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Autoridades dos EUA questionam práticas de privacidade do Google

Autoridades da comissão de energia e comércio do Congresso norte-americano pediram nesta semana ao executivo-chefe do Google, Eric Schmidt, para detalhar as práticas de privacidade adotadas pela empresa de internet desde que adquiriu a DoubleClick.

"É crucial que as políticas e procedimentos do Google e o do DoubleClick sejam transparentes e todos os esforços sejam feitos para proteger as informações dos consumidores", escreveu o deputado Joe Barton em carta enviada à companhia.

Na carta, Barton questiona como as informações coletadas pelas duas empresas sobre os computadores de seus usuários podem ser fundidas e também como estas informações podem ser usadas. Também pergunta se o Google planeja continuar a permitir que os usuários optem por desabilitar cookies baseados em publicidade.

Advogados especializados em privacidade alertam para a onda de integração da publicidade on-line entre as empresas. A preocupação é de que informações pessoais possam ficar concentradas nas mãos de poucas companhias.

O deputado também questiona o Google a respeito de novas tecnologias que identificaria quem poderia receber os anúncios. Ele pede que o Google responda seus questionamentos até o dia 6 de junho.

Ministério Público Federal dá 48 horas para Google revelar usuários do Orkut

O MPF (Ministério Público Federal) de São Paulo informou nesta terça-feira (8) que deu um prazo de 48 horas para que o Google Brasil revele quais álbuns fechados de usuários do Orkut contêm fotos de pornografia infantil. O prazo se encerra nesta quarta-feira (9).

Segundo o MPF, a ONG Safernet recebeu denúncias de que álbuns fechados da página de relacionamentos –que são acessíveis apenas pelo usuário ou seus amigos– estão sendo utilizados para armazenar fotos com esse tipo de crime. De acordo com a ONG, há denúncias sobre 3.261 álbuns que conteriam pornografia infantil.

Por isso, o MPF quer que o Google informe quais desses álbuns bloqueados têm conteúdo inadequado. A notificação foi enviada ao presidente da empresa no Brasil, Alexandre Hohagen.

"O novo recurso de privacidade criado pelo Orkut, do Google, impede o acesso do Ministério
Público e da polícia a tais álbuns, impedindo a investigação do delito e, portanto, garantindo a impunidade dos autores", afirma o órgão, em nota.

Na notificação, o MPF pediu que o Google preserve as informações sobre o possível crime, como logs de acesso, dados do usuário e fotografias que estavam nos álbuns. "Caso a Google Brasil não atenda a notificação, o MPF poderá responsabilizar a empresa civil e criminalmente", afirma a instituição.

Audiência

Nesta quarta-feira (9), está marcada uma audiência de executivos do Google na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pedofilia no Senado. Devem ser ouvidos Hohagen e o diretor de comunicação, Félix Ximenes.

Os senadores querem explicações da empresa a respeito dessa denúncia da Safernet. Procurados pela Folha Online, os representantes da empresa não foram encontrados para comentar o caso.

Lan house é condenada por crime de cliente em SP

Lan houses e outros centros de acesso à internet oferecem um serviço que pode causar prejuízo a terceiros e são os responsáveis judicialmente caso algum usuário pratique uma conduta ilícita. Com esse entendimento, inédito no País, o juiz Ulysses de Oliveira Gonçalves Júnior, da 39ª Vara Cível de São Paulo, obrigou a lan house Maifa Café Ltda., na zona leste da cidade, a indenizar em R$ 10 mil uma administradora de empresas ofendida por um de seus clientes.

O Maifa oferecia acesso à internet em computadores fixos e também a possibilidade de conexão sem fio para clientes do café. Durante a investigação do caso, descobriu-se que o endereço IP (internet protocol) da conexão do agressor era do local, ou seja, o e-mail foi enviado de um computador que usava o sistema da lan house. Todos os usuários dos computadores fixos eram obrigados a preencher cadastro de identificação, como manda lei estadual. Ocorre que, como o e-mail não foi enviado de nenhuma máquina fixa, concluiu-se que partiu de laptop que usou a rede sem fio.

