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Amazonas vai instalar rede wireless em 61 municípios

O governo do Amazonas quer implementar, até o final do próximo ano, um amplo projeto de inclusão digital, para abarcar quase a totalidade dos municípios – pretende chegar em 61 dos 62 municípios do estado – com uma rede wireless Wi-Fi, para a oferta de internet gratuita nas cidades.

Segundo o secretário do Comitê Estadual de Política de Informática, Antônio Iran Gadelha, o projeto já foi orçado – e exigirá um investimento inicial de R$ 54,8 mil por cidade – e um custo de R$ 84,4 mil por ano para a sua manutenção. O projeto será tocado em parceria com as prefeituras, a secretaria estadual de planejamento e o Ministério das Comunicaçãos,  que, como Gesac, irá fazer o link entre a rede local e a comunicação via satélite.

Para implementar o programa, no entanto, o governo do Amazonas aguarda a nova licitação do Gesac,prometida para o próximo mês, já que irá precisar de mais conexão  (hoje os pontos Gesac estão presentes em 32 cidades do estado) e mais banda, além dos 258 Kbs disponíveis atualmente . “Estamos há um ano aguardando autorização do ministério, mas se até o final do ano não conseguirmos aumentar a capacidade, teremos que buscar uma solução própria”, afirmou Gadelha.

Segundo ele, 32 prefeituras já se candidataram ao programa, cujo projeto-piloto será lançado no próximo mês, na cidade de Manacapuru, a 100 quilômetros de Manaus. Na parceria, o Ministério das Comunicações banca o satélite (o acesso mais caro), e a formação dos monitores;  o governo estadual arcará com os equipamentos de comunicação, a manutenção da rede wireless, a gerência da rede e com a base de dados; e os municípios terão que ceder as instalações para a instalação dos telecentros e dos postos de serviço de atendimento à população, o pagamento de pessoal e as despesas com águal, luz e telefone.

Active Image TeleSíntese.

Telecentros precisam ser organizados, diz coordenador

O baixo índice de inclusão digital no Brasil não decorre da falta de programas de democratização do acesso à informática e à internet. Para o assessor especial da Presidência da República, Cézar Alvarez, que coordena as ações do governo na área de inclusão digital, o que falta é “diálogo” entre as iniciativas dos ministérios, dos estados e municípios.

“O que falta é diálogo entre essas iniciativas para que elas produzam mais aproveitamento. Por exemplo, tem regiões com mais mobilização e mais peso que acabam tendo dois ou mais centros, e em uma outra região que não tem essa mobilização, a quantidade é zero. A distribuição dos telecentros precisar ser organizada”.

Uma pesquisa da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla) – feita com o Ministério da Educação (MEC) e Instituto Sangari, com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2005 – mostra que 21,1% da população brasileira com idade a partir de 10 anos teve acesso à rede nos três meses anteriores à Pnad, em qualquer local.

No caso de locais de acesso público, como os telecentros, somente 2,1% da população nessa faixa etária manifestou ter freqüentado um centro gratuito frente 10,5% que usou a rede em casa, 8,3%, no trabalho, 5,4% na escola e 4,6% em centros pagos. Alvarez admitiu que ainda é baixo o índice da população com acesso à internet, principalmente no caso da população de baixa renda, mas diz haver uma expansão do acesso. “Os dados da pesquisa são de 2005. Ainda não havia o boom das vendas do programa Computador para Todos”.

Segundo a assessoria de imprensa da Presidência da República, houve um aumento de 46% na venda de computadores em 2006 na comparação com 2005. Ao todo, foram comercializadas 8,2 milhões de unidades, das quais 84% estavam dentro do limite de preço (R$ 2,4 mil) estabelecido pela chamada MP do Bem, a Medida Provisória que estabelece benefícios fiscais. “Na desigualdade de renda do país, mesmo com o equipamento mais barato, há setores da classe C,D e E – que são 70% dos brasileiros – que nunca vão ter renda para comprar um computador, mesmo barato”, afirmou Alvarez.

Nesses casos, ele disse que a estratégia do governo é investir nos laboratórios nas escolas, em telecentros, em centros de acesso à internet e na capacitação de professores e participantes dos projetos de inclusão digital.

O Brasil ainda não tem um levantamento de todos os pontos públicos de acesso à internet. Esse mapeamento deve ser concluído até o final do ano, por duas instituições: o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e o Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais Tecnológicos (Ipso), uma Organização Não-governamental.

No site Inclusão Digital (http://www.inclusaodigital.gov.br/inclusao/outros-programas) são apresentadas as ações do governo de promoção do acesso à tecnologia da informação.

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Centros públicos de acesso à rede ainda são insuficientes

Brasília – O Mapa das Desigualdades Digitais no Brasil, divulgado hoje (7), aponta que os postos públicos de acesso à internet não são ainda em número suficiente para atender a população. E que fatores como a localização dificultam esse acesso a pessoas de baixa renda.

O estudo foi feito pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla), organização internacional com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento tecnológico e científico, com apoio do Ministério da Educação.

Há três semanas, o estudante Sérgio Oliveira, de 45 anos, freqüenta uma sala do Projeto Casa Brasil, na cidade satélite de Ceilândia, a 24 quilômetros de Brasília, em busca de qualificação profissional para aumentar o salário. O projeto, do governo federal, oferece computadores conectados à internet e cursos que aliam tecnologia digital à cultura.

“Essa é uma chance para a população carente ter acesso à internet e se atualizar. Em outros lugares, conectar-se é muito caro”, disse o estudante.

