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Brasil precisa investir em TIC para estimular desenvolvimento afirma Ipea

O Brasil precisa ampliar os investimentos em Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) se quiser estimular a pesquisa e o desenvolvimento. A área de TICs inclui setores de equipamentos e serviços tecnologicamente avançados.

 

Essas tecnologias contribuem de forma significativa para os ganhos de produtividade em todos os setores da economia e têm importância estratégica para o desenvolvimento do país, destaca o boletim Radar do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do bimestre setembro-outubro.

 

De acordo com o documento, o setor de TICs é responsável por parcela significativa dos esforços privados em pesquisa e desenvolvimento (P&D). O estudo cita como exemplo os Estados Unidos, onde as empresas desses setores respondem por cerca de 35% do total de P&D investido por empresas privadas norte-americanas.

 

O Ipea ressalta que, diante do crescente debate público sobre telecomunicações no Brasil, é de fundamental importância a produção de estudos e análises que possam contribuir para a formulação e implementação de políticas públicas para o setor. Deve-se, para isso, buscar convergência tecnológica com as tendências do mercado global.

 

O ideal, de acordo com o estudo do Ipea, é saber para onde caminha a fronteira tecnológica do setor para o país alinhar as diferentes políticas públicas na mesma direção. Fator que servirá de apoio determinante para o fortalecimento da produção científica e tecnológica brasileira e para construir vantagens competitivas que permitam ao país ser um ator relevante em nível mundial. O estudo foi produzido pela Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura (Diset) do Ipea.

MP 495, que prioriza tecnologia desenvolvida no Brasil, racha a Abinee

A Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee) não tem uma posição oficial sobre o assunto que mais tem preocupado a indústria de telecom: a MP 495, editada em julho e que altera as regras de contratação da Lei 8.666/93. A medida dá ao governo a possibilidade de realizar licitação restrita a produtos e serviços produzidos e desenvolvidos no Brasil, o que poderá deixar as multinacionais de fora das compras da Telebrás, um mercado de R$ 6 bilhões até 2016.


O não posicionamento da entidade em um assunto tão importante se explica pelo fato de que dentre as associadas estão as companhias nacionais, reunidas em torno do Grupo de Empresas Nacionais de Tecnologia, o Gente. Houve uma reunião há menos de duas semanas com representantes do grupo Gente, que é formado por Padtec, CPqD, Trópico, AsGa, Icatel, Gigacom, Datacom, Digitel e Parks, e o grupo de telecomunicações da Abinee. Nessa reunião, as companhias nacionais não abriram mão da defesa da MP.

A ideia da Abinee, que também representa empresas multinacioniais do setor eletro-eletrônico, inclusive de telecomunicações, era tentar barrar a MP no Congresso, já que até novembro ela precisa ser votada. Mas como a associação só age quando há consenso, a posição contrária das associadas do Gente paralisa a Abinee. Em entrevista à revista TELETIME de setembro, Aluizio Byrro, chairman da Nokia Siemens e vice-presidente da Abinee, comentou os impactos da MP 495/2010 para o setor de telecomunicações.

Antenas inteligentes prometem nova geração de TVs digitais

Antenas inteligentes, bem como o uso de uma técnica chamada equalização adaptativa, poderão ser utilizadas para as transmissões de telefonia celular e TV digital, trazendo uma melhor qualidade de recepção e uma maior taxa de transferência de dados mais elevada.

Esta é a conclusão da pesquisa realizada pelo engenheiro eletricista Marcelo Augusto Costa Fernandes, da Unicamp.

Gargalos sem fios

Segundo o pesquisador, os atuais sistemas de comunicação sem fio já estão operando próximas de sua capacidade máxima, e sua expansão vai passar necessariamente pelo uso intensivo de arranjos de antenas inteligentes.

O estudo resultará em melhorias de uso imediato para a recepção dos sinais dos sistemas de comunicação CDMA (Acesso Múltiplo por Divisão de Código) – utilizado na terceira geração de celulares de banda larga – e OFDM (Orthogonal Frequency-Division Multiplexing) – usado na TV digital e em outros sistemas de comunicações.

"A situação atual é apenas a ponta do iceberg, pois até as previsões menos otimistas apontam para um crescimento significativo das comunicações sem fio nos próximos anos. São poucas as pessoas hoje que estão usando transmissão de dados via celular e, seguramente, esse mercado vai explodir," prevê Marcelo.

O mesmo raciocínio, segundo ele, vale para a expansão da TV digital. A situação ganhou tanta importância que o governo federal voltou a bancar projetos nessa área, visando melhorar a recepção dos sinais em ambientes internos e em receptores móveis de alta velocidade.