Decepcionada em não poder identificar o autor dos e-mails em que era acusada de ser desonesta, má profissional e em que sua família era ofendida, a administradora de empresas decidiu processar a lan house. "Quem disponibiliza terminais de computadores ou rede sem fio para uso de internet assume o risco do uso indevido desse sistema para lesar direito de outrem, exemplo do que sucede no caso dos autos", afirmou o juiz, com base no Código Civil.

"Considero a decisão muito importante, porque dá mais segurança a todos que usam a internet", afirmou o advogado da administradora, Renato Opice Blum, especialista em Direito da Internet.

"A decisão surpreendeu e nós vamos recorrer", rebateu o advogado do Maifa Café, Marcel Leonardi, professor de Responsabilidade Civil na Internet da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV). "Eu poderia até entender se o juiz dissesse que a lan house foi negligente e deveria se responsabilizar pelo prejuízo, mas usar a teoria do risco (o argumento do Código Civil), com todo o respeito, foi um exagero".

Movimento nos EUA busca garantir a neutralidade da rede na Internet

As grandes empresas de cabo e telecomunicações querem se transformar em guardiãs que gravam com um “imposto” os provedores de conteúdos para garantir uma conexão rápida para seus dados. Também querem acelerar o acesso dos seus próprios websites e atrasar o acesso de seus concorrentes.

Um crescente movimento em prol da "neutralidade da Rede" —fator chave para preservar uma Internet livre e aberta— deu um passo significativo, no dia 13 de fevereiro, quando o representante democrata de Massachussets, Edward Markey, apresentou na Câmara de Representantes um projeto de lei destinado a impedir que os provedores de serviços de Internet de banda larga possam retardar o tráfego da Internet ou cobrar tarifas adicionais aos provedores de conteúdo para diferenciar a velocidade de acesso aos websites. O representante republicano Chip Pickering, do Missouri, é co-patrocinador do projeto de lei.

O "Internet Freedom Preservation Act" (projeto de lei de preservação da liberdade da Internet) seria uma emenda à Lei de Comunicações de 1934, que define o marco jurídico das telecomunicações norte-americanas. Segundo o resumo do projeto de lei: "O Internet Freedom Preservation Act tem como propósito avaliar e promover a liberdade da Internet para os consumidores e os provedores de conteúdos. A liberdade da Internet abrange, de modo geral, a noção de que os consumidores e os provedores de conteúdo deveriam ter a liberdade de enviar, receber, ter acesso e usar as aplicações legais, conteúdos, e serviços que eles escolham nas redes de banda larga… e que os produtores de conteúdo não tenham que pagar tarifas adicionais nem discriminatórias aos provedores de acesso de banda larga. Estes princípios gerais também são freqüentemente conhecidos como ' neutralidade da rede'".

O projeto de lei também dispõe que a Comissão Federal de Comunicações —FCC na sua sigla em inglês— convoque pelo menos oito "cúpulas de banda larga" em todo o país. Timothy Karr, de Free Press, comenta: "Este projeto de lei leva o tema para fora de Washington —e longe das influências corruptoras do lobby das telecomunicações— e permite envolver comunidades do país que desejam usufruir das enormes vantagens econômicas e sociais de uma Internet aberta".

A neutralidade da Rede remete ao princípio de que todo o tráfego da Internet deve ser tratado com igualdade, descartando que os provedores de Internet possam interferir ou discriminar o tráfego na Web por critérios como origem, destinatário, conteúdo ou propriedade. O movimento pela neutralidade da Rede é liderado pela coalizão Save the Internet (Salvar a Internet), coordenada pelo grupo de direitos midiáticos Free Press. Save the Internet argumenta que "com a neutralidade da internet, a única função da rede é movimentar dados e não escolher quais dados são privilegiados com um serviço de mais alta qualidade".

As grandes empresas de cabo e telecomunicações querem se transformar em guardiãs que gravam com um “imposto” os provedores de conteúdos (por exemplo, websites, ou seu blog) para garantir uma conexão rápida para seus dados. Também querem acelerar o acesso dos seus próprios websites e atrasar o acesso de seus concorrentes. De acordo com Save the Internet, elas têm um novo enfoque sobre a auto-estrada da informação: "desejam reservar as vias rápidas para seus próprios conteúdos e serviços —ou para as grandes corporações, que podem se permitir o luxo de pagar os caros pedágios— deixando o resto de nós em um precário caminho de pedras".

