Governo eletrônico tem poucos serviços para o cidadão

A estagnação do governo eletrônico no Brasil foi um dos principais temas debatidos durante o 15º Conip – Congresso de Informática e Inovação na Gestão Pública, que se realiza esta semana em São Paulo e reúne representantes das diversas esferas do setor público. "O governo eletrônico se tornou apenas um canal a mais de comunicação", apontou Vagner Diniz, organizador do evento, levantando uma polêmica: "O governo eletrônico no Brasil morreu ou está apenas em crise?". Diniz destacou que dos 132 trabalhos inscritos nesta edição do Conip pelos gestores públicos, mais de 50% são ações para a gestão pública. "Os trabalhos voltados para o cidadão não chegam a 30% dos projetos apresentados", informou.

Na avaliação de Diniz, "o serviço de informação do governo, hoje, fala para si mesmo", enquanto a sociedade vai criando seus canais, por meio das redes sociais. "Os serviços de governo eletrônico no Brasil evoluíram muito voltado para dentro, e não para o cidadão", acrescentou Alexandre Barbosa, do Cetic.br (Centro de Estudos sobre as TICs). O secretário adjunto de Gestão Pública do governo de São Paulo, Marcos Monteiro, admitiu que os portais são, de modo geral, focados na arredação de impostos e que os governos precisam enfrentar o desafio de inserir no e-gov os direitos dos cidadãos.

O presidente da Abep, a entidade que reúne as empresas estaduais de TI, Joaquim Costa, admitiu que há um descompasso entre a necessidade da população e o que o governo oferece em serviço. Ele, no entanto, discorda "um pouco" da visão de Diniz, quando apresenta como negativo os números relativos a projetos da gestão da interna. "Como foi dito pelo João Batista (diretor da SLTI, do Ministério do Planejamento) esta estruturação interna do governo é absolutamente necessária para prestar serviços de qualidade". De acordo com Costa, se não existir uma gestão interna eficiente, não há como prestar, de forma eletrônica, um bom serviço.

Outro dado que levou os congressistas a discutirem a crise no governo eletrônico veio da pesquisa TIC Domicílios, do Comitê Gestor da Internet (CGI.br). De acordo com a mostra,  em 2008, 34% da população tinham acesso à internet; no entanto, entre os mais de 50 milhões de usuários da web, apenas 25% acessaram um portal de e-gov nos últimos 12 meses. Entre os 75% que não acessaram nenhum serviço de e-gov, 53% responderam que preferem o atendimento presencial, 20% se preocupam com a segurança de dados e 17% consideram os portais muito complicados.

0

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *