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Cineclubistas de todos os estados se reúnem no Cuca-Rio

Representantes dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal participaram das atividades do seminário de formação de agentes cineclubista, promovido pelo Instituto Circuito Universitário de Cultura e Arte, o Cuca da UNE, no Rio de Janeiro, de 1º a 4 de novembro. Estudantes de Jornalismo, Publicidade, Cinema e até Direito se integraram à programação, que envolveu oficinas técnicas, debates, apresentações e exibições de filmes.

As atividades fizeram parte da primeira etapa do Cine Cuca – projeto focado na difusão e exibição da recente produção cinematográfica brasileira. Com sessões gratuitas, o objetivo é formar novo público, promover a circulação e fomentar uma rede nacional de agentes culturais. 

A iniciativa tem à frente o Cuca da UNE – mas conta o apoio de dois importantes parceiros: o Instituto Cinema em Movimento (Icem) e a produtora Meios de Produção de Comunicação (MPC). Ambos possuem no currículo a organização da maior e mais bem sucedida rede de exibição não-formal de filmes de longa metragem brasileiros: o Cinema BR em Movimento.

O Cine Cuca quer seguir os mesmos passos e começa com um ousado desafio: realizar 648 exibições, de 5 a 15 de dezembro, em 54 universidades, duas por estado, atingindo um público de quase 500 mil pessoas. Para dar corpo a essa proposta, o projeto precisa gravitar, em perfeita sintonia, ao redor desta rede de 27 agentes.

O encontro no Rio, por sua vez, foi responsável por afinar essa equipe, com treinamento que aborda todas as etapas de uma exibição, como a montagem do equipamento e da sala, a aplicação da linguagem visual, a pré e pós-produção, os conceitos do projeto e a divulgação.

Os diversos sotaques se misturaram à descontração dos participantes. Havia muitos militantes do movimento estudantil, alguns que já participaram do Cinema Br e outros com experiências em cineclubes universitários. Mas, nas falas e brincadeiras, ficou claro um ponto em comum: o gosto pelo cinema, em especial o tupiniquim. 

Responsabilidade

A gestora de projetos do Icem, Ângela Serrano, provocou os presentes dizendo que cada um ali deve se reconhecer o cinema. Para ela, o filme não existe sem a realidade, sendo que todos nós fazemos parte daquela criação, sempre.

Ângela falou da responsabilidade dos agentes e da importância da ação cultural como formadora de novas platéias, já que o país poucos são os municípios que possuem uma sala de cinema (alguns dados apontam que apenas 8% das cidades brasileiras possuem cinemas).

O coordenador-geral do Cuca, Tiago Alves, falou do histórico de atuação do circuito e dos desafios dessa nova empreitada. Ele destacou o papel da UNE como protagonista nos principais acontecimentos políticos e também culturais do país. Citou como exemplo de ações da entidade o Teatro do Estudante, o Teatro do Negro e o Centro Popular de Cultura e Arte, que revolucionou em todos os aspectos: pensamento, produção e circulação.

O diretor de Cultura da UNE, Rafael Simões, disse achar que o encontro supera as expectativas por ter conseguido reunir um representante de cada estado. Ele reforçou o trabalho da UNE ao longo destes 70 anos e disse que a entidade sempre conseguiu se renovar diante dos novos desafios e que o projeto era uma demonstração clara disso, criando nova frente de ação envolvendo a cultura.

Uma oficina de montagem do equipamento de exibição aconteceu logo após as apresentações. Os agentes aprenderam a manusear o projetor, fazer regulagem e os trejeitos de funcionamento referentes ao principal objeto de uma sessão. Sem ele, não tem cinema. Por isso, todos os cuidados foram passados ponto a ponto.

Depois, foram exibidos os dois media-metragens dirigidos por Silvio Tendler que contam a história dos 70 anos da UNE -Ou Ficar a Pátria Livre ou Morrer pelo Brasil e O Afeto que se Encerra em nosso Peito Juvenil. Os filmes trazem depoimentos e imagens inéditas de atuais e ex-lideranças estudantis, como José Dirceu e Franklin Martins.

Ação audiovisual

O Cine Cuca faz parte do Programa do Audiovisual do Cuca, que engloba iniciativas voltadas para o cinema nas universidades, como a criação de cineclubes, produção em cinema e a aparelhagem de espaços ociosos. "A gente acredita que ambientes situados dentro das universidades, como teatros e auditórios mal utilizados, podem ser tornar espaços dedicados à sétima arte", comenta Tiago. 

Outra frente de ação neste sentido está na produção dos cine-jornais, que busca construir e discutir a imagem da juventude brasileira e a realidade na qual está inserida, alimentando o público de novos questionamentos, novas lutas e novas revoluções.