Cuidado na compra das TVs digitais

O estudo tem um resultado prático imediato para o consumidor, principalmente das novas TVs digitais, que ainda não contam com todos os melhoramentos técnicos possíveis.

O pesquisador afirma que muitas pessoas ainda comprarão modelos desatualizados, que, por saírem na frente, não puderam ser totalmente otimizados. "O próprio consumidor deixará de adquirir esses modelos e, naturalmente, outros com qualidade superior surgirão", avaliou.

A velocidade com que as novidades entram e saem do mercado é tão grande que os consumidores não conseguem acompanhar essa evolução. Por exemplo, a quantidade de informação necessária para se realizar uma boa compra de um aparelho de televisão hoje é "absurda", na opinião do engenheiro eletricista.

"Os novos televisores de LCD e LED possuem várias etiquetas afixadas em sua estrutura, com diversas siglas que muita gente nem sabe o que significa," disse Marcelo. E isso não acontece apenas no Brasil. Trata-se de um fenômeno mundial, em que nem os lojistas possuem todas as informações necessárias para orientar os compradores. É preciso oferecer treinamento especializado até aos vendedores, na avaliação do engenheiro.

Muitos modelos de televisão digital que incorporam um conversor interno já são anunciados o tempo todo. .

Com relação aos conversores existentes no mercado atualmente, Marcelo explica que é não é muito fácil saber quais são os de boa qualidade, pois a má cobertura do sinal digital pode mascarar a qualidade do receptor.

Antenas inteligentes

Segundo o pesquisador, seu estudo mostra que os arranjos com antenas inteligentes poderão melhorar a condição de recepção da TV digital onde o sinal de vídeo digital é fraco demais.

"O que vai ocorrer é a entrada de novas versões de aparelhos de TV no mercado, com a incorporação de antenas inteligentes. Os fabricantes com certeza deverão produzir novos aparelhos com essas antenas adaptativas", sinalizou.

Por outro lado, as propostas de novas estruturas de recepção propostas pela pesquisa não implicam em alterações nos transmissores, o que é um fator positivo. Se as emissoras tivessem que trocar ou adaptar os transmissores, o problema seria enorme, porque é onde se encontra o maior investimento já realizado.

O receptor – o aparelho de TV ou celular – é a parte mais barata do processo e o preço tende a cair. "Há cerca de um ano, não havia televisores com conversor integrado e as pessoas eram obrigadas a adquirir o set-top-box. Hoje já se compra a TV com o receptor integrado. Nos próximos anos, novos aparelhos com essas características já estarão no mercado. Essa evolução não cessará," afirmou Marcelo.

No que diz respeito à telefonia dos celulares de terceira geração, quando se menciona a banda larga de transmissão, fala-se em cerca de 1 megabit/segundo de velocidade. Certamente, nos próximos anos, as pessoas estarão exigindo bandas bem superiores, talvez de até 100 megabits/segundo.

O vídeo que se assiste hoje no celular é de baixa definição, no entanto, em breve as pessoas assistirão TV de alta definição no celular e vão querer baixar vídeos com alta velocidade. "É possível que essas melhorias obtidas apenas com antenas inteligentes nem sejam suficientes para essas novas tendências", comparou.

Velocidade das inovações

Marcelo observa que o momento atual é bastante interessante, se pensarmos que a janela de tempo entre desenvolvimento de pesquisa e produto final diminuiu sensivelmente. Em um prazo de um ano já é possível obter um protótipo de laboratório e, depois de seis meses, ele pode ser colocado em escala de produção. "Entre um e dois anos é possível se obter um equipamento em escala industrial", assegurou.

Marcelo esclarece que esses ganhos de produtividade resultaram do avanço da tecnologia de software embarcado e de hardware desenvolvido com prototipação rápida, diminuindo significativamente o tempo entre o projeto de pesquisa e o produto final.

Esse cenário está permitindo aos laboratórios de universidades, como o ComLab da Unicamp, a se especializarem nessa área para desenvolver protótipos eletrônicos avançados para as empresas, coisa inimaginável há alguns anos.

"É uma mudança de paradigma que está valorizando o trabalho realizado no meio acadêmico, pois alia resultados teóricos e aplicados em sistemas eletrônicos inteligentes", ressaltou o pesquisador.

Governo eletrônico tem poucos serviços para o cidadão

A estagnação do governo eletrônico no Brasil foi um dos principais temas debatidos durante o 15º Conip – Congresso de Informática e Inovação na Gestão Pública, que se realiza esta semana em São Paulo e reúne representantes das diversas esferas do setor público. "O governo eletrônico se tornou apenas um canal a mais de comunicação", apontou Vagner Diniz, organizador do evento, levantando uma polêmica: "O governo eletrônico no Brasil morreu ou está apenas em crise?". Diniz destacou que dos 132 trabalhos inscritos nesta edição do Conip pelos gestores públicos, mais de 50% são ações para a gestão pública. "Os trabalhos voltados para o cidadão não chegam a 30% dos projetos apresentados", informou.

