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Lei Azeredo é ressuscitada na Câmara

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) emitiu opinião favorável à aprovação do projeto de Lei Sobre Crimes de Informática (PL 84/99), também conhecida como “Lei Azeredo”.

O projeto já passou também pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. O próximo passo agora é ir para o plenário da Câmara. Caso aprovado, restaria apenas a aprovação do presidente para a chamada “Lei Azeredo” entrar em vigor.

O texto apresentado pela CCJ apresenta algumas modificações em relação ao projeto original enviado pelo senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) à Câmara em 2008.

De acordo com o texto, provedores de acesso terão que armazenar os logs de acesso de seus usuários para serem usados na apuração de crimes digitais. O projeto também considera crime a troca online de arquivos protegidos por direitos autorais.

O novo texto do projeto de lei tomou como base a Convenção de Budapeste, legislação internacional sobre crimes eletrônicos firmada em 2001. O Brasil não é signatário da Convenção de Budapeste.

A tramitação da “Lei Azeredo” vai na contra mão do projeto do Marco Civil da Internet, conduzido pelo Ministério da Justiça durante este ano. Em suma, o Marco Civil, que contou com consulta pública durante sua elaboração, determinaria as responsabilidades e obrigações de usuários, servidores e do Estado no uso da internet no Brasil.

No momento, o projeto tramita na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara e pode ser aprovado ainda neste ano.

Internet fecha segundo trimestre com 196 milhões de domínios no mundo

O número global de nomes de domínios da Internet cresceu mais de 3 milhões no segundo trimestre de 2010, de acordo com o "Dossiê sobre a Indústria de Domínios na Internet", publicado pela VeriSign. Com isso, são agora 196,3 milhões de nomes de domínios registrados, crescimento de 2% em relação ao primeiro trimestre de 2010. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, os registros cresceram 12,3 milhões, ou 7%.

 

Os domínios .com e .net ultrapassaram os 100 milhões, encerrando o trimestre com um total de 101,5 milhões de domínio registrados. Somente no segundo trimestre foram 7,9 milhões de novos registros .com e .net, um aumento de 13% em relação ao ano passado. A taxa de renovação de domínios .com e net para o segundo trimestre foi de 73,2%, um aumento em relação aos 72,1% do primeiro trimestre.

 

América Latina

Na América Latina, o crescimento da base de domínios .com e .net foi de 1,4% no segundo tri em comparação com o período anterior deste ano. Com isto, os países latinos encerraram o segundo trimestre de 2010 com mais de 2,1 milhões de registros de nomes de domínios .com e .net. Mais detalhes podem ser obtidos no site www.verisign.com/dnib-br

PGMU III pode atrapalhar o Programa Nacional de Banda Larga

A proposta do 3º Plano Geral de Metas e Universalização (PGMU III) é baseada no barateamento do Serviço de Telefonia Fixa Comutada (STFC), mas as metas da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) também atingem o acesso à internet. No entanto, o efeito não será necessariamente positivo. Pelo contrário, ele pode servir como uma trava ao Programa Nacional de Banda Larga (PNBL).

O PGMU III mantém sob controle das operadoras de telefonia fixa as redes secundárias de transmissão de dados (backhauls), responsáveis pela conexão entre o usuário final e as redes primárias (backbones). Assim, caberá a Telebrás pagar às operadoras para utilizar os serviços dos backhauls, já que ela deve precisar da infraestrutura privada para complementar sua rede própria, estatal, e chegar a mais municípios. Para Guilherme Varella, advogado o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), "não há como implementar a banda larga sem passar pelo backhaul. É preciso uma atitude pró ativa da Telebrás para antecipar essas lacunas".

Como está no papel, as empresas de telefonia fixa, responsáveis por 68% da oferta de banda larga no país, podem inviabilizar a envergadura da estatal reativada – a Telebrás – que pretende levar internet a velocidade de 512Kbps por até R$ 35 ao usuário, bem como da gratuidade para instituições públicas, metas prometidas pelo Governo Federal para o PNBL.

