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Emissoras comunitárias reivindicam acesso a canais abertos na TV digital

Brasília – Para as emissoras de televisão comunitárias e públicas, o sistema de transmissão digital, que começa a operar em 2 de dezembro, representa a oportunidade de democratizar o acesso aos canais abertos. Com essa reivindicação, começou hoje (26) em São Paulo o 5º Congresso dos Canais Comunitários.

Resultado de encontros em diversos estados e do 1º Fórum Nacional de TVs Públicas, realizado em maio em Brasília, o congresso discute a inclusão dos canais não-comerciais no sistema digital. O evento reúne representantes de 90 canais públicos e comunitários de todo o país.

Segundo o diretor financeiro da Associação Brasileira dos Canais Comunitários (ABCCom), Renato Gomes, a introdução da TV digital dará mais espaço aos canais comunitários. “Esperamos que o nosso sinal também seja exibido nas tevês abertas”, afirma.

Com o novo sistema, diz Gomes, não existem mais obstáculos tecnológicos à ampliação do uso das freqüências. “A grande desculpa era que não tinha espaço no espectro e a gente até entendia. Mas agora com a ampliação não há mais empecilhos”, alega.

Para ele, o objetivo das emissoras comunitárias é permitir a manifestação das camadas da sociedade. “Nossos canais trazem as vozes da comunidade”, ressalta. Ele, no entanto, acredita que a transição dos canais não-comerciais para o sistema digital não será totalmente pacífica. “Os detentores do poder enxergam os canais comunitários como concorrentes”, ressalta.

Participam do evento a Associação das TVs Universitárias (ABTU), a Associação das TVs Legislativas (Astral) e a Associação das TVs Educativas e Culturais (ABEPEC).

Plano Nacional de Ciência e Tecnologia será lançado em novembro com R$ 41 bilhões

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve lançar em novembro o Plano Nacional de Ciência e Tecnologia. A informação é do ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende. Segundo ele, o plano prevê recursos de R$ 41 bilhões para ações até 2010.

"O plano deverá ser anunciado pelo presidente Lula provavelmente na segunda ou terceira semana de novembro",  afirmou Rezende, em entrevista concedida nesta quinta-feira (25) a emissoras de rádio parceiras da Radiobrás.

"É um plano de quatro anos, de 2007 a 2010. As ações de 2007 já estavam planejadas, então já estão em execução. O plano totaliza em recursos do governo federal R$ 41 bilhões em todos os setores que têm ciência e tecnologia", disse.

"Nunca tivemos antes um plano feito para quatro anos, muito menos recursos dessa monta de R$ 41 bilhões", completou. De acordo com o ministro, o plano tem quatro prioridades básicas: expansão e consolidação do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia; promoção da inovação tecnológica nas empresas; pesquisa e desenvolvimento em áreas estratégicas; e ciência e tecnologia para o desenvolvimento social.

Segundo Rezende, a maior parte dos recursos do plano é do Ministério de Ciência e Tecnologia. Mas há verbas também do Ministério de Minas e Energia, por meio da Petrobras e da Eletrobrás; de entidades de pesquisa ligadas ao Ministério da Defesa; do Ministério da Educação, por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ligada ao Ministério da Agricultura.

Em entrevista à Radiobrás, Rezende ressaltou que um dos grandes desafios para o país é fazer com que as empresas brasileiras tenham atividades de pesquisa. "Há muitas iniciativas [no plano] que vão na direção de incentivar, estimular as empresas a fazer pesquisa, desenvolvimento e inovação para elas ficarem mais competitivas", disse.

O ministro afirmou que é preciso incentivar também pesquisas em áreas estratégicas, como biocombustíveis. "O Brasil é hoje um grande produtor de etanol e fazemos álcool com métodos tradicionais, com cana-de-açúcar. É uma forma boa de fazer, o Brasil é o país que produz etanol da maneira mais eficiente do mundo. Mas nós sabemos que a demanda por etanol vai crescer muito e precisamos fazer pesquisas para fazer, por exemplo, cana com maior conteúdo de açúcar, para dar uma produtividade maior".

Rezende destacou ainda que o sistema de ciência e tecnologia no país é recente – começou a ser desenvolvido na década de 60 – e é preciso divulgá-lo entre os brasileiros. "Há um desconhecimento geral na sociedade sobre o que acontece na ciência de maneira geral. E mais especificamente o que acontece na ciência brasileira", ressaltou.  

Radiobrás faz testes com o sistema europeu de rádio digital

Brasília – Em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), a Radiobrás realizou hoje (17) testes na Rádio Nacional AM de Brasília para o funcionamento do sistema europeu de rádio digital com o padrão Digital Rádio Mundiale (DRM).

