Arquivo da tag: Convergencial Digital

Operadoras MMDS não abrem mão do espectro de 2,5 GHz

As operadoras de MMDS – TV por assinatura via microondas – não aceitam qualquer tipo de negociação referente ao uso do espectro – 190 MHz – antes de 2014, prazo que termina a concessão do uso do espectro de 2,5GHz pelo governo.

O conflito de interesse amplia no Brasil em função da regulamentação pela UIT do WiMAX como IMT-2000 (Serviços Móveis Avançados). O presidente da Neotec, José Luiz Frauendorf, reiterou que as operadoras, que enfrentaram dificuldades para viabilizar seus negócios, têm total interesse em ofertar serviços "triple play" e não vêem qualquer razão de haver uma discussão em torno de "uso adequado de espectro".

"Agora que o patinho feio está virando cisne, querem discutir? Não vejo assim. O importante é que o WiMAX Forum e a própria Anatel homologue equipamentos em 2,5 GHz para que possamos investir mais", destacou. A questão do 2,5GHz ganha contornos importantes porque as concessionárias de telefonia pleiteiam maior quantidade de espectro para a oferta integrada de serviços.

Há uma parcela da comunidade que acredita que as operadoras de MMDS não utilizaram o espectro como deveriam, e agora, com novas tecnologias, poderia ocorrer uma realocação da freqüência. O presidente da Neotec, José Luiz Frauendorf, diz que essa é uma discussão totalmente fora da realidade.

"O Brasil é um dos países mais avançados no uso da faixa de 2,5GHz em função das operadoras MMDS. Estamos no WiMAX Forum desde o início. E com os planos da Sprint Nextel de fazer a rede nacional WiMAX em 2,5GHz, ganhamos ainda mais conhecimento. A Sprint dispõe de 120 MHz e a Clearwire, de 176 MHz para a aposta no WiMAX", destaca Frauendorf.

"O que tem que acontecer, e para ontem, e cobramos isso do WiMAX Forum é a certificação dos produtos em 2,5GHz, já que, hoje, o projeto utilizam equipamentos que não são oficialmente certificados da Nokia Siemens e Motorola. Isso não é bom para o mercado", completa o presidente da Neotec.

Posição também defendida pelo diretor da Jet – ex-Acom Comunicações, Carlos Barreiros. Ele afirma que possui planos para investir em WiMAX, desde que os projetos "fechem as contas". "Hoje é impraticável investir em WiMAX com os custos apresentados pelos fornecedores. A diferença entre o cabo e o WiMAX é muito alta. Os preços precisam baixar e muito", afirmou o executivo.

Com relação à freqüência de 2,5GHz, Barreiros também não vê qualquer motivo de uma discussão com relação ao uso dedicado às operadoras MMDS. "Compramos espectro e temos licença até 2014. Até lá, não empresto, não dou. E usarei o que precisar para expandir meus negócios", declarou o executivo.

A Jet está presente em 10 capitais do Brasil e é uma das pioneiras na oferta do serviço MMDS. Os executivos participaram do WiMAX Brazil Conference & Expo 2007, evento organizado pela Network Eventos, e que acontece na capital paulista.

Governo pode usar Eletronet caso teles não façam inclusão digital

As críticas feitas pelo presidente da TIM, Mario Cesar Araujo, ao uso de estratégias que não funcionaram no passado – caso da Eletronet – não criou constrangimento aos representantes do governo no Futurecom 2007.

Diante de uma platéia basicamente formada por representantes de empresas de telefonia e fabricantes de equipamentos para redes, o Assessor Especial do Presidente Lula e Coordenador do Programa de Inclusão Digital, Cesar Alvarez, fez um alerta: O governo não descarta a possibilidade de utilizar o backbone de 16 mil quilômetros da Eletronet, como uma alternativa para levar a banda larga a todos os seus projetos de inclusão digital.