De acordo com o levantamento da Ritla, com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2005, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os centros públicos foram usados por somente 2,1% da população a partir dos 10 anos de idade. Essa parcela prefere se conectar de casa (10,5%), do trabalho (8,3%), da escola (5,4%) e de lugares pagos, como as lan houses (4,6%).

O estado de São Paulo, informa o estudo, tem os melhores índices de acesso popular: 2,4% . No outro extremo, apenas 0,1% da população de Alagoas com menor renda buscou a internet nos postos públicos.

Em todo o país, apenas uma parcela de 0,9% da população de baixa renda acessou a rede gratuitamente, contra 4,5% da população de renda mais alta. O estudo não apresenta o valor da renda da população pesquisada, dividida em dez faixas. E sugere uma revisão das estratégias de expansão dos centros públicos e das desigualdades sociais, que se refletem nos índices de acesso de acesso à internet e, conseqüentemente, no uso das tecnologias de informação e da comunicação.

“Se não formularmos ou apoiarmos, firmes e decididamente, medidas que diminuam as desigualdades existentes ou que limitem sua consolidação, estaremos só reforçando o círculo perverso da exclusão”, conclui o texto.

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Desconto no acesso discado à internet beneficia usuários

BRASÍLIA – As operadoras de telefonia fixa oferecem desde esta sexta-feira planos alternativos de acesso discado à internet, com franquia de 10 horas mensais, por R$ 7,50. A redução representa uma economia de 84% em relação aos valores normais cobrados pelas telefônicas, de acordo com o assessor especial da Presidência da República, José de Aquino.

A expectativa do governo é beneficiar cerca de 10 milhões de usuários, entre os que já conectam a internet por meio de linha telefônica e os que ainda não têm acesso à rede. Brasil Telecom, Telefônica, Oi, Companhia de Telecomunicações Brasil Central (CTBC) e Sercomtel vão disponibilizar o plano.

A medida faz parte do programa Computador para Todos, que desde sua implantação em setembro de 2005 previa iniciativas para baratear o acesso à internet, mas só agora governo e operadoras de telefonia chegaram a um acordo.

As empresas queriam oferecer os descontos só para quem comprou computador com financiamento do governo, mas em telefonia existe o conceito de universalização, não se pode oferecer um serviço só para um determinado grupo – tem que ser para todos, informou Aquino. Ele acrescentou que qualquer pessoa que utilize internet discada pode se cadastrar no plano e que para aderir o consumidor deve entrar em contato com as centrais de atendimento das operadoras e solicitar o serviço.

Para um dos coordenadores da organização não-governamental (ONG) Comitê para Democratização da Informática (CDI), Celso Fernandes, apesar de positiva – porque aumenta o acesso à internet – a iniciativa do governo é uma medida pontual e de impacto limitado. Ele comentou que não há uma abordagem sistêmica sobre que tipo de sociedade da informação queremos' e argumentou: 'A discussão ética, a reflexão crítica sobre o conteúdo têm que vir antes antes da questão tecnológica.

Fernandes questionou o alcance do serviço que, segundo ele, só beneficiará os cerca 21 milhões de brasileiros com acesso a telefonia fixa. E criticou a oferta de planos somente para acesso discado: Nós caminhamos aceleradamente para um nível de acesso rápido, com conteúdos de voz, de áudio e de vídeo que necessitam de internet com alta velocidade, em banda larga.

Segundo José de Aquino, a definição dos planos levou em conta o perfil dos possíveis beneficiados com os descontos. Dos 5.560 municípios brasileiros, apenas 2.000 têm equipamentos de banda larga. Os planos alternativos serão direcionados para um público que, em geral, utiliza internet com acesso discado, afirmou.

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Corrida das cidades digitais agita o mercado de redes

A praça central de Santa Cecília do Pavão não difere muito daquelas encontradas em qualquer cidadezinha do país. Lá está a igreja – nesse caso, de Santa Cecília, rebatizada pelas águas do rio Pavão, que banha o município. Lá estão as pombas empoleiradas nos bancos, as mesas de jogo de dama,alguns aposentados, o coreto abandonado. Mas, nos próximos dias, essa paisagem vai mudar.

Uma torre de vidro está pronta para ser instalada no meio da praça. Dentro dela, uma rede de computadores estará à disposição para que a população ceciliense possa, finalmente, navegar natal internet. 'Será nosso coreto digital', diz o prefeito Edimar Santos (PTB-PR).

O prefeito de Santa Cecília tem internet em casa. Não tinha quando chegou à cidade para trabalhar como agente funerário, nos anos 90. Mas Santos progrediu rápido, ganhou popularidade, montou o grupo Santos, sua empresa do ramo funerário, e foi escolhido para governar a cidade.

Diferentemente do prefeito, o município não cresceu tanto. Por muito tempo, internet continuou a ser tema incomum no cotidiano dos 5 mil habitantes de Santa Cecília do Pavão, município 362 quilômetros ao norte de Curitiba. De base agrícola e com renda per capita de R$ 162, a cidade fica escondida entre montanhas, longe de grandes centros, numa área em que os cabos de telefonia não oferecem banda larga. Não há provedor local de internet. 'Se alguém quisesse acessar a rede, tinha de fazerum interurbano', diz Santos.

Mas há dois meses a prefeitura fechou um projeto para cobrir a cidade com uma rede sem fio. Participaram da iniciativa a Universidade Tecnológica Federal do Paraná, o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e a D-Link, fabricante de equipamentos de rede. Rádios de comunicação WiFi foram instalados no município, interligando a prefeitura a demais órgãos públicos, como biblioteca, posto de saúde e escolas. Uma antena de alta capacidade foi montada sob uma montanha e direcionada para outra, a 60 quilômetros dali, em Londrina. A prefeitura abriu o sinal