Igrejas evangélicas querem incentivos da Lei Rouanet

A classe artística e grande parte do setor cultural, depois da polêmica criada recentemente com a Lei de Incentivo ao Esporte, teme agora ter que dividir recursos com as igrejas. A ameaça vem de um Projeto de Lei que tramita no Senado que propõe incluir os templos religiosos entre os beneficiários da Lei Rouanet de incentivo à cultura. Para o autor da matéria, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), as religiões e seus templos devem ser reconhecidos como elementos do patrimônio cultural. Crivella é sobrinho de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus.  

A controvérsia espalhou-se rapidamente na internet por meio de diversos textos de protesto que rechaçam a idéia do senador, e ainda na forma de uma petição eletrônica endereçada ao Congresso pleiteando que a Lei Roaunet continue a ser usada em favor da cultura brasileira e não para “trampolinagens pseudo-religiosas”, conforme argumenta o documento que já teve a adesão de milhares de pessoas. Se o projeto for aprovado, prossegue o texto, “templos de qualquer natureza ou credo religioso, também poderão ser beneficiados”.  

Procurado por esta reportagem, Crivella por meio de sua assessoria, afirmou que a emenda apenas sugere uma alteração conceitual. “A religiosidade também é uma manifestação cultural, o texto propõe esse reconhecimento”, observou um assessor que não concordou em ser identificado. O senador, no entanto, parece esboçar um recuo ao pedir atenção para um detalhe do texto que, segundo ele, especificaria que os recursos apenas poderiam se utilizados em templos do século passado, tombados como patrimônio histórico.  

Para a classe artística a defesa apresentada pelo político é uma forma de camuflar a verdadeira intenção. “O que o senador Crivella quer é um absurdo, se fosse realmente para preservação de patrimônio histórico então não seria necessário, já está na lei. Claro que a intenção é de abrir uma brecha”, ressalta Jô Soares. Ele aproveita para reclamar da falta de políticas que tornam o setor cada vez mais vulnerável. “Apesar do Ministério da Cultura estar sob a direção do [Gilberto] Gil, um dos maiores artistas brasileiros, e meu amigo, a atenção dada ao teatro e à classe artística é muito pequena”.  

Outra voz indignada com o projeto do senador Crivella é a do ator e autor Juca de Oliveira. Ele observa que os recursos da Lei Rouanet são atualmente insuficientes para as demandas da cultura, e adverte para a as graves mazelas do setor. “Bibliotecas estão sucateadas, obras de arte encontram-se abandonadas em porões de museus, por falta de recursos para recuperação, jovens não conseguem realizar seus sonhos, não me refiro apenas ao teatro, mas à dança, à música e a outros meios de expressão artística, ainda assim o senador quer dar uma ‘mordidinha’ na Lei Roaunet”.  

O senador Crivella procura justificar sua idéia afirmando no texto do Projeto de Lei que “nada expressa melhor a formação da cultura brasileira que o caldeamento das diversas religiões, seitas, cultos e seus sincretismos, que, durante séculos, moldaram o processo civilizatório nacional”. Por meio de seus assessores afirma ainda que os recursos seriam provenientes do mecenato, e que, portanto, não disputariam com a cultura. Para o produtor artístico Nilson Raman, o argumento só indica outro obstáculo a ser enfrentado: as distorções da Lei Roaunet. “Ela foi criada em um tripé: Fundo Nacional de Cultura [FNC], para os projetos que não tem visibilidade comercial; Mecenato para parcerias público-privadas e o Fundo de Incentivo Cultural à Arte [Ficarte], para atender grandes produções. Apesar disso, todos ficam no Mecenato, parece que só existem recursos do Mecenato”. O Projeto de Lei do senador Crivella aguarda para ser votado no plenário do Senado, se for aprovado segue para a Câmara, segundo informações da Subsecretaria de Comissões Permanentes do Senado.

Active Image publicação autorizada, desde que citada a fonte original.

BNDES assina primeiro financiamento do Programa de Apoio à Cadeia Audiovisual

O BNDES e a Quanta assinaram nesta terça, 24, contrato de financiamento no valor de R$ 7 milhões. O valor será usado para que a empresa termine a construção de um complexo cinematográfico na Vila Leopoldina, em São Paulo. Trata-se do primeiro projeto de investimento do Programa de Apoio à Cadeia Audiovisual – Procult, que conta com orçamento de R$ 175 milhões para investimento em produção, distribuição e comercialização, exibição e serviços de infra-estrutura, até o final de 2008.

Os recursos investidos pelo banco no projeto equivalem a 43% do valor total do projeto, que está sendo construído em uma área de 13 mil metros quadrados e terá 9 mil metros quadrados de área construída, quando acabado. 