Save the Internet é uma coalizão composta por uma surpreendente gama de organizações e setores, que vão desde o ACLU (União Americana de Liberdades Civis) até a Coalizão Cristã —profundamente conservadora; desde sindicatos como SEIU e Teamsters até associações de jogadores na Internet. A coalizão também incorpora grupos progressistas —feministas, ambientalistas e grupos de direitos civis ou de educação-.

O trabalho organizativo de Save the Internet e de outros grupos de consumidores conseguiu, inclusive, introduzir o tema da neutralidade da Rede na campanha presidencial. A maioria dos democratas apóia a proposta e a maioria dos republicanos opõe-se a qualquer nova "regulamentação governamental", como gostam de chamá-la. Barack Obama é quem mais claramente apóia a neutralidade da Rede e já ofereceu dar ao tema uma alta prioridade em sua administração.

Os grandes grupos empresariais que se opõem à neutralidade da Rede argumentam que Save the Internet e outros tentam "regulamentar" a Internet. Os defensores respondem que são as empresas como Comcast e outras gigantes da banda larga que estão tentando controlar a Internet e que tentam operar uma reengenharia da atual “arquitetura aberta” da Internet, para transformar este meio em um feudo privado de acesso rápido. Segundo Save the Internet, "apesar de todo o seu discurso sobre a “desregulamentação”, os gigantes do cabo e das telecomunicações não desejam uma concorrência real. Desejam regras especiais escritas a seu favor".

Um sistema escalonado não é nenhuma eventualidade longínqua. O Washington Post aponta: "William L. Smith, chefe de tecnologia da BellSouth Corp., com sede em Atlanta, disse a jornalistas e analistas que um provedor de serviços de Internet, tal como sua empresa, deveria poder, por exemplo, cobrar mais do Yahoo Inc. pela oportunidade de que seu website de buscas seja carregado mais rapidamente que o do Google Inc." Mais do que isso, dado que grande parte do tráfego mundial da Internet passa pelos EUA, os consumidores de todo o mundo também sofreriam as conseqüências de um sistema escalonado.

Para lutar contra a neutralidade da Rede, as empresas de cabo e telecomunicações vêm investindo milhões de dólares em esforços de lobby no Congresso e, inclusive, criaram e financiaram organizações "Astroturf" (ou seja, grupos de "base" artificiais, financiados por grupos industriais), como Hands Off the Internet (Mãos Fora da Internet) e NetCompetition.org. Scott Cleland, representante deste último e consultor em telecomunicações, apresentou recentemente o estranho argumento de que os defensores da neutralidade da Rede são "antipropriedade": "Todo o mundo se vangloria da palavra 'aberto'; dizem que o que é aberto é maravilhoso. Mas 'aberto' significa comunitário. Significa sem proprietários". Cleland não explicou por que as grandes empresas de cabo e telecomunicações deveriam ter um controle exclusivo sobre uma propriedade que durante muito tempo esteve em mãos de pessoas, no mundo todo.

Uma Internet de “velocidade paga” teria um impacto particularmente negativo para as organizações políticas de base, muitas das quais aproveitam a Internet para difundir suas mensagens. Segundo Save the Internet, “aumentarão rapidamente os custos para colocar e compartilhar vídeos e clips de áudio; seriam silenciados os bloggers e cresceriam as grandes empresas midiáticas. As atividades de organização política poderiam ser dilatadas, devido ao punhado de provedores dominantes de Internet que pedem aos grupos promotores dos candidatos o pagamento de uma tarifa para utilizar a 'via rápida'".

Outra notícia relacionada, é que os defensores dos consumidores já arquivaram queixas contra Comcast, diante da FCC, alegando que este gigante da banda larga provoca atrasos ou bloqueia certos tipos de conteúdo, como a troca de arquivos "peer-to-peer" (entre pares). Em seus comentários à FCC, na terça-feira passada (12), Comcast argumenta que o manejo do tráfego da rede exige certas ações razoáveis, para garantir que os usuários de programas de troca de arquivos, como BitTorrent, não retardem o acesso de outros usuários. As políticas da FCC apóiam a neutralidade da Rede, mas este será o primeiro caso que ponha a prova sua atuação na matéria. Sendo que a maioria dos votos na FCC está em mãos de republicanos designados por Bush, este caso estará na mira, tanto dos partidários, quanto dos opositores da neutralidade da Rede.