O novo sistema digital vai permitir a melhoria na qualidade do som, que será igual ao de uma rádio FM estéreo. Outro beneficio é a economia de energia na capacidade de transmissão. Atualmente, com o sistema analógico, a Rádio Nacional AM transmite sua programação com 50 quilowatts de potência. Com o sinal digital, o mesmo alcance de transmissão poderá ser obtido com energia 33 vezes menor, ou seja, 1,5 quilowatts de potência.

Segundo o chefe do Departamento de Manutenção da Radiobrás, Cláudio Silva Paula, o novo sistema torna o som "limpo". Para ele, o avanço será significativo. “É um grande passo. Em vez de você colocar uma emissora em cada capital, se você colocar um transmissor digital de alta potência aqui em Brasília, você cobre todo o território nacional, com qualidade digital”, explica.

Hoje existem quatro tipos de sistema de rádio digital utilizados por diversos países. O sistema Iboc, norte-americano, está sendo testado pela maioria das emissoras, mas a Radiobrás, segundo Cláudio Paula, optou pelo DRM porque o padrão permite a utilização simultânea dos sinais analógico e digital nas freqüências existentes.

Além disso, o sistema DRM só pode ser aplicado em ondas médias (OM) e em ondas curtas (OC), não podendo ser estendido para a frequência modulada (FM), que utiliza o Iboc. De acordo com Cláudio Paula, apesar dos benefícios do sistema DRM, alguns ajustes ainda precisam ser analisados, como as freqüências das emissoras que terão de ser reajustadas para que não haja interferência na sintonia uma da outra.

O professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UnB Lúcio Martins considera importante o convênio entre a Radiobrás e a universidade. “Neste momento em que está para se tomar uma decisão sobre qual sistema de rádio digital o Brasil adotará, essa parceria permite a realização de testes com um dos sistemas”, afirma. “O resultado desses testes servirão de subsídio para essa tomada de decisão.”

Segundo o professor, independentemente do sistema adotado, haverá um custo elevado para os radiodifusores, já que será necessário adquirir novos equipamentos como transmissores. “Como toda nova tecnologia, no começo os equipamentos começam com preços muitos altos, mas o valor cairá com o tempo”, explica.

Martins esclarece que os ouvintes perceberão a diferença na qualidade do som, mas será necessário ter um aparelho de rádio digital. “Depende muito do receptor [rádio], porque não adianta a emissora transmitir um áudio de boa qualidade e o receptor ser ruim”, diz.

O professor estima que, no início do ano que vem, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, definirá o sistema digital de rádio a ser adotado no Brasil.

Uso do software livre cresce na computação e no dia-a-dia, avalia professor

Brasília – No mercado da computação, na área acadêmica e no dia-a-dia das pessoas o software livre tem tido uma aceitação crescente. A avaliação é do diretor técnico do Centro de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Rubens Queiroz, que participou ontem (8) do 5º Encontro Nacional LinuxChix Brasil .

Segundo Queiroz, cada vez mais as pessoas estão usando o software livre. Ele disse que na universidade em trabalha cerca de 40% das pessoas já fazem uso espontâneo. 'São soluções estáveis, funcionais e que dão uma grande alavancagem para uma empresa resolver seus problemas sem gastar um mundo de dinheiro. Se uma empresa se basear apenas em software proprietário [ pago ], só a despesa que esta empresa vai ter, poderá até mesmo inviabilizar o negócio', opinou.

Os softwares livres são programas com código fonte (em que estão escritas as informações que fazem o programa funcionar) aberto. Isso permite ao usuário executar, copiar, distribuir, avaliar, modificar e aperfeiçoar o conjunto de instruções sem autorização prévia do autor ou da empresa proprietária.

O professor salientou que há oito ou nove anos, quando se falava em software livre, a idéia era 'alienígena'. 'São eventos de software livre no Brasil inteiro, em cidades pequenas e grandes, e com diversos tipos de pessoas. O movimento já cresceu bastante. Eu tento colaborar dando palestras, escrevendo para que mais e mais pessoas passem a usar o software livre – 'Vejam que é uma alternativa muito boa e que ninguém precisa gastar dinheiro com software hoje em dia'.

Rubens Queiroz foi palestrante do painel Filosofia do Unix. A palestra foi para explicar as bases desse sistema operacional – uma linguagem baseada na simplicidade, segundo ele – e a forma como ele funciona no computador. Ele lembrou que do Unix foram derivados outros sistemas como o Linux, hoje muito usado.

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Coordenador de Políticas Digitais defende estrutura pública de banda larga

Brasília – O coordenador de Políticas Digitais do Ministério da Cultura, Cláudio Prado, vem organizando e desorganizando a cultura brasileira há algumas décadas. É um agitador que em 2003 começou a 'hackear' o governo federal, desenvolvendo um trabalho de aproximação entre o mundo digitale  a cultura, rompendo pontes analógicas e ampliando os diques de visão.