Na avaliação de Diniz, "o serviço de informação do governo, hoje, fala para si mesmo", enquanto a sociedade vai criando seus canais, por meio das redes sociais. "Os serviços de governo eletrônico no Brasil evoluíram muito voltado para dentro, e não para o cidadão", acrescentou Alexandre Barbosa, do Cetic.br (Centro de Estudos sobre as TICs). O secretário adjunto de Gestão Pública do governo de São Paulo, Marcos Monteiro, admitiu que os portais são, de modo geral, focados na arredação de impostos e que os governos precisam enfrentar o desafio de inserir no e-gov os direitos dos cidadãos.

O presidente da Abep, a entidade que reúne as empresas estaduais de TI, Joaquim Costa, admitiu que há um descompasso entre a necessidade da população e o que o governo oferece em serviço. Ele, no entanto, discorda "um pouco" da visão de Diniz, quando apresenta como negativo os números relativos a projetos da gestão da interna. "Como foi dito pelo João Batista (diretor da SLTI, do Ministério do Planejamento) esta estruturação interna do governo é absolutamente necessária para prestar serviços de qualidade". De acordo com Costa, se não existir uma gestão interna eficiente, não há como prestar, de forma eletrônica, um bom serviço.

Outro dado que levou os congressistas a discutirem a crise no governo eletrônico veio da pesquisa TIC Domicílios, do Comitê Gestor da Internet (CGI.br). De acordo com a mostra,  em 2008, 34% da população tinham acesso à internet; no entanto, entre os mais de 50 milhões de usuários da web, apenas 25% acessaram um portal de e-gov nos últimos 12 meses. Entre os 75% que não acessaram nenhum serviço de e-gov, 53% responderam que preferem o atendimento presencial, 20% se preocupam com a segurança de dados e 17% consideram os portais muito complicados.

Empresas superam média de adesão ao Software Livre

O TIC Empresas 2008, estudo divulgado pelo Comitê Gestor da Internet, nessa terça-feira (28), revela um dado significativo para a comunidade adepta do software livre no país. A média nacional de uso do código aberto em 2008 ficou em 26%. O levantamento constata ainda que 61% das grandes empresas possuem algum tipo de sistema baseado no software livre. A menor adesão ainda está nas pequenas empresas, mas ainda assim, 22% delas admitiram ter algum sistema em código aberto.

O dado é relevante observou o secretário da Sepin, do Ministério da Ciência e Tecnologia, Augusto Gadelha. Isso porque, segundo ele, mundialmente, esse índice médio não supera a casa dos 10%. E é bom frisar que o TIC Domicílios 2008 leva em conta apenas as empresas privadas. Não foram ouvidas empresas públicas e/ou de capital misto, onde há uma política de adesão ao software livre. De acordo com o levantamento, nos últimos dois anos – 2006 a 2008, o índice de adoção do código aberto variou, respectivamente, entre 28% a 26%. Essa ligeira queda, segundo os responsáveis pelo levantamento, não significa uma menor adesão ao código aberto.

Segundo eles, essa queda é resultado da elevação da base das empresas pesquisadas. Em 2008 foram ouvidas 1668 empresas contra pouco menos de 1000, em 2007, sendo que às de menor porte teriam que ter de 10 a 49 funcionários. As empresas com menos de 10 funcionários não foram ouvidas para o estudo, explicou Alexandre Cappri, do CETIC.br. "Acredito que, agora, com a crise, a adesão ao código aberto será ainda maior. E não estamos levando nesta pesquisa, os dados governamentais, onde a presença do código aberto é maior. O Brasil, certamente, é um dos países indutores do uso do software livre", sublinhou Gadelha, da Sepin.

Os responsáveis do TIC Empresas 2008 não entraram em detalhes com relação como o software livre é adotado nas empresas. A pergunta do estudo se ateve ao uso ou não uso do código aberto. Nas grandes empresas (acima de 250 funcionários) – 61% responderam ter algum tipo de aplicação em código aberto. Nas médias empresas, com 50 a 249 empregados, esse percentual ficou em 44%. Nas pequenas empresas – com 10 a 49 empregados – o índice fica em 22%. Na média, em 2008, 26% das empresas pesquisadas usaram o código aberto e 73% adotaram o software proprietário. Em 2007, esses percentuais ficaram, respectivamente, em 28% e 71%.