Em conjunto, a lei proposta e a queixa apresentada à FCC são um indicador de que o movimento pela neutralidade da Rede tomou a ofensiva. Mas para que ele tenha sucesso, todos aqueles nos beneficiamos de uma Internet livre precisamos estar unidos e fazer ouvir nossas vozes.

Cerca de 41% dos provedores dependem da Embratel, diz pesquisa

Uma pesquisa realizada entre os pequenos provedores de internet traz alguns fatos interessantes e até então desconhecidos: existem 1.761 provedores que provêem serviços de banda larga, e eles estão presentes em 74,2% dos municípios brasileiros. E mais: o custo da infra-estrutura para estes provedores pode ser mais de 10 vezes mais alto em cidades fora dos grandes centros.

Os provedores pesquisados são ligados às associações Abramulti, Abranet, Abrappit, Global Info e Internetsul. O levantamento foi realizado entre janeiro e março deste ano e coordenado pelo Teleco juntamente com estas associações. Foram ouvidos 405 provedores (23% do total). São em geral micro-empresas (64,9%) e pequenas empresas (32,3%).

Esta amostra representa cerca de 250 mil a 400 mil assinantes de banda larga ativos, segundo o levantamento. Destes provedores pesquisados, 73,1% oferecem serviços de conexão com velocidades menores que 250 Kbps, 63,7% têm serviços a velocidades entre 250 Kbps e 500 Kbps e 32,2% têm serviços entre 500 Kbps e 1 Mbps. Cerca de 71% destes provedores não oferecem mais conexão discada e 68,4% prefere as plataformas de distribuição baseadas em rádio (spread spectrum).

Maior fornecedor

A pesquisa mostrou que a Embratel é a maior fornecedora de conexão com o backbone da internet a estes provedores (41,2%), seguida da Oi (31,6%), Brasil Telecom (26,9%), Telefônica (12,3%) e GVT (3%).

O valor médio mensal pago pelos provedores por uma conexão de internet de 1 Mbps está na faixa de R$ 400/R$ 800 para 9,1% dos provedores; R$ 800/R$ 1,2 mil para 31,6% dos provedores; R$ 1,2 mil/ R$ 1,8 mil para 32,6% dos provedores entrevistados; e de R$ 3,5 mil/R$ 4,5 mil para 4,4% dos provedores.

Segundo Ricardo Lopes Sanchez, diretor da Abrapitt e membro do conselho consultivo da Anatel, nem mesmo os provedores estimavam que houvesse um número tão expressivo de clientes atendidos por estas empresas. "O número de 400 mil assinantes de banda larga deixa clara a importância do pequeno provedor. A pesquisa também deixa claro o peso do custo do principal insumo deste mercado. É um absurdo que se pague de R$ 400 a R$ 4,5 mil pelo mesmo backbone de 1 Mbps", protesta.

A pesquisa mostra ainda que para 73% dos provedores, a base de assinantes é formada 90% por clientes em áreas urbanas, sendo cerca de 70% pessoas físicas.

A maior parte dos provedores pesquisados (70%) tem a maior parte de sua base contratando serviços de menos de 250 Kbps. No caso dos assinantes corporativos, o serviço contratado está na faixa entre 250 e 500 Kbps em cerca de 48% dos provedores.

A pesquisa é parte do esforço institucional destes pequenos provedores para serem reconhecidos junto a autoridades e congressistas como um segmento importante do mercado de telecomunicações. Eles reclamam não apenas do tratamento discriminatório no caso do fornecimento da infra-estrutura pelas teles, mas também de pouca participação em discussões de políticas públicas. Temem também que políticas do governo buscando incentivar a instalação de banda larga em escolas por parte das teles acabem prejudicando os negócios destas pequenas empresas, já que se pode criar condições de competição não isonômicas.