Civil da Presidência, e Francisco Giacomini, diretor da Qualcomm.

Ainda pela manhã será também discutida a melhor modelagem para a licitação da faixa de 450 MHz, com as palestras de Roberto Pinto Martins, superintendente de Serviços Públicos da Anatel, Paulo Mattos, diretor de Regulamentação e Planejamento Estratégico da Oi e Ricardo Tavares, diretor da Ericsson.

À tarde será a vez dos debates sobre as faixas de 3,5 GHz, cujo edital já foi lançado para consulta pública pela Anatel, mas há questionamentos sobre as interferências que o novo serviço podem provocar nas antenas parabólicas de TV; e sobre a faixa de 2,5 GHz, destinada para a 4G, mas que está sendo questionada pelas atuais operadoras quanto à melhor hora para sua venda. Estarão neste debate os diretores da Telefônica/vivo, Marcos Bafutto; da Embratel, Oscar Petersen; e da TIM, Mario Girasole. Além de José Leite, consultor e ex-conselheiro da Anatel e Marcos de Oliveira, gerente-geral da Anatel.

Para a indústria de telecom governo deve estimular debate sobre 700 MHz

Parece um horizonte longínquo aquele em que não haverá mais TVs analógicas em funcionamento no Brasil, mas nem por isso os players de telecom  querem que a discussão sobre o que acontecerá com a faixa de 700 MHz, hoje usada para a radiodifusão, seja postergada. Pelo contrário, para os representantes desses setores presentes em debate na Futurecom quanto antes esse debate acontecer, melhor. Mas a sinergia entre eles acaba aí.

Ricardo Tavares, diretor de assuntos regulatórios da Ericsson, compara a faixa de 700 MHz com o PLC 116. Segundo ele, a tramitação do PLC 116 só foi acelerada quando o governo definiu a banda larga como prioridade. “Temos que ser realistas. Perdemos 5 anos de investimentos em banda larga. O executivo precisa ter um papel de mediador ativo, ou vamos perder mais 5 anos de investimento em banda larga.”, diz ele. O fato de, segundo ele, o governo ter escolhido a banda larga como prioridade já é um indicativo da destinação que deve ser dada à faixa quando ocorrer toda a migração da TV analógica.

Já Frederico Nogueria, vice-presidnete da Band, obviamente discorda das colocações de Tavares. Para ele, há outras destinações possíveis para a faixa como a utilização para a radio AM. “Não há solução tecnológica para a rádio AM que hoje está morrendo”, diz ele, lembrando que há anos a Band propõe que a faixa de 700 MHz seja usada para resolver o problema das operadoras. Já Leila Loria, diretor a de assuntos institucionais da Telefônica aponta para o caminho da conciliação. Para ela, existe a possibilidade de transferência de recursos da venda da faixa paras acelerar a migração para a TV digital. Mas a executiva também fez uma provocação: telecom paga pelo espectro, o que não ocorre na radiodifusão. Nogueira rebateu: "Nós não pagamos pelo espectro mas prestamos o serviço gratuitamente, com qualidade".

O ex-deputado Jorge Bittar, hoje secretário de habitação do Rio de Janeiro, deu sua opinião sobre o assunto.  Para ele, é necessário que escolhe do Brasil seja a opção do resto do mundo, já que a harmonização de frequências é vital para a indústria. “O mundo usa o 700 MHz para a banda larga. Eu acho que a gente deveria pensar seriamente nisso”, diz ele.

Segundo Maximiliano Martinhão, secretário de telecomunicações do Minicom, a faixa não está ainda harmonizada mundialmente e por isso não é preciso nenhum tipo de precipitação no debate. Apenas nos EUA ela foi usada para a banda larga, ainda faltariam as posições da Europa e das Ásia. Vale lembrar que o modelo brasileiro para a alocação das faixas de frequência vem seguindo historicamente o modelo europeu.

 

Radiodifusores contestam necessidade futura de espectro das teles

Como esperado, foi quente o debate no Congresso da SET nesta terça, 23, entre representantes das teles e da radiodifusão sobre o tema do "dividendo digital", o uso das frequências que serão liberadas com o fim das transmissões analógicas de TV, previsto para 2016.

A diretora da área de regulamentação da Telefônica, Leila Loria, reforçou a necessidade de espectro que as teles, sobretudo as móveis, terão nos próximos anos, especialmente na cobiçada faixa dos 700 MHz, a melhor para o serviço de banda larga sem fio, por suas características de propagação. Acontece que é justamente a faixa que será liberada ao fim da transição para a TV digital, e que os radiodifusores querem manter para os serviços de broadcast.

