Com um discurso afinado com os desejos do governo brasileiro, o presidente honorário da Telmex, Carlos Slim, encontrou-se nesta quarta-feira, 24, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e prometeu trazer novos investimentos para o Brasil em 2008. A promessa é injetar mais de R$ 2 bilhões no próximo ano, focando na expansão da cobertura de sua operadora celular, a Claro, e nos programas de inclusão digital defendidos pelo governo.
“A Claro está investindo muito para aumentar sua capacidade, sua presença nacional e sobretudo no que se chama 3G. Os investimentos são muito importantes. São mais de R$ 2 bilhões para 2008”, resumiu.
A conversa de mais de meia hora girou em torno da disposição do grupo mexicano de participar mais ativamente dos projetos de inclusão digital dos brasileiros. Ao sair do Palácio do Planalto, Slim se disse disposto a trabalhar mirando esses programas, mais especificamente as iniciativas de alfabetização digital.
“Falamos da importância da banda larga, de aumentar mais a penetração da telefonia. Pensamos que, assim como cresceu de maneira muito importante a telefonia celular, impulsionar a banda larga é um projeto que pode se sustentar muito bem nesse contexto dos computadores populares”, avaliou Slim, lembrando que hoje já se vende mais computadores do que televisores no Brasil. “Esse é um dado impactante que vai facilitar a implementação da banda larga”, complementou.
Mercado
Slim tentou se mostrar tranqüilo quanto a decisão da Anatel de conceder anuência prévia à entrada da Telefônica no bloco de controle da Telecom Italia. Com o extenso conjunto de restrições imposto pela agência reguladora, a Claro não teria com o que se preocupar, nas palavras do executivo. “Está muito boa a decisão condicionada a que se defina o que eles vão fazer. Não atrapalha que elas se juntem. O que queríamos e o que pedimos é que se defina claramente o que elas irão fazer”, afirmou o executivo.
Ele disse ainda não ter tomado conhecimento pleno das restrições impostas pela Anatel. E destacou ainda que o importante é perceber que um acordo acionário não significa necessariamente que as empresas atuem como sócias tecnológicas. “São coisas que não têm nada a ver.”
Sem saída, mas prestigiado
Apesar do discurso tranqüilo, a equipe de Slim estava afobada com a insistência dos jornalistas em fazer perguntas sobre este assunto. Os comentários entre os membros de sua comitiva – que incluiu o presidente da Claro, João Cox, e o presidente da Embratel, Carlos Henrique Moreira – eram de que a entrevista deveria ser o mais curta possível. “Temos que tirar ele (Slim) dali porque já está ficando sem saída”, comentou um dos acompanhantes de Slim. O empresário comentou também a sua relação com o ex-ministro José Dirceu. Disse que são amigos, mas que Dirceu não é seu consultor, e que ele era recebido diretamente pelo presidente.
De fato, nas poucas vezes que veio ao Brasil, o homem mais rico do mundo tem mostrado prestígio junto ao governo. Lula abriu espaço em sua agenda para atender Slim reservadamente no mesmo dia em que encontrou, de uma só vez, com 97 empresários de diversos setores para discutir planos de investimentos futuros.