"O jogo está sendo jogado. Há diferentes atores com diferentes ativos (…) Eu não posso simplesmente descartar 25 mil quilômetros de boa rede", alertou Alvarez. Além disso, o Coordenador de Inclusão Digital também lembrou que o governo pode usar dos seus poderes de compra e normativos, para cobrar das empresas um retorno social que não ocorreu após a privatização.

"Tem tanto a moeda do preço não pago ainda época da privatização como a possibilidade de mais faturamento", explicou. Depois do alerta, Alvarez amenizou o discurso. Disse que a proposta estudada pelo Ministério das Comunicações de substituir os PSTs – Postos de Serviços de Telecomunicações – por uma rede de banda larga nacional pode ser um projeto complementar ao da Eletronet, numa parceria entre governo e a iniciativa privada.

"Eu trabalho no sentido que haja uma complementariedade", destacou o coordenador, que entretanto não fez comentários quanto ao problema do passivo da Eletronet, estimado em mais R$ 600 milhões, prejuízo acumulado nos últimos anos, após a decretação de sua falência.

Essas e outras questões relativas à inclusão digital deverão ser tratadas numa renião que ocorrerá no próximo dia 8, no Palácio do Planalto, entre os principais órgãos do governo ligados ao tema. deverão estar presentes, representantes dos Ministérios das Comunicações, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia, do Serpro, entre outros órgãos federais.

WiMAX: Sem acordo, quem perde é o consumidor

Governo, operadoras e a Anatel não conseguem negociar um acordo para viabilizar investimentos e ampliar a oferta de banda larga no Brasil. Cada lado mantém a sua posição e o consenso não acontece. O maior derrotado dessa disputa sem fim é o consumidor brasileiro, impedido de dispor de mais uma alternativa para a contratação de serviços. A indústria também sofre com a estagnação dos investimentos.

Não há vencedores nesse embate. Ao formular o edital da venda de licenças do WiMAX há mais de um ano, a Anatel impediu, sob a justificativa de garantir uma maior competitividade, que as concessionárias de telefonia fixa participassem da disputa nas suas áreas de concessão.

As operadoras rejeitaram a tese e foram à Justiça pleitear o direito de participar também nas suas localidades, uma vez que são serviço público apenas na parte de voz. A tese encontrou eco na Justiça e várias liminares foram concedidas às operadoras.

O governo também não consegue se entender. Ministério das Comunicações e Anatel não chegaram a um consenso, apesar de, reiteradamente, as partes afirmarem que "política pública é com o Minicom, e implementação é com a Anatel". O problema é que nenhuma das partes cedeu e o impasse está mantido.

A crise é grave. A Indústria está à espera da venda das licenças para iniciar novas produções. Muitos pequenos provedores de acesso à Internet apostaram na oportunidade para ampliar os seus serviços nas suas localidades de atuação.

Vale lembrar que estudo do IBGE, divulgado nesta segunda-feira, 17/09, aponta que de 1999 a 2006, os ISPs foram, sim, instrumento de inclusão digital no Brasil. Isso porque eles cresceram 178% e estão presentes em mais de 45% dos municípios do País.

As próprias entidades que representam o setor não se sentendem. Abrafix, por parte das concessionárias, e Telcomp, por parte dos provedores de menor porte, não conseguem sentar à mesa e apresentar uma proposta conciliadora à Anatel. A Agência, por sua vez, diz que só aceita mudar o edital se houver um consenso entre todas as partes envolvidas.

Por fim, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, dispara suas críticas. Segundo ele, a demora na venda das licenças de 3,5GHz e 10,5GHz prejudica o Brasil. "É outra oportunidade que temos com a venda das frequências. Devemos estimular a competição, mesmo utilizando mecanismos de assimetria temporária", destacou.

"Esta é uma proposta que precisa ser considerada. O que não podemos é excluir competidores do acesso às novas tecnologias e, ao mesmo tempo, devemos assegurar a utilização de forma ampla em seu poder competitivo", completou Costa.

O ministro defendeu a sua posição durante participação no evento "Políticas de Comunicação no Ambiente de Convergência Tecnológica" – na Conferência Preparatória de Comunicações, realizada na Câmara dos Deputados.

