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Ministra Iriny Lopes reafirma disposição de diálogo com a mídia

Iriny Lopes é a ministra do governo Dilma que mais vem enfrentando críticas na mídia nas últimas semanas por conta de suas iniciativas à frente da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), ao se posicionar diante de casos recentes de sexismo na mídia – campanha “Hope ensina”, violência doméstica na novela “Fina Estampa” e assédio sexual no quadro “Metrô Zorra Brasil”, ambos da Rede Globo.

Mas, mesmo diante das reações negativas e das duras críticas a essas iniciativas, que incluíram até ofensas pessoais, a ministra Iriny Lopes manteve a disposição de debater ideias, propostas e posicionamentos nas entrevistas a vários veículos de imprensa. Em todas respondeu aos mesmos questionamentos: houve censura? tentativa de interferência? falta de humor?

Uma mudança de perspectiva dos jornais?

Após as primeiras reações negativas à ministra e à SPM, nos últimos dias a imprensa tem aberto espaço para uma nova abordagem da polêmica, desta vez a partir de uma perspectiva de fato jornalística.

Será que o comportamento vexatório de alguns colunistas e repórteres teria provocado reflexão nas redações? As referências desrespeitosas à ministra Iriny Lopes e as ofensas pessoais expuseram as vísceras do sexismo ainda reinante nas redações?

Na cobertura da polêmica sobre a publicidade da Hope entraram também em discussão os limites éticos do jornalismo.

 

Pesquisa aponta lacunas em cobertura jornalística sobre direitos das mulheres

Abordagem sobre mulheres na política focada majoritariamente na disputa presidencial de 2010, violência contra as mulheres reduzida a caso de polícia e, nos dois temas, ausência de enfoque em políticas públicas. Estas são algumas deficiências da cobertura jornalística brasileira identificadas pelo projeto Monitoramento da Cobertura Jornalística como estratégia para a promoção da equidade de gênero.

Realizado pela ANDI, Instituto Patrícia Galvão e Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, o monitoramento analisou a cobertura de 16 jornais de todas as regiões brasileiras em 2010 – quatro deles com circulação nacional –, observando os temas Mulheres e Política, Mulheres e Trabalho e Violência Contra as Mulheres.

Para Jacira Vieira, pesquisadora e diretora-executiva do Instituto Patrícia Galvão, o ano de 2010 foi marcado por presença importante do tema Mulheres e Política nos veículos pesquisados. "Há uma significativa produção midiática nos espaços de opinião, impulsionada pela candidatura expressiva de duas mulheres, Dilma Rousseff e Marina Silva. Então foi um ano excepcionalmente singular, por si só justificaria o interesse jornalístico pelo tema”, explica.

Apesar disso, o ponto negativo na cobertura é exatamente o enfoque quase que total nas eleições presidenciais, assunto presente em 40,99% das 231 notícias analisadas. "Isso é desfavorável. Porque no futuro pode ser que a gente não tenha um cenário de mulheres concorrendo, e aí não vai haver destaque jornalístico para o tema nas mulheres na política?”, questiona.

Entre as lacunas da cobertura, aponta a ausência de matérias sobre ações de estímulo à participação feminina na política. "Foi um tema quase ignorado, a imprensa garantiu apenas espaço residual”, ressalta.

De fato, apenas 4,24% das matérias trataram da Lei Eleitoral, embora a norma tenha sofrido mudanças importantes para o estímulo das mulheres na política. Uma minirreforma determinou que os partidos devem preencher cota de 30% de mulheres candidatas, ao invés de apenas reservar esse percentual para as mulheres. "Isso teve cobertura mínima, o tema não recebeu a devida atenção e faltou profundidade”, afirma.

Sobre a temática Violência Contra as Mulheres, a pesquisadora e editora-chefe da Agência Patrícia Galvão, Marisa Sanematsu, considera que há uma cobertura importante e significativa, quando mais de 20% das 1.506 matérias pesquisadas tiveram chamadas nas capas dos veículos. "A violência doméstica é um dos temas mais abordados, visto como um crime, não mais como uma coisa privada”, comemora.