Atualmente, as empresas que controlam a rede de troncos (backhaul e backbone) já dificultam a concorrência na oferta da internet, ao cobrar valores altos pela utilização das centrais de transmissão de dados (voz, vídeo, teleconferência e etc). No PGMU III, o valor a ser pago pela Telebrás e demais interessadas só será regulamentado após a renovação dos contratos, marcada para o fim de 2010. No entanto, a Anatel não fixou uma data para edição desse novo regulamento. Nas negociações, a Associação Brasileira de Concessionárias de Serviço Telefônico Fixo Comutado (Abrafix) já ameaça barrar a tentativa da Anatel de regulamentar a tarifação do backhaul.

Por enquanto, não há garantia que a Telebrás terá algum tipo de desoneração ou prioridade pelo uso da infraestrutura das teles.Varella defende que a utilização das redes secundárias de transmissão pela Telebrás parte de definição política e que é preciso rever a lógica do PGMU III, na qual se reserva primeiro as áreas que mais interessam ao mercado e depois libera-se o restante para o governo atender.

O Acesso Individual Classe Especial (Aice) também não garante que as empresas privadas vão acoplar internet a preços acessíveis para as classes C e D, ao alegar a prática ilegal do subsídio cruzado – transferência nos benefícios de um serviço. Porém a advogada Flávia Lefèvre Guimarães, da Proteste, (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) afirma que o subsídio cruzado está na essência do PGMU, nesse caso, na obrigatoriedade de expandir os backhauls, bem como aumentar sua velocidade.

Legalidade

Outra irregularidade apontada por Flávia é que as operadoras não podem acumular dois serviços, segundo o artigo 86 da Lei Geral de Telecomunicações (LGT), de 1997. Por isso, parcela significativa dos backhauls foi repassada para empresas de telecomunicações sem qualquer licitação e cobrança específica, ou melhor, de graça, e retornam para posse do poder público em 2025, já sem a mesma validade, devido ao crescimento da internet via 3G e TV por assinatura, por exemplo. "Vamos insistir que a inclusão das metas de backhaul são ilegais", sintetiza a advogada.

A Proteste entende que, se as redes privadas permanecerem nos contratos de concessão, elas devem ser bens da União e não das concessionárias. Caso contrário, estaria ocorrendo uma apropriação de um bem público, que é a rede de acesso à internet. A Associação levou a questão à Justiça, por meio de uma Ação Civil Pública, em maio de 2008.

A proposta contida no PGMU para baixar o valor da tarifa básica do telefone fixo também foi criticada pela Proteste. “O Aice valerá só para os inscritos no Cadastro Único do Governo Federal. Isto além de ser discriminatório e, portanto, ilegal, economicamente não é interessante para os mais pobres, que continuarão a preferir o pré-pago móvel, onde pagam apenas pelos minutos utilizados”, diz a nota pública emitida pela Associação.

Fiscalização

O secretário geral da Federação Iterestadual dos Trabalhadores em Telecomunicações (Fittel), João de Moura Neto, acredita que as metas propostas pelo PGMU III são ousadas. O desafio, segundo ele, é o cumprimento delas por parte das concessionárias. “Se a Anatel permitir que as operadoras usem formas de burlar, não vai adiantar nada”, critica.

A preocupação do sindicalista vem das críticas que a Anatel sofre por não fiscalizar a contento os serviços de telecomunicações como um todo. Ele lembra, por exemplo, que as reclamações dos usuários sobre os serviços de telefonia são recebidas pelas próprias empresas. “É a raposa tomando conta do galinheiro”, diz João de Moura Neto, que, assim como a Proteste, defende que a internet deve ser entendida como um serviço em regime público e não privado como é hoje.

Outras metas

Além das metas de ampliação da rede das operadoras, o PGMU III também propõe o aumento da capacidade das redes. A proposta é que as novas taxas de velocidade sejam quatro vezes maiores do que as que foram fixadas no PGMU II, que está em vigor até o fim deste ano. No entanto, as operadoras concessionárias só precisariam oferecer a capacidade quando houver demanda local.