Anatel deve mudar regulamento para não inviabilizar redes mesh

Diante dos muitos pedidos de mudança no texto do regulamento para Equipamentos de Radiocomunicação de Radiação Restrita, após a consulta pública 809, encerrada semana passada, a Anatel já pensa em mexer no mesmo, para não onerar demais as redes sem fio. Em especial as redes mesh. E em cidades com menos de 500 mil habitantes.

Como está, o texto do regulamento estabelece a necessidade de licenciamento de estação para cada local que exista um Access Point (trabalhando em modo Multiponto) ou Roteador. O que inviabiliza por completo a operação de todos os provedores de internet a rádio e cabo, já que implica pagamento de R$ 1340,00 de TFI no primeiro ano e R$ 670,00 em todos os anos subseqüentes. O texto deverá deixar claro se o pagamento será ou não por cada Access Point.

Segundo Gustavo Gindre, coordenador do Intervozes e membro eleito do Comitê Gestor da Internet do Brasil (CGI-br), que ouviu as explicações da Anatel em reunião no CGI, o texto do regulamento explicitará que as redes sem fio localizadas em cidades com menos de 500 mil habitantes, e que visem interligar mais de um imóvel,pagarão apenas por uma única licença de R$1.340,00, referente ao ponto de interconexão dessa rede com a Internet, independente da potência utilizada.

Só nas nas cidades com mais de 500 mil habitantes as redes sem fio terão que pagar também, além da licença do ponto de interconexão, licenças para cada ponto com potência superior a400mW. Como a maioria dos roteadores vendidos no mecado não ultrapassa 150mW.

Redes comerciais ou sem fins lucrativos que atendam terceiros precisarão ainda pagar outorgas de serviços de comunicação: R$ 300 no caso dos SLP e R$ 9 mil no caso do SCM.

Em artigo publicado esta semana nos sites Fazendo Media e Observatório do Direito a Comunicação, Gindre aborda esses temas e levanta outro ponto polêmico surgido na conversa com a Anatel no CGI-br. Muitas entidades envolvidas com projetos de inclusão digital pedem a retirada do Serviço Auxiliar de Radiodifusão das freqüências entre 2400 e 2483,5 Mhz, uma das melhores partes do espectro para que se faça redes sem fio.

Será que o governo e a Anatel estariam dispostos a desagradar os radiodifusores em nome da inclusão digital?

Mercado Linux vive aquecimento e gera oportunidades de carreira

A demanda de profissionais Linux pelas empresas e de interessados em cursos pelos centros de treinamentos é promissora. Dados do IDC de 2006 revelam que a base instalada Linux no Brasil, cresce 30% ao ano e já está em 64% das empresas brasileiras, um crescimento superior a 50% em relação a 2004.

Este instituto de pesquisas prevê ainda que o segmento continue em expansão a uma taxa média de 30% da base instalada ao ano, superior à área de TI como um todo, que deve crescer de 13% a 14%. Serviços ligados a Linux representam 49% do total de mercado. Até 2009 serão abertas 630 mil novas vagas em TI na América Latina, 466 mil em softwares, sendo 210 mil no Brasil. Atualmente são 892 mil empregos no país, sendo 657 mil em programas de computador.

De acordo com Célio Antunes, presidente do Grupo Impacta Tecnologia, maior centro de treinamento e certificação em TI da América Latina, o mercado mundial de Linux movimentará US$ 35 bilhões em 2008. “Nossa linha de treinamentos em software livre tem crescido mais de 20% ao ano. Treinamos uma média de 400 alunos por mês nestas plataformas”, revela.

O Fórum Internacional de Software Livre (FISL), realizado em abril deste ano, em Porto Alegre, e alguns outros movimentos no mercado, alertaram para a quantidade de oportunidades que o mercado de Linux e software livre trazem para profissionais e empresas. Esta tendência tem se mostrado forte no mercado de trabalho: há vagas abertas, o salário é alto, os cargos têm prestígio e sempre há a chance de aprimorar a carreira no exterior.