Por outro lado, a pesquisadora enfatiza que "não falta quantidade, mas falta qualidade”. Isso porque as matérias têm enfoque policial, privilegiando abordagem individual do caso, presente em 73,78% das notícias analisadas. Até mesmo as chamadas nas capas têm apelo sensacionalista.

35,10% dos textos sobre violência cometida contra mulheres são publicados nas seções de notícias locais. Os cadernos policiais ficam com 15,70%, enquanto nos espaços opinativos estão menos de 6% das matérias, o que dá uma mostra da abordagem pouco reflexiva sobre o tema.

"A violência não é problematizada, não é vista como algo que tem a ver com políticas públicas e legislação. Por isso, as fontes mais ouvidas, 25,83%, são representantes policiais, delegados e delegadas. São ouvidos ainda especialistas, porém geralmente são advogados, e não estudiosos do assunto”, critica. A sociedade civil representa apenas 1,41% das fontes procuradas por jornalistas.

Marisa conclui que a cobertura é pouco crítica. 96% dos textos não fazem referência a serviços de denúncia ou atendimento às vítimas de violência, enquanto mais de 86,67% das notícias não mencionam nenhuma das legislações existentes na área. Apenas 2,13% das notícias sobre o assunto abordaram políticas públicas. Outro problema diz respeito à Lei Maria da Penha, muito citada, mas de conteúdo ainda pouco conhecido, segundo a pesquisadora.

"À mídia falta fazer seu papel de fiscalizador, crítico do Estado e prestar serviço, indicando locais onde as mulheres possam denunciar e procurar ajuda”, assinala.

Por fim, ela espera que o estudo cumpra seu papel de "apontar os pontos positivos, mas fazer a crítica à cobertura, apontando caminhos para que a mídia possa contribuir a esse esforço contra a violência de gênero”, arremata.

 

 

Cobrar por conteúdo? Principais jornais discutem a questão

A imprensa brasileira, assim como a economia, vive um momento diferenciado do que a européia e norte-americana. Enquanto nessas o consumo de jornais impressos já está estagnado e começa a cair, no Brasil o aumento da escolaridade e da renda faz a procura por informação crescer.

De olho nessa tendência de mercado, o 8° Seminário Nacional de Circulação da ANJ (Associação Nacional de Jornais) realizado em São Paulo nos dias 29 e 30/8 focou o futuro das publicações.

Para Antônio Manuel Teixeira Mendes, diretor-superintendente do Grupo Folha, oferecer várias versões do jornal em plataformas digitais atrai o público jovem.

"O jornal não é o suporte onde ele está [papel]. Considero que os jornais têm um futuro brilhante pela frente nos meios digitais", afirmou Mendes durante o evento.

Segundo a Folha de S.Paulo, as empresas de comunicação do País chegaram à conclusão de que esse é um bom momento para comercializar esse tipo de material, que pode gerar grande receita com a mudança de hábito dos leitores e com o aumento constante da publicidade online.

Agregar valor

"A cada dia em que não cobramos por nosso produto, estamos reforçando a ideia de que a informação é gratuita", afirmou no evento Walter de Mattos Júnior, presidente do Grupo Lance!.

Marcello Moraes, diretor-geral da Infoglobo, afirmou que os testes devem ocorrer nos próximos seis meses. "O tempo está a nosso favor, o que não é o caso nos mercados maduros", disse.

Para Silvio Genesini, presidente do Grupo Estado, o setor precisa se mostrar mais coeso em relação à cobrança do conteúdo digital.

Blogs são fonte de informação para 28% dos brasileiros, diz pesquisa

Os blogs de notícias são uma fonte de informação permanente para 16% dos brasileiros, cerca de 21 milhões dos 135 milhões de eleitores que estavam aptos a votar na eleição do ano passado. Outros 12% da população recorrem à blogosfera “às vezes”, o equivalente a 16 milhões de eleitores.

Os dados fazem parte de uma pesquisa periódica sobre a popularidade do governo feita pelo instituto Sensus a pedido da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). A mais recente edição foi divulgada na última terça-feira (16/08). Foi a primeira vez que o levantamento tentou descobrir os hábitos dos brasileiros na internet.