A partir de janeiro de 2011 as sedes municipais devem ter disponível backhaul instalado pelas concessionárias de telefone fixo na modalidade local, observadas as seguintes capacidades: 1) Em todos os municípios até 20 mil habitantes, a meta é 32 Mbps (era 8 Mbps e 16 Mbps na consulta anterior, em função do tamanho da cidade); 2) Entre 20 mil e 40 mil habitantes, 64 Mbps (era 32 Mbps); 3) Entre 40 mil a 60 mil, 128 Mbps (era 64 Mbps); 4) e em municípios com mais de de 60 mil habitantes, a meta é de 256 Mbps (contra 128 Mbps anteriormente proposto).

França começa a “caçar” internautas que realizam downloads ilegais

A lei anti-downloads francesa começa a entrar em funcionamento, com o governo daquele país iniciando a “caça” aos internautas que realizam downloads ilegais. Segundo o jornal espanhol El País, os provedores (ISP’s) locais já receberam a primeira lista de endereços IPs e agora eles têm a missão de identificar os titulares, suspeitos de baixar músicas e filmes ilegalmente.

Os ISP’s agora terão oito dias para identificar seus titulares e retornar as informações para as autoridades governamentais. Estas, por sua vez, de posse dos dados, enviarão uma primeira advertência por escrito aos internautas identificados, avisando que downloads ilegais foram detectados em seu computador e exigindo que ele interrompa a prática. Caso mais downloads sejam detectados, o titular receberá uma segunda notificação. Na terceira, ele será multado e sua conexão, cortada.

A primeira lista de IPs contém centenas de direções. Os provedores de acesso são obrigados a fornecer a identidade e o endereço do titular. A empresa que não o fizer será multada em 1500 euros para cada IP não identificado.

As sociedades de gestão, um dos setores responsáveis pela execução da lei, podem enviar às autoridades francesas até 150 mil IPs por dia. A partir daí, há uma seleção de endereços IPs, que são enviados aos provedores de acesso. Por enquanto, estima-se que 10 mil IPs foram filtrados apenas no caso de downloads musicais.

Um dos problemas enfrentados pelos provedores está nos custos adicionais gerados pelo rastreamento e identificação destes IPs, uma despesa que as empresas do setor não querem arcar.

Outra polêmica que envolve a lei anti-downloads francesa é que ela prevê punições tanto ao autor do download ilegal quanto aquele que é o titular da conexão, que não teria tomado as devidas precauções para impedir a prática por parte de terceiros.

Velocidade da banda larga deve ser meta de política pública?

As políticas de massificação da banda larga devem estabelecer metas de velocidade de dados a serem alcançadas? Esta foi uma das perguntas que dividiu os reguladores e governantes presentes ao seminário sobre banda larga organizado pela Ahciet, que ocorre em São Paulo.

Para Mindel de La Torre, chefe do birô internacional da agência reguladora norte-americana, a FCC, é importante que os governos estabeleçam metas númericas de velocidade de dados, para poderem avaliar os efeitos da política e seus resultados. Nos Estados Unidos o governo definiu, entre outras metas, que até 2015 todas as residências terão acesso à conexão banda larga de pelo menos 100  Mbps."Sabemos que é uma meta difícil de se atingir, e iremos reavaliá-la dentro de dois ou três anos", afirmou.

O representante da União Europeia, Paulo Lopes, por sua vez, afirmou que também a Europa preferiu estabelecer metas numéricas de conexão à banda larga, para sinalizar aos países integrantes do bloco os desafios a serem enfrentados. A Europa prevê acesso à banda larga a 30 Mbps para toda a população; e 50% dos lares com acesso a 100 Mbps até 2020.

Já para o coordenador de inclusão digital, Cezar Alvarez,o governo brasileiro não acha imprescindível estabelecer metas de velocidade, visto que a velocidade a ser entregue é aquela "socialmente demandada". Já o professor Raul Katz, da universidade de Columbia, defende que pelo menos nas grandes cidades latino-americanas, como São Paulo, Bogotá ou Caracas as redes tenham capacidade mínima de 5 Mbps, para conseguirem manter  o mesmo nível de produtividade a dos países industrializados.