No FISL, o assunto foi um dos principais discutidos em meio às palestras técnicas. Sady Jacques, um dos coordenadores deste Fórum, disse que o Brasil deve ser referência em software livre e a qualidade dos técnicos e desenvolvedores locais deve ser a chave para o crescimento. “Acredito que hoje o Brasil já seja um pólo exportador de especialistas e desenvolvedores em código aberto. Cada vez mais temos visto pessoas indo para a Europa e outros lugares do mundo a convite de empresas para trabalhar em projetos open source”, disse.

Outras empresas envolvidas nesse mercado sustentam que nunca o profissional Linux esteve tão valorizado. A demanda alta trouxe o primeiro curso de certificação da Novell; e a Mandriva Conectiva, por exemplo, teve de buscar profissionais com conhecimentos avançados em Linux e experiência em treinamentos para ministrar seus cursos oficiais em entidades parceiras das cidades de Cuiabá e Porto Alegre.

A fabricante de computadores Dell, que recentemente anunciou que vai produzir notebooks com Linux, também teve de sair à caça de profissionais. Em março último, a companhia precisava reforçar o time de desenvolvedores de software com 70 contratações – entre as vagas em aberto existiam muitas para os sistemas operacionais Linux.

Em Goiás, a prova do Tribunal de Justiça do Estado, teve em seu conteúdo 10% de perguntas sobre o Linux. Nos concursos públicos deste estado o índice de procura por profissionais em Linux está aumentando.

David Barzilay, gerente de marketing da Red Hat, líder mundial em soluções open source, afirma que o profissional Linux é bem pago e muito requisitado no mercado porque as empresas estão buscando esses talentos para reduzir custos e pirataria, bem como tentar aproveitar melhor o parque de hardware já existente.

Um exemplo dessa estratégia é o Dataprev, serviço de dados da Previdência Social, que decidiu migrar sua base tecnológica de Windows para Linux. O software livre é usado há mais de nove anos e só na substituição de licenças Office para BROffice, nas 25 mil máquinas em questão, as economias foram da ordem de R$ 35 milhões.

A atual demanda contribui para que o Linux ganhe força. A comunidade é reconhecida pela troca de conhecimento entre seus membros. Por isso, quanto mais pessoas entram nela e a fazem crescer, mais inovações e soluções a comunidade é capaz de gerar.

Não se tem números exatos sobre as oportunidades abertas, mas os especialistas e executivos do mercado concordam que elas são promissoras. O Dataprev já tem 1650 servidores rodando soluções abertas Red Hat e Debian e ainda pretende substituir as plataformas de correio eletrônico Exchange e Outlook, da Microsoft, e suas soluções de banco de dados para o código aberto. Essa substituição gera a necessidade de suporte técnico especializado e mão-de-obra qualificada.

As certificações nesse segmento são fundamentais. A profissão não é regulamentada, não tem conselho e desta forma seu exercício é livre. Ela independe de diploma ou comprovação de educação formal, resultando em auto-regulação da área. A certificação garante, para os gestores e empresários, que aquele profissional contratado é qualificado. Quando um treinamento é “top de linha”, a garantia de qualificação do profissional é maior ainda. No Brasil, já foram aplicadas cerca de quatro mil provas para certificação Linux Professional Institute (LPI) desde 2002.

Empresas como Globo, Ecovias, Correios, Banco do Brasil, Accenture, Siemens, Unimed, Merk Sharp & Dohme, Bradesco, Telefônica, Sabesp, Itaú, USP, Epson, Ericsson, NEC e Serasa são algumas das que capacitaram seus colaboradores nos mais de 20 cursos Linux, Java, J2EE e PHP da Impacta.

Outra vantagem do sistema Linux é que ele é baseado em padrões abertos e provém uma constante troca de informações de uma comunidade imensa de técnicos. Com isso, uma pessoa com conhecimentos em uma distribuição (Red Hat, SuSe, Conectiva, etc.) tem plenas condições de trabalhar com outra. Isso potencializa ainda mais as oportunidades de carreira.