Segundo Leila, a banda larga móvel é quem puxa o crescimento de novos acessos. Dos 46 milhões de acesos à Internet no Brasil, 30 milhões são móveis, diz. Estes devem chegar ao final de 2011 em 40 milhões de acessos, o que somado ao crescimento dos smartphones, geraria grande demanda por banda. "O tráfego de dados na rede deve crescer 80% anualmente até 2015", disse a executiva.

Ela mostrou estudos da UIT (União Internacional de Telecomunicações) dizendo que mesmo a alocação das faixas de 2,5 GHz e 3,5 GHz para os serviços móveis não serão suficientes, e que os 700 MHz são fundamentais. Além disso, completa, é uma faixa mais econômica, que permite a mesma cobertura com um quarto do investimento.

Ela afirmou ainda que os estudos mostram que a alocação destas faixas para a banda larga geram maior aumento no PIB e no emprego.

Contestação

Em seguida, o consultor da Synthesis, Paulo Balduíno, falando em nome da Abert (para quem realizou estudos), contestou as informações, dizendo que a primeira questão a ser definida é o que se chama de "dividendo digital". "É diferente em cada país. Primeiro temos que discutir o futuro que queremos para cada serviço, para depois definir o que é este dividendo", disse.

Segundo ele, a TV só tem esta faixa (700 MHz) para se desenvolver, e os países precisam decidir se a TV aberta é importante ou não. "Nos EUA a TV aberta está em declínio, 91% da população recebe cabo ou satélite, não há necessidade de espectro (para a TV). Na Ásia, África e Brasil é diferente, a TV aberta é importante e há necessidades futuras a serem consideradas", disse.

Excesso

Balduíno então questionou a necesidade de ampliação do espectro das teles. "O Brasil já tem 200 MHz a mais na falxa do SMP (serviço celular) que os EUA, e nossa demanda não é maior que a deles".

Ele diz que este "apetite" se baseia nos estudos da UIT, mas questionou a metodologia destes estudos. "As projeções não levaram em conta fatores sócio-econômicos", disse. Segundo ele, apenas 14 países (8% dos membros) responderam aos questionários do estudo, e que considerou-se uma demanda por acessos de 100 Mbps a 1 Gbps em 2010, o que está muito acima da realidade. Também não foram consideradas, disse, as tecnologias que permitem o uso cada vez mais eficiente do espectro.

 

Anatel pode provocar apagão de parabólicas, dizem redes de TV

Grandes redes de televisão afirmam que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) pode provocar um apagão de 22 milhões de antenas parabólicas residenciais espalhadas pelo país.

A agência vai autorizar o uso das frequências de 3,4 a 3,6 gigahertz (GHz) para oferta de banda larga e de telefonia fixa e celular pela tecnologia de transmissão sem fio Wimax. As parabólicas usam a faixa de frequência contígua, de 3,62 GHz a 3,8 GHz.

A Globo e a Record testaram os equipamentos e constataram interferência na recepção dos canais de TV pelas antenas parabólicas e nas transmissões entre as chamadas cabeças de rede e suas afiliadas e retransmissoras.

Ontem, depois de duas rodadas de negociações com as empresas, a Anatel decidiu encomendar testes de campo antes de publicar o edital de venda das licenças.

Segundo o conselheiro da Anatel Jarbas Valente, se forem confirmadas as queixas das emissoras, o governo vai buscar uma solução técnica antes de iniciar a licitação, que deve ocorrer neste ano.

Além das emissoras de TV, fabricantes de antenas parabólicas e empresas de telefonia alertaram a Anatel para o risco de apagão das parabólicas. Até deputados federais pressionaram a agência.

"A Anatel não pode impor uma medida a fórceps. Só queremos tempo para achar uma solução técnica que permita a convivência dos dois sistemas", diz Rogério Ferraz Camargo, presidente da Orbinova, fabricante de decodificadores para parabólicas.

O movimento começou no início de junho, quando a Anatel colocou a minuta do edital de licitação em consulta pública. A proposta prevê o uso de antenas Wimax com potência de 30 watts, que cobririam uma cidade média.

A tecnologia Wimax já é usada em pequena escala no país, com potência limitada a 2 watts. Radiodifusores dizem que enfrentam a interferência desses equipamentos e são obrigados a pôr filtros nas antenas retransmissoras.

História polêmica

A implantação da tecnologia Wimax tem um histórico de problemas. Em 2002, a Anatel fez uma licitação para uso da frequência de 3,5 GHz. Como a tecnologia ainda era incipiente, a procura foi pequena. Em 2005, a agência anunciou licitação para venda das sobras de frequências, que foi suspensa. No ano seguinte houve nova licitação, revogada pelo TCU (Tribunal de Contas da União).

O edital proposto agora pela Anatel prevê leilão de 565 lotes de frequências. Os vencedores teriam 24 meses para implantar o serviço nas cidades com mais de 100 mil habitantes e 60 meses para atender municípios entre 30 mil e 100 mil habitantes.