Nesta conversa/ podcast com a Agência Brasil, Prado fala sobre o lançamento da segunda etapa do programa de cultura digital do Ministério da Cultura, a partir de Piraí , cidade fluminense que se bandalargou para o mundo e onde será realizado encontro sobre o assunto na segunda-feira (10). No coração dessa política, está a defesa de uma estrutura pública de conexão rápida à internet , por meio da banda larga. Leia o que ele diz.

Por que banda larga?

“A banda larga viabiliza a diversidade, as minorias, as questões culturais que estão em extinção, as espécies culturais que estão em extinção. Essa revitalização, esse renascimento dessas possibilidades se dá através da banda larga. O centro do mundo deixa de ser geográfico. Você passa a estar no centro do mundo se estiver plugado e usar de forma plena a interatividade que isso te possibilita. O cyberespaço é um território realmente democrático e novo onde a informação, a oxigenação, a percepção, as novas questões, podem lhe ser oferecidas ali onde você está. Essa é a compreensão que nós temos da possibilidade cultural da banda larga.”

A banda larga e a cultura

“Banda larga é essencial, na realidade, para a cultura, mais do que para qualquer outra coisa, porque outras coisas podem trafegar em banda menores. É só a cultura que tem caminhões pesados do ponto de vista de bits e bytes, porque a cultura trafega audiovisual que precisa de banda, trafega imagem, música, estas são as grandes demandas de largueza da banda.”

A banda larga e a diversidade cultural

“O que impede a diversidade de existir é a divulgação, a difusão, a circulação, a distribuição da informação cultural. Os processos analógicos viabilizaram processos de distribuição que são gargalos da diversidade.

Vou dar um exemplo: uma música se transforma num CD, antigamente era um LP e depois virou um CD, mas um objeto que vai de caminhão para uma loja, que vai de caminhão para onde você chega. Isso inviabilizou que alguém em Xapuri, que tivesse interessado em uma música extremamente sofisticada, ele não tinha como, porque não tinha como o LP ou o CD dessa música mais elaborada, essa música minoritária, chegasse lá porque esse objeto ia ficar encalhado na loja de CD lá do pedaço. Não tinha como, na verdade, distribuir minorias.

É semelhante com qualquer outra minoria e conseqüentemente a soma das minorias é o que cria a fantástica possibilidade de existir diversidade. Então existe uma coisa prática na questão da diversidade que estava condenando as minorias a não existirem e a diversidade a ser uma espécie em extinção.

Com a banda larga isso se inverte. Nenhuma coisa desaparece mais. Por exemplo: o livro print on demand [impresso sob demanda], a nova tendência do livro, a máquina que faz livros, acabou com o livro esgotado. O livro esgotado é o fim da diversidade. Livros em que só poucas pessoas estão interessadas, idéias muito elaboradas, sofisticadas, podem continuar existindo. Acabou o livro esgotado. Isso é um belo exemplo de como o digital pode construir uma nova realidade em relação à diversidade.”

A banda larga e a cidadania

“O impacto sobre a economia da cultura é brutal. Mas ele é muito maior se a gente prestar atenção na questão da auto-estima do cidadão brasileiro, se a gente prestar atenção na inclusão de forma muito ampla e genérica – não é inclusão digital, não, é inclusão do ser humano na possibilidade de ser cidadão que a banda larga traz. Esse fenômeno cultural nos interessa para além da questão das coisas específicas de produtos culturais que possam estar impactando a economia da cultura. A economia da cidadania é que vai ser catapultada a graus extremamente elaborados e sofisticados para uma política pública de banda larga.”

A banda larga e o governo federal

"Há quatro anos, quando a gente começou a trabalhar nessa direção, dentro do Ministério da Cultura e do governo em geral, ninguém falava dessa questão. Ninguém tocava nesse assunto. Software livre, por exemplo, a quantidade de gente que não tinha a menor noção do software livre, como o software livre poderia impactar na direção da autonomia, da identidade, das questões também ligadas à diversidade. Banda larga era quase uma metáfora muito distante.

Hoje essa discussão chegou ao Palácio do Planalto, à centralidade do governo. Estamos andando na velocidade digital. Em quatro anos, a diferença é brutal. Eu acho que estrategicamente, para qualquer país, mas sobretudo para o Brasil, que tem distâncias inacreditáveis, a montagem de uma infra-estrutura pública de banda larga no país todo é a única coisa que pode dar liga a uma compreensão política, social e cultural muito mais ampla de processos de mudança e de processos de avanço políticos, sociais e culturais."

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