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Banda larga chega a 76% das escolas de Porto Alegre

Através da infovia Procempa – Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre – 71 escolas das 93 escolas da cidade de Porto Alegre já desfrutam de acesso banda larga. Na última sexta-feira, 14/03, mais três escolas da prefeitura foram interligadas à Infovia Procempa – rede de fibras ópticas com 355 km de extensão – através da conexão em banda larga wireless (sem fio) da Companhia.

Passaram a fazer parte da Infovia, as escolas municipais de Ensino Fundamental Grande Oriente do Rio Grande do Sul e Presidente Vargas, e também a de ensino infantil, Érico Veríssimo, localizadas no bairro Porto Seco.

Agora, o acesso à Internet de alta velocidade da Procempa está presente em 71 unidades da Secretaria Municipal de Educação (Smed), abrangendo o percentual de 76% das 93 escolas que formam a rede municipal de ensino.

Para a vice-diretora da EMEF Grande Oriente, Jaqueline Riedi Souza, a interligação das escolas à Infovia via redes wireless tem como principal benefício a inclusão digital dos alunos do sistema público da Capital.

"A medida gera, ainda, agilidade no processo educativo. Pelo rápido acesso à Internet viabilizado poderemos incluir nos currículos do ensino fundamental programas de ensino à distância", declara. O acesso banda larga à Internet integra o projeto Wireless Educação, que recebeu em 2007 o investimento de R$ 2,8 milhões.

Com a conclusão do projeto, a economia anual na rede escolar será de R$ 1 milhão, através da redução de gastos com transmissão de dados  corporativos, telefonia e conexão à Internet. A finalização do Wireless Educação estenderá a infra-estrutura de redes sem fio a todo o território de Porto Alegre.

Telefonia VoIP

Todas as escolas municipais conectadas à Infovia passaram a utilizar a Rede Digital de Telefonia Municipal (RDTM) por meio da tecnologia VoIP, que promove a transmissão de voz pela rede de dados, acarretando significativa diminuição de despesas com chamadas telefônicas.

Isso porque a rede de dados não está sujeita à tarifação das ligações da telefonia convencional, calculada em função de distâncias e horários de uso estabelecidos pelas operadoras. Para a vice-diretora da EMEI Érico Veríssimo, Joseane Jobim Paniz, a adoção da telefonia VoIP facilitará o trabalho administrativo da escola e os contatos diários com a Smed. "Só tínhamos uma linha de telefone. Agora teremos três", comemora.

Cidade de SP testa carteira escolar com PC

SÃO PAULO – A cidade de Serrana, no interior de São Paulo, testa uma tecnologia que coloca o PC na carteira do estudante. Chamada de carteira digital, o projeto foi desenvolvido pelo ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e consiste em transformar as carteiras escolares em computadores. 

Para montar o PC na carteira, um monitor LCD de 17 polegadas com tecnologia multitoque é embutido na mesa do estudante. Na parte debaixo, é montado um PC com processador Intel Celeron, memória flash para armazenar dados e placa para conexão Wi-Fi. Todos os computadores usam distribuição Linux.

Segundo o ministério, o custo das carteiras é cerca de R$ 800. A prefeitura de Serrana espera implementar 100 carteiras do tipo para testes ao longo deste ano.

Para tocar a tela e escrever sobre ela, os estudantes usam uma caneta comum. A prefeitura testa ainda modelos sem a tecnologia multitoque, com uso de teclado e mouse.

O custo das carteiras, no momento, é maior que laptops educacionais, como o XO da OLPC ou o ClassMate da Intel. A idéia do MCT, no entanto, é explorar diferentes alternativas de inclusão digital.

Segundo o MCT, o projeto da carteira digital foi exibido em feira de tecnologias aplicadas à educação nos Estados Unidos.