Procult 

No evento da Quanta, o BNDES fez ainda várias explanações sobre a linha voltada ao audiovisual. O evento contou com a presença do assessor da presidência do banco para assuntos de cultura, Sérgio Sá Leitão; a chefe do departamento de economia da cultura, Luciane Gorgulho; e o gerente para investimentos no setor cultural, Luis André As D'Oliveira. Participaram ainda o secretário do audiovisual do Ministério da Cultura, Orlando Senna, além de Manoel Rangel e Leopoldo Nunes, presidente e diretor da Ancine, respectivamente.


Uma nova apresentação da linha crédito ao audiovisual será feita pela equipe do BNDES no 8º Forum Brasil – Mercado Internacional de Televisão, que acontece nos dias 30 e 31 de maio, em São Paulo. Além desta linha, o BNDES apresentará ainda o ProTVD, voltado ao financiamento para a digitalização da televisão, contando com linhas voltadas para a infra-estrutura e para o conteúdo.

 

Academia de Filmes


No evento, produzido em um dos estúdios do complexo em construção, Paulo Schmidt, da Academia de Filmes, aproveitou para formalizar o pedido de um financiamento semelhante, e entregar a documentação pedida pelo BNDES para análise da proposta. A Academia de Filmes comprou um terreno de 12 mil metros quadrados, também na Vila Leopoldina, com uma antiga fábrica. A próxima etapa é a adequação das construções para que possam receber a sede da produtora e os estúdios.

Trata-se de um projeto de R$ 30 milhões, contou Paulo Schmidt a este noticiário, e que deve levar cinco anos para estar concretizado. "Em seis meses, queremos concentrar as operações de todas as empresas do Grupo Academia na nova sede, com os escritórios e a infra-estrutura de pós-produção. Os estúdios devem começar a funcionar em um ano", explica. O projeto engloba ainda os equipamentos de produção e pós-produção, que será todas em alta-definição. Segundo Schmidt, a Academia está pedindo ao BNDES financiamento de "pelo menos R$ 15 milhões". 

Nova empresa 

Outra novidade do grupo é que este deve anunciar, nos próximos 30 dias, uma nova empresa, voltada à produção para novas mídias. A Academia de Filmes já tem, há um ano e meio, uma unidade voltada para esta área, que deve ser transformada em empresa.

 

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Minc e Ipea lançam livros sobre a dinâmica da cultura brasileira

O Ministério da Cultura, em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), publica os volumes 2 e 3 da coleção Cadernos de Políticas Culturais. A cerimônia pública de lançamento dos livros acontece nesta quarta-feira, 25 de abril, às 10h, no Complexo Cultural do MinC, em Brasília (Esplanada dos Ministérios, Bloco B, Térreo).  

Segundo Frederico Barbosa, pesquisador do Ipea e autor desses dois volumes da coleção, as publicações reúnem artigos que apresentam dados e análises sobre aspectos da dinâmica cultural brasileira, importantes referências para o governo federal. "Os livros vão ajudar nas formulações de políticas públicas do MinC", afirma.

O livro Política Cultural no Brasil, 2002 – 2006: Acompanhamento e Análise aborda questões, configurações e desafios das políticas públicas de cultura.  Já o volume Economia e Política Cultural: acesso, emprego e financiamento traz um mapeamento do mercado de trabalho da cultura, pelo estudo de equipamentos, práticas de consumo e atividades da esfera cultural.  

Os livros 2 e 3 da coleção Cadernos de Políticas Culturais integram um conjunto de publicações que objetivam fomentar a ampliação do espaço democrático de debate em torno da dimensões da cultura, especialmente no que se refere à economia e políticas públicas.  

O volume 1, Direito Autoral, tratou especificamente de questões referentes à propriedade intelectual, e pode ser encontrado na biblioteca do Complexo Cultural do MinC.  

O lançamento dos volumes 2 e 3 da coleção Cadernos de Políticas Culturais contará com a presença de representantes do Ministério da Cultura e do Ipea, além de uma demonstração de Swásthya Yôga.  

Confira a programação:  

10h – Mesa de Abertura 
– Gilberto Gil – Ministro da Cultura
 Luiz Henrique Proença – Presidente do Ipea
 Juca Ferreira – Secretário Executivo do MinC
 Alfredo Manevy – Secretário de Políticas Culturais do MinC
 Frederico Barbosa – Autor das obras e pesquisador do Ipea
– Sérgio Piola – Diretor de Estudos Sociais do Ipea 

10h45 – Apresentação Cultural – Swásthya Yôga: Idílio Cardosi e Mara Lima – Universidade de Yôga 

11h15 – Encerramento
– Distribuição dos livros

 

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