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Trabalhadores dos Correios entram em greve nacional

Sem uma resposta satisfatória, o movimento de greve foi visto como único meio de enfrentar a realidade da categoria. Os trabalhadores dos Correios apresentam um dos piores salários entre as estatais, com um piso de 807 reais.

 

De acordo com a página da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o último aumento salarial da categoria foi em janeiro de 2010, ainda referente à campanha salarial do ano anterior.

 

Na pauta de reivindicações, os trabalhadores pedem por um piso salarial de mil e 635 reais. Também lutam por um reajuste de acordo com a inflação e pela reposição das perdas salariais referente aos anos de 1994 a 2010.

 

No entanto, após dois meses de negociação, a empresa manteve a proposta de reajuste em 6,87%. O índice está abaixo da inflação, que de acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese) é de 7,16% .

 

Além da melhora do salário, os carteiros alertam para a falta de funcionários. Afirmam que os mais de 110 mil trabalhadores estão “sobrecarregados e extenuados” pela pressão das demandas.

 

Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect), há hoje um déficit de cerca de 30 mil trabalhadores nos Correios. Para solucionar o problema, sugerem a convocação de novos concursos públicos para contratação de mais funcionários.

Via Campesina pede banda larga, rádio comunitária e casas digitais no campo

Os trabalhadores rurais que participam da Via Campesina em Brasília participaram, nesta quinta-feira (26),  de uma audiência pública com o ministro de Comunicação Social, Paulo Bernardo. No encontro, os movimentos sociais reivindicaram políticas públicas para o campo voltadas à inclusão digital.

A coordenadora de comunicação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Solange Inês, disse  à Rede Brasil Atual que a conversa com o ministro se fundamentou em três eixos principais: a expansão do Plano Nacional de Banda Langa (PNBL) para o campo, a instalação de pontos comunitários de acesso à internet (casas digitais) e a viabilização de rádios comunitárias nos assentamentos.

Mesmo assumindo que os termos gerais do PNBL não agradam os movimentos sociais, Solange disse que só a chegada do plano ao campo já seria uma grande vitória. “O ministro se comprometeu a tentar viabilizar o acesso a todos os municípios onde não há internet, dentro da faixa de R$ 35, incluindo também as áreas rurais”, contou.

Se o PNBL já tem um encaminhamento positivo, o desejo de contar com, no mínimo, 500 casas digitais nos assentamentos parece estar um pouco mais distante. A coordenadora do MST contou que mesmo se comprometendo a instalar os “telecentros” nas comunidades rurais, Bernardo disse que para a iniciação desse processo será necessária uma complementação orçamentária que, segundo ela, poderá sair só em 2012.

Sobre a viabilização das rádios comunitárias, Solange contou que o ministro reconheceu que são necessárias algumas modificações na lei. “O Paulo Bernardo assumiu a necessidade de reformular a lei que trata da abrangência de 25 watts (de potência dos transmissores). Como no espaço rural os espaços são maiores, é necessário mudar essa lei, que está sendo debatida na Câmara Federal”, explicou.

A coordenadora comemorou o primeiro encontro do movimento com um ministro da Comunicação. “Ficamos felizes porque ele (Paulo Bernardo) se mostrou aberto ao diálogo e ao encaminhamento de algumas demandas”, disse Regina. Mesmo com os sinais animadores, a ativista prevê a necessidade de pressionar o governo em torno das reivindicações. “A única forma (de avançar) é fazer a luta, ir para as ruas, fazer mobilizações."

 

 

Debate pela democratização da mídia marca 14 anos da Caros Amigos

Com um debate no Tucarena, em São Paulo, sobre “Os Desafios para a Democratização da Mídia”, a revista Caros Amigos celebrou, nesta quinta-feira (28), seus 14 Anos de circulação. A atividade contou com a presença do presidente da Telebrás, Rogério Santana, e com jornalistas e ativistas da mídia alternativa.

"Não há como ter mundo mais democrático sem imprensa mais democrática”, sintetizou Santana. Segundo ele, a comunicação se tornou mais acessível nas últimas décadas, com o advento do computador pessoal, do telefone celular e da internet —elementos que “afetam a hegemonia da mídia tradicional”.

É preciso, no entanto, investir num plano ousado para expandir e massificar a banda larga no Brasil, dando acesso a todos os brasileiros. A dificuldade é dobrar a força das chamadas teles. “Hoje, 95% da banda larga está na mão de cinco empresas, que investem apenas nas regiões centrais, mais lucrativas.”

Declarando-se “otimista”, Altamiro Borges, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, afirmou que, na luta para democratizar os grandes meios de comunicação, “há uma avanço que, embora lento, é gradual”. Exemplos de conquistas são a Conferência Nacional de Comunicação (2009), o Plano Nacional de Banda Larga (2010) e a recém-criada Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação.

“Somente nesta semana, houve atos em cinco estados pela expansão pública da banda larga e o direito à inclusão digital”, agregou Altamiro. Porém, a presidente Dilma Rousseff se revela, até aqui, “pouco ousada no processo de mudanças” estruturais. “O governo Lula apostou em mudanças sem rupturas. Os movimentos sociais têm de aumentar a pressão se quiserem uma efetiva democratização da mídia.”

Para Bia Barbosa, do Coletivo Intervozes, o oligopólio da grande mídia é outro entrave a ser superado. “A liberdade de expressão que existe para nós é uma liberdade limitada, fora da esfera pública midiática. Oito ou nove famílias têm um poder consolidado. É preciso desprivatizar esse poder.”

Hamilton de Souza, da PUC-SP e da Caros Amigos, sustentou que “a imprensa no Brasil é um instrumento de dominação de classe” — mas “as frentes de lutas têm aumentado”. Há iniciativas que ganham impulso, como “a crítica da mídia burguesa”, “a luta pela regulação e estabelecimentos de direitos”, além do “fortalecimento da comunicação contra- hegemônica”.

Em contrapartida, Raimundo Pereira, da Retrato do Brasil, lamentou a falta de fortes imprensas partidária e popular no país. “A mídia alternativa não debate seu programa hoje”, apontou. A seu ver, o governo Lula pouco fez para mudar esse cenário de concentração midiática. “Ao menos abriu uma janela de publicidade oficial.”

O debate “Os Desafios para a Democratização da Mídia” teve o apoio da PUC-SP e o patrocínio da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) e da Apeoes(Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo).

AMARC lança relatório “Diversidade e Pluralidade na Radiodifusão 2010”

Concentração da posse dos meios de comunicação, criminalização dos veículos comunitários, abuso de poder dos governos na concessão de licenças, letargia do legislativo são algumas das conclusões apontados pelo relatório.

A coordenadora e redatora do relatório, Aleida Calleja, disse em entrevista a agência Adital que a maioria dos países da América Latina não cumpre com as normativas em matéria de liberdade de expressão e radiodifusão adotados pelo Sistema Interamericano de Direitos Humanos.

Aleida citou a Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual aprovada na Argentina como um dos avanços. Nesse caso foram postos limites à concessão das frequências, atingindo os grandes conglomerados de mídia.

O relatório também abordou a participação da sociedade civil, na qual foi observada a formação de grupos que elaboram propostas legislativas alternativas.

A transição para a radiodifusão digital foi apontada como um desafio. Esse momento pode significar uma oportunidade para o avanço da diversidade e pluralidade da radiodifusão, mas também um risco, se não houver mobilização. O relatória está disponível no site da Amarc.