“A blogosfera tem sido crescentemente uma fonte de informação. Vinte milhões de eleitores usando a internet para se informar sempre é muita coisa”, disse à Carta Maior o diretor do instituto Sensus, Ricardo Guedes. “Eu, por exemplo, aposentei o jornal escrito.”

A pesquisa buscou apurar também a penetração das três redes sociais mais populares no Brasil, as quais funcionam de alguma forma como fonte de informações ou meio de fazê-las circularem. Entre os entrevistados, 27% declararam que têm Orkut, 15%, que têm Facebook e 8%, Twitter.

Para Ricardo Guedes, de maneira geral, os números revelam uma penetração “muito expressiva” das redes sociais.

A CNT informou, por meio da assessoria de imprensa, que a inserção deste tipo de assunto na pesquisa não teve nenhuma razão especial. Segundo Ricardo Guedes, é importante ter a dimensão do peso da blogosfera e das redes sociais porque elas cada vez mais ajudam a formar a opinião das pessoas e dos eleitores.

De acordo com a pesquisa, 25% dos brasileiros (33 milhões de eleitores) dizem usar a internet “diariamente”, enquanto 10% utilizam “alguns dias por semana”. Há ainda 19% que disseram que não tem internet nem em casa, nem no trabalho, mas que pretendem ter nos próximos 12 meses.

New York Times será comandado por uma mulher pela 1ª vez na história

Jill Abramson será a primeira mulher a comandar o "The New York Times" nos quase 160 anos de história do jornal, anunciou nesta quinta-feira a própria publicação, que detalhou que a formada em Literatura e História pela Universidade de Harvard assumirá o cargo de editora-executiva no próximo dia 6 de setembro.

Abramson substituirá Bill Keller, que passará a ser articulista do jornal, e terá um novo diretor de redação: Dean Baquet, até então responsável pelo escritório de Washington e ex-diretor do "Los Angeles Times".

"Na casa em que cresci, o 'Times' substituía a religião. Se o 'Times' dizia algo, era uma verdade absoluta", afirmou ao jornal a própria Abramson, uma nova-iorquina de 57 anos casada e mãe de dois filhos.

Abramson foi contratada pelo "New York Times" em 1997, vinda do "The Wall Street Journal", e chegou a ser a responsável pela redação em Washington em 2000, até que, em 2003, voltou a Nova York, onde se tornou uma das mais próximas colaboradoras de Keller e forte candidata a substituí-lo.

Keller, 62 anos, dirigiu o diário "durante 8 anos de grande distinção jornalística, mas também de diminuição de receita e cortes em todo o setor", segundo o jornal, e se retira de seu posto por sua própria vontade.

"Jill e Dean formam uma poderosa equipe. Jill foi minha companheira na tarefa de manter o 'Times' forte nos anos tumultuosos. Como braço direito, terá alguém que administrou um grande periódico americano em tempos difíceis. Essa é uma valiosa habilidade", assegurou Keller.

Segundo o "Times", Baquet, 54 anos, foi diretor nacional do diário antes de ocupar o posto de chefe de redação do "Los Angeles Times" em 2000, onde chegou a ser diretor de redação até que, em 2006, "seus esforços para evitar novos cortes dificultaram as relações com os proprietários desse periódico".

Na opinião do presidente do "The New York Times", Arthur Sulzberger, a ex-repórter investigativa é "a escolha perfeita para liderar a nova fase na evolução do "Times" rumo a uma organização informativa multimídia profundamente comprometida com a excelência jornalística", ressaltou.

"Ela já demonstrou seu grande instinto ao escolher Baquet como diretor de redação", acrescentou Sulzberger, detalhando que desde o ano passado Abramson trabalhou na integração do trabalho entre as edições impressa e digital.

Além disso, a nova diretora-executiva esteve envolvida no desenvolvimento do sistema de cobrança implantado recentemente pelo diário para sua edição digital e que estabelece a cobrança aos usuários que consultem mais de 20 artigos por mês.

Após o anúncio das mudanças na direção, as ações da companhia editora do jornal caíram 1,56% na Bolsa de Nova York, onde neste ano já perdeu 22% de seu valor.