Analisando-se os números das cidades a serem atendidas pelas vencedoras do leilão de 3G, fica fácil entender por que estas cidades não haviam sido até hoje cobertas pelas operadoras celulares, e provavelmente não seriam se não houvesse a obrigação colocada no edital.
As mais de 1,8 mil cidades do pacote de obrigações das teles congregam pouco mais de 15 milhões de habitantes, ou aproximadamente 8% do total nacional. No entanto esta população representa apenas 3% do consumo de bens e serviços no País, segundo o IPC (Índice Potencial de Consumo), da pesquisa Brasil em Foco 2008. Ou seja, é uma população dispersa geograficamente (média de pouco mais de 8 mil habitantes por município), com baixo poder aquisitivo.
À exceção da Brasil Telecom, que por permanecer dentro de sua área de concessão original acabou com um número menor de cidades para atender, as demais operadoras fizeram uma divisão equilibrada dos compromissos de atendimento.
O número de habitantes nos municípios a serem atendidos por cada uma é bastante próximo: 3,029 milhões para a Oi; 3,51 milhões para a Claro; 3,85 milhões para a TIM e 3,9 milhões nas cidades da Vivo. A Brasil Telecom atenderá 760 mil habitantes em suas novas cidades.
O IPC de cada grupo de cidades também é bastante equilibrado. A Oi pegou as cidades que, somadas, têm o menor potencial de consumo: apenas 0,59% do IPC nacional. Na outra ponta, as cidades a serem cobertas pela TIM têm 0,83% do consumo nacional de bens e serviços, uma diferença pequena. Claro e Vivo ficaram com 0,74% do IPC cada uma, em suas novas regiões. A Brasil Telecom cobrirá apenas 0,21% do consumo nacional em suas novas cidades.
A TIM também ficou nas cidades que, somadas, têm o maior número de domicílios (965 mil) e mais linhas fixas instaladas (227 mil). A área mais fraca nestes quesitos coube, de novo, à Oi, que atenderá cidades onde há hoje 729 mil domicílios e 128 mil linhas fixas instaladas, só ganhando da BrT, que cobrirá 208 mil domicílios, em uma área com apenas 67,8 mil linhas telefônicas instaladas.