Arquivo da tag: Banda Larga

Telebrás está trabalhando em três diferentes projetos para o PNBL

O presidente da Telebrás, Caio Bonilha, está trabalhando em três dimensões para o Plano Nacional de Banda Larga neste ano: um detalha a implementação de ações dentro do orçamento atual da Telebrás, de R$ 350 milhões; um segundo define ações para um orçamento de R$ 600 milhões e o terceiro, para um orçamento de R$ 800 milhões.

Os estudos estão sendo feitos a pedido do ministro Paulo Bernardo, das Comunicações. “São projetos de engenharia com três dimensões, conforme os recursos disponíveis”, disse hoje o secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Cezar Alvarez, na abertura do 9 Wireless Mundi, que está sendo realizado pela Momento Editorial, em São Paulo.

Alvarez traçou um panorama do PNBL e relatou as ações previstas para este ano. Informou que a meta definida pela presidente Dilma Rousseff, anteriormente, era de um orçamento anual de R$ 1 bilhão para Telebrás – recursos que, para este ano, não devem se viabilizar devido ao contingenciamento orçamentário.

De acordo com Alvarez, se forem liberados mais recursos para a estatal este ano, a cobertura poderá ser ampliada, assim como a rede de fibra óptica. “Em lugares onde está previsto WiMAX, podemos colocar fibra”, disse, lembrando que o trecho inicial do backbone não contemplava os três estados do Sul. “O acordo com a CEEE (Companhia de Energia Elétrica Estadual) do Rio Grande do Sul vai, por exemplo, estender o PNBL para os três estados do Sul”, citou.

Alvarez lembrou também estados do Norte, que inicialmente não estavam contemplados na primeira fase do PNBL (a previsão inicial era 2014) devem ser igualmente incluídos. “O ministério está conversando, inclusive com empresas privadas como Oi e Embratel e buscando soluções, com saídas pela Venezuela e Guiana Francesa, para atender os estados do Norte”, afirmou.

PNBL não muda, diz presidente da Telebrás

Quem esperava mudanças profundas na execução do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) por parte novo presidente da Telebrás ficará frustrado. Caio Bonilha, substituto de Rogério Santanna, chega com a missão de apenas dar continuidade às etapas do programa.

De acordo com Bonilha, já era previsto pela estatal uma mudança de foco de atuação, de uma fase pré-operacional para uma fase operacional, mais comercial. “Não haverá grandes modificações na Telebrás no âmbito do Plano Nacional de Banda Larga. Essa transição aconteceria de qualquer modo. Eu trabalhava com Rogério. Mesmo sem a saída dele, passaríamos para uma parte mais comercial do plano de banda larga”, afirma.

Segundo ele, no começo a Telebrás estava cuidando da implantação, construção de rede e compras de equipamentos. Era a fase inicial do programa, explica. “Estávamos tratando de contratos com fornecedores de fibra ótica. Eu era diretor comercial, então agora eu vou executar essa parte de vendas, que é a nova etapa do programa. A partir de julho, entregaremos os primeiros links”, diz o novo presidente, que aproveitou para elogiar o seu antecessor no cargo, dizendo que tentará dar sequência ao trabalho desenvolvido por Santanna. “Ele fez um trabalho extraordinário”.

A meta da Telebrás é cumprir o cronograma e levar internet em alta velocidade a 4.283 cidades até 2014. O novo presidente da entidade acredita no cumprimento dessa meta. “Vamos seguir o cronograma”, diz ele, atribuindo o atraso da implantação da rede do PNBL a percalços nas negociações para a construção da rede nacional de telecomunicações (backbone). “Houve certa demora na negociação com as empresas elétricas para implantar o backbone”, admite.

Para deputados, velocidade de internet prevista em plano do governo é baixa

Durante audiência pública da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, deputados criticaram nesta terça-feira a baixa velocidade da internet prevista no Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Porém, segundo representantes do governo, a prioridade inicial é ampliar a infraestrutura para possibilitar a oferta do serviço em todo o País. O plano, em fase de implementação pelo Executivo, prevê que a banda larga de 1 Mbps chegue a cerca de 35 milhões de domicílios até 2014, a um preço de R$ 35. Hoje, o serviço está disponível em 10,2 milhões de domicílios, a um custo médio de R$ 96.