Programa do MEC capacitará 100 mil professores e gestores da rede pública de ensino

A partir de abril, o Ministério da Educação (MEC) implementará um amplo projeto de formação de professores e gestores da rede pública de ensino para utilização de tecnologias da informação em sala de aula. É o Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional (ProInfo Integrado), cuja meta é capacitar 100 mil participantes somente neste ano. Os interessados já podem fazer suas inscrições nas secretarias de educação de seus Estados.

De acordo com o secretário de Educação a Distância do ministério, Carlos Eduardo Bielschowsky, o Proinfo Integrado faz parte de um conjunto de ações voltadas para a dinamização da sala de aula. Ele avalia que para garantir essa melhoria, é necessário ir além da distribuição de laboratórios de informática, oferecendo cursos aos professores e também conteúdo pedagógico adequado.

O secretário lembra que a expectativa é formar 240 mil professores até 2010. “Ao final deste ano, já teremos em média cinco professores preparados para inserir ferramentas inovadoras em cada escola beneficiada pelo ProInfo Integrado”, afirmou, em notícia publicada no site do MEC.

O programa oferecerá, durante os meses de abril, maio e junho, dois cursos. O primeiro, com carga horária de 40 horas, é de introdução à educação digital. Ele tem como objetivo familiarizar, motivar e preparar os professores para a utilização de recursos básicos de computadores e internet. O segundo, cuja carga horária é de cem horas, abordará o potencial pedagógico das tecnologias, preparando os professores para planejar e utilizar as tecnologias da informação e comunicação (TICs) em situações de ensino e aprendizagem na escola.

De acordo com o MEC, os dois cursos serão oferecidos de forma independente. Num primeiro momento, eles serão destinados aos professores e gestores de escolas da rede pública de ensino que tenham recebido laboratórios de informática do ProInfo, a partir de 2005. Os computadores adquiridos já trazem o sistema operacional Linux Educacional, software livre especialmente criado para as escolas públicas brasileiras, contendo diversos conteúdos e ferramentas de produtividade.

Professores da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro recebem laptops

Rio – Os 30.866 professores da rede estadual, da 6º série ao 3º ano do ensino médio começam a receber a partir desta segunda-feira laptops do governo do Estado. Os docentes também terão acesso gratuito à internet em casa ou em qualquer local do Estado. A primeira remessa de laptops será entregue nesta segunda-feira no Ciep da Mangueira.

Cada professor ganhará um CD de ensino à distância composto de quatro módulos. No primeiro – Introdução à Informática – os professores entrarão em contato com os conceitos de inclusão digital e de como a tecnologia pode transformar o aprendizado dentro e fora da sala de aula. Na segunda etapa, programas como Excel, Word e Power Point serão apresentados de forma a melhorar a apresentação das aulas.

No 3º módulo – Viajando pela Web – os docentes terão informações sobre a rede mundial de computadores e aprenderão a fazer pesquisas em sites educativos e buscar informações em ferramentas como o Google, Wikipedia, Blogs etc. Por último, um módulo totalmente dedicado à criação da dinâmica de aula a partir dessas novas tecnologias.

A entrega dos laptops para os docentes da rede estadual é resultado de uma ação conjunta das secretárias de Educação, Casa Civil e Proderj (Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Rio de Janeiro) sob a coordenação da Secretaria de Governo. Os professores receberão os computadores em regime de comodato por tempo indeterminado. Eles poderão esclarecer dúvidas através de um suporte técnico disponível via call center, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, ou via e-mail. O suporte funcionará nos primeiros três meses após o início da distribuição dos equipamentos.

Estudo da Unicamp aponta que política de inclusão digital pode estar equivocada

As políticas de inclusão digital, que estimulam o uso de computadores nas escolas, podem estar gravemente equivocadas, de acordo com um estudo realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A pesquisa mostra que o uso de computadores para fazer tarefas escolares está relacionado ao pior desempenho dos alunos – principalmente entre os mais pobres e mais jovens.

O trabalho, coordenado por Jacques Wainer, do Instituto de Computação, e por Tom Dwyer, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, utilizou dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2004. 'Existe hoje uma posição dominante favorável ao uso do computador nas escolas, como se ele estivesse associado a uma melhoria uniforme no desempenho do aluno. Mas constatamos que ocorre o contrário: entre alunos da mesma classe social os que sempre usam têm pior desempenho', disse Wainer.

Do ponto de vista de políticas públicas, o estudo aponta que é preciso entender melhor o fenômeno do impacto dos computadores nas notas dos alunos antes de defender a inclusão digital baseada na distribuição de tais equipamentos. 'Idéias como a de dar um laptop para cada criança parecem péssima opção, principalmente considerando que ele piora o desempenho escolar entre as crianças mais pobres. Corremos o risco de transformar a inclusão digital em uma exclusão educacional', afirmou Wainer.

Segundo ele, a pesquisa foi derivada do Mapa da Exclusão Digital, publicado pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro em 2003. O documento apontava um melhor desempenho no Saeb entre os estudantes que tinham computador em casa.

O documento, segundo Wainer, dava um argumento favorável às políticas de inclusão digital. 'Mas havia problemas metodológicos. Em geral quem tem computador em casa são os alunos mais ricos, que normalmente têm melhor desempenho. Para eliminar esse viés resolvemos considerar a classe social e focar no uso para tarefas escolares.'

O Saeb de 2004, segundo Wainer, prestava-se ao propósito, uma vez que incluía uma pergunta sobre a freqüência com que os alunos utilizavam o computador para tarefas escolares – nunca, raramente, de vez em quando e sempre.

'Usamos esses dados sobre alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio e pudemos avaliar a variação do desempenho nas provas de matemática e português de acordo com a classe econômica, dividida em sete estratos', explicou o professor do Instituto de Computação da Unicamp.

Os resultados, segundo Wainer, mostraram que, na 4ª série, os estudantes de classe alta que usaram raramente o computador para as tarefas tiveram, em média, 15 pontos a menos do que os que nunca o fizeram – tanto em português quanto em matemática.

Dentre os mais pobres os que usaram o computador, mesmo raramente, tiveram nota pior do que os que nunca usaram, com uma diferença média de 25 pontos em português e 15 pontos em matemática. 'O resultado mais importante, no entanto, surgiu quando os estudantes disseram sempre usar o computador. Entre esses, não importou a classe social ou disciplina, o desempenho foi sempre pior do que entre os que nunca usaram', disse Wainer.

Entre os alunos da 8ª série, o quadro foi semelhante, mas houve uma melhora na prova de português entre os alunos que usaram raramente o computador. Em matemática, a diferença não foi significativa. 'Mesmo assim, na 8ª série os mais pobres que usaram raramente ainda se saíram pior do que os que nunca usaram. Entre os mais ricos, os alunos que usaram raramente estiveram um pouco melhor do que os que não usaram', contou Wainer.

Em matemática, para a maioria das classes sociais da 8ª série, os alunos que usaram raramente o computador se saíram melhor do que osque nunca o fizeram. 'Por outro lado, quem usou sempre teve desempenho pior do que os que nunca usaram, em todos os casos', destacou Wainer. Todos os dados passaram por teste de significância estatística, para eliminar o chamado ruído estatístico.

Segundo Wainer, a pesquisa constataapenas estatisticamente que os alunos que sempre usam o computador para suas tarefas têm pior desempenho. Mas não há dados para explicar por que o uso intenso piora as notas e por que o efeito é mais grave entre crianças de classes sociais mais baixas. 'Só podemos especular sobre os motivos.Para conhecê-los será preciso que outros especialistas utilizem ferramentas diferentes para realizar estudos qualitativos. O importante é destacar que os resultados são coerentes com outros estudos internacionais', afirmou.

O pesquisador destaca que a avaliação de que o computadoré uma ferramenta neutra é equivocada. 'Como o computador é bom para nós, professores, por exemplo, tendemos a achar que ele é útil para todos. Mas ele não é uma solução mágica para a educação', disse Wainer.