Para o presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), o plano é muito modesto para um país que representa a oitava economia mundial. “O plano brasileiro já começa obsoleto”, disse. O deputado afirmou que o programa de banda larga dos Estados Unidos prevê o investimento de 50 bilhões de dólares (cerca de R$ 82,5 bilhões) para a oferta de internet com velocidade de 10 Mpbs. O deputado Domingos Neto (PSB-CE) também criticou a baixa velocidade prevista.

Prioridades

Segundo o secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Nelson Fujimoto, a prioridade do plano brasileiro é ampliar o acesso. “Posteriormente estudaremos a possibilidade de implementar uma super banda larga”, informou. Estudo preliminar do governo prevê a necessidade de investimentos de R$ 7 bilhões em quatro anos para a instalação de rede de fibras óticas em todos os municípios com mais de 30 mil habitantes (4.200 municípios aproximadamente), o que permitirá a disponibilidade do serviço a uma velocidade de 1 Mbps. Desse total, o governo pretende investir R$ 4 bilhões (R$ 1 bi por ano, durante quatro anos). “O restante virá de parcerias com o setor privado”, explicou.

O superintendente de Universalização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), José Gonçalves Neto, destacou que a velocidade média de conexão hoje no Brasil é de 1,7 Mbps. Segundo ele, o grande problema são as desigualdades regionais. “O desafio será levar internet de alta velocidade às áreas rurais e remotas e às pequenas localidades”, disse. Gonçalves Neto lembrou que o País apresenta grandes vazios demográficos, com populações isoladas, enquanto o Sudeste e o Centro-Oeste apresentam alto índice de urbanização. “Cerca de 85% da população ocupa apenas 1% do território”, complementou.

Desoneração tributária

Para o diretor-executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil), Eduardo Levy, a desoneração tributária do setor de telecomunicações e a utilização dos fundos setoriais devem ser mecanismos utilizados pelo governo para ampliar o acesso nas regiões mais afastadas e com pouca demanda.

Segundo Levy, o setor já arrecadou mais de R$ 45 bilhões para os fundos, como o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), o Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel) e o Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel), e apenas R$ 2,6 bilhões foram utilizados.

Recursos do Fust

Nelson Fujimoto, secretário de Telecomunicações, informou que os ministérios da Fazenda e das Comunicações têm buscado um acordo a respeito do Projeto de Lei 1481/07, que permite o uso de recursos do Fust para a ampliação do acesso à internet de banda larga. O texto aguarda votação pelo Plenário da Câmara. Fujimoto reiterou que o projeto é importante para a implementação do plano do governo.

Os recursos do fundo vêm sendo contigenciados pelo governo federal para a obtenção de superávit primário da União. Até hoje, menos de 1% dos mais de R$ 9 bilhões arrecadados pelo Fust foi utilizado. Segundo Fujimoto, o Ministério da Fazenda tem a posição de preservar essa situação, enquanto o Ministério das Comunicações defende o uso do fundo. “Mas, como se trata de uma política pública, estamos trabalhando para chegar a um acordo”, disse.

Ministério trava PNBL e quer rediscutir atuação da Telebrás

Entre os avanços que tivemos no governo Lula, há dois que têm caráter estratégico para o país: a nova lei para a exploração do pré-sal e a reativação da Telebrás para possibilitar a universalização da internet rápida, através do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Este, no entanto, vem enfrentando dificuldades com a explícita opção do Ministério das Comunicações pelo monopólio das teles.

Quanto ao PNBL — e, portanto, à Telebrás — a administração do ministro Paulo Bernardo, infelizmente, até agora não se diferencia daquela de seu antecessor, Hélio Costa. O último episódio foi a resposta do Ministério ao pedido de informações da Gerência de Acompanhamento de Empresas da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) sobre declarações do ministro falando de “ajustes” na Telebrás.

Resumindo: no dia 25 de abril, no Valor Econômico, o ministro das Comunicações declarou que “não é tarefa da Telebrás disputar mercado com as teles que estão no setor. Ela vai sair da disputa para ser uma articuladora de ações. É com isso que estamos contando”.

Quanto aos recursos da Telebrás, que teve bloqueados R$ 176 milhões de um orçamento de R$ 226 milhões, disse Bernardo que “o Tesouro não vai liberar dinheiro se não há nada projetado” — uma estranha declaração, pois a Telebrás tem “projetado” para este ano levar a rede do PNBL a 1.163 cidades. Portanto, não é porque “não há nada projetado” que os recursos aprovados pelo Congresso não são liberados. Ao contrário, é esse contingenciamento de recursos que torna inviável o que está projetado.

No mesmo dia em que foi publicada a entrevista, a Bovespa pediu à Telebrás “manifestação acerca da notícia veiculada no jornal Valor Econômico, edição de 25/04/2001, sob o título ‘Telebrás precisa de ajustes, diz ministro’”.

A Telebrás não sabia de nada, pois nada havia sido discutido ou comunicado aos seus diretores. Portanto, no dia 28, encaminhou o pedido da Bovespa ao Ministério: “Considerando que esta diretoria tem conhecimento desse assunto também por intermédio da imprensa, consultamos, para os fins de responder a Bovespa, se Vossa Excelência possui informações oficiais a respeito da matéria”.

No dia seguinte, o Ministério respondeu: “Em virtude de contingenciamento orçamentário, a Telebrás deve rever seu cronograma de implantação de redes. Ademais, no que se refere ao retorno dos funcionários cedidos à Anatel, este Ministério recebeu solicitação da Agência para revisão da data limite e está em fase de negociação de um plano de providências. Ainda, em face da necessidade de antecipar a implantação da rede na Região Norte, os investimentos nela deverão ocorrer em tempo diverso do inicialmente previsto. Por fim, conforme mencionado na citada matéria, é intenção do Ministério rediscutir a atuação de mercado da Telebrás, a fim de diminuir projetos isolados da empresa e canalizar esforços conjuntos com o setor privado para a expansão de redes no país e sua comercialização no atacado”.

O único “projeto isolado” da Telebrás é utilizar a rede pública que já existe para o PNBL, através de contratos com as estatais que possuem essa rede, como a Eletrobrás e a Petrobrás. Seu projeto, portanto, é o PNBL — todos os outros estão em função deste, portanto, não são “isolados”.

Vamos ser claros: o último trecho que acima grifamos significaria acabar com o PNBL. Toda a concepção do plano está em usar a rede estatal de fibras óticas — aliada a outros meios de transmissão –, sob administração da Telebrás, para romper o entrave das teles à universalização da banda larga. Ou seja, está em estabelecer uma rede alternativa à das teles, para impedir que esses monopólios privatizados continuem estabelecendo os preços que quiserem, entregando a qualidade de serviço que lhes dê na telha e quebrando empresas privadas — provedores, de tecnologia da informação, etc. — que são obrigadas a comprar no atacado a transmissão da Internet, inclusive para oferecê-la no varejo aos usuários.

Por isso, a atuação da Telebrás, como acontece com empresas semelhantes nos países que mais avançaram na universalização da banda larga, é fundamentalmente “no atacado”, deixando o varejo (isto é, a “última milha”, o atendimento direto ao usuário) para as empresas privadas. Restringir a ação da Telebrás no atacado, colocá-la sob a rede das teles — ou, pior, dar a estas acesso à rede estatal de fibras óticas — é fazer com que as teles monopolizem, em escala ainda maior, o atacado e o varejo, com as conhecidas consequências: preços altíssimos, concentração da banda larga nas áreas ricas, velocidades baixíssimas e apagões contumazes.

Foi exatamente para superar essa situação que o PNBL foi criado e a Telebrás foi reativada — porque a situação é crítica.

No último dia 27, o secretário de telecomunicações do próprio Ministério das Comunicações, Nelson Fujimoto, na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara, declarou que o Brasil “tem uma banda larga cara, concentrada e lenta”, informando que “34% das conexões têm até 256 Kbps e somente um 1% da população tem conexão acima de 8 Mbps”, velocidade que tende a ser, hoje, o padrão internacional da banda larga, deixando para trás os 2 Mbps até agora considerados pela União Internacional de Telecomunicações (UIT). Fujimoto revelou que “gasta-se em média 4,5% do PIB com conexão à banda larga. Nos países que já desenvolveram a internet de alta velocidade, essa cifra é de apenas 0,5%” (v. Convergência Digital, “Fujimoto diz que banda larga é cara, concentrada e lenta”).

Com dados do IBGE, Fujimoto mostrou que “apenas 27,4% dos lares brasileiros têm acesso à internet. (…) 90% da classe ‘A’ têm conexão em alta velocidade. Enquanto que apenas 10% da classe ‘C’ atingem esse patamar”. Segundo a pesquisa semestral da F/Nazca sobre a Internet, a maior parte dos acessos é realizado em “lan houses” (31%) e apenas 27% são realizados no domicílio do usuário.

Isso — e outras coisas deprimentes — é o monopólio das teles. Por isso foi necessário reativar a Telebrás para realizar o PNBL, que, ressaltou Fujimoto, “tem três dimensões: ampliar a cobertura do serviço em todo país, dar qualidade ao serviço e atacar a questão do preço — um dos elementos, segundo ele, limitadores da expansão da banda larga”.

Mas não é apenas ao usuário individual que essa situação está afetando: na última quarta-feira, a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) divulgou os resultados de sua 5ª edição do Índice Brasscom de Convergência Digital (IBCD). Entre os problemas que as empresas de informática enfrentam está: “Na área de conectividade, o alto preço e a baixa qualidade da banda larga são itens que puxam o índice para baixo. O custo médio dos pacotes de 1GB no País é de R$ 84,90 — um dos mais altos do mundo — para uma velocidade média de 1,3 Mbps. Como comparação, a velocidade média na Rússia é de 18,2 Mbps”.

E nem falamos em que as teles entregam 1/16 da velocidade contratada — e outras indignidades.

Minicom deve definir novas metas da Telebrás semana que vem

A Telebrás está redimensionando as metas previstas para este ano, de forma a adaptar sua atuação à redução dos recursos e às novas determinações do Ministério das Comunicações. Após a conclusão, será realizada uma reunião para estabelecer o plano de trabalho da estatal.

A informação foi passada pelo secretário-executivo do Minicom, Cezar Alvarez, que presidiu nesta quarta-feira (4) a reunião do Conselho de Administração da Telebrás. Ele acredita que a reunião poderá acontecer já na próxima semana. Alvarez disse que, paralelamente, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, negociará com o Ministério da Fazenda a liberação de recursos para a estatal.

Em carta enviada a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ontem, Alvarez confirmou a necessidade de ajustes nos planos da estatal, em função do contingenciamento dos recursos e para atender novas prioridades, como a implantação de redes regionais (backhaul) e antecipar a atuação na região Norte, antes prevista 2014.

Além disso, o governo quer que a estatal assuma o papel de planejamento da infraestrutura de rede pública e privada para que o país, ao final de 2014, possa dispor de serviço de acesso à internet de efetiva alta velocidade. Com esse novo perfil, a Telebrás deixará, de atender ao usuario final, como eram as previsões iniciais. Para a construção dessa rede de alta capacidade o ministro Paulo Bernardo já havia informado que poderiam ser alocados R$ 1 bilhão por ano para a estatal.

Caixa

Do orçamento pleiteado de R$ 600 milhões pela Telebrás em 2010, só foram autorizados R$ 300 milhões, por meio de medida provisória, que foi aprovada ontem na Câmara. Mesmo depois de aprovada pelo Senado, que deve acontecer na próxima semana, ainda depende de autorização do Ministério da Fazenda para que os recursos possam ser empenhados.

Para 2011, da proposta de R$ 400 milhões, o Congresso só liberou R$ 226 milhões, mas só R$ 50 milhões foram descontingenciados. O caixa da estatal é de R$ 280 milhões. Com esses recursos, já admitiu o presidente da Telebrás, Rogério Santanna, é impossível atender a meta de levar a rede do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) para as 1.163 cidades ainda este ano.

Na previsão de Santanna, o número de cidades a serem atendidas este ano deve cair para 800. Se os R$ 300 milhões não forem descontingenciados, esse número pode encolher ainda mais. A meta de levar a rede para 4.283 municípios até 2014, porém, será mantida.

Segundo analistas, para alterações profundas das atribuições da Telebrás, será necessária a publicação de novo decreto. Isto porque, no decreto que instituiu o PNBL, as funções da estatal reativadas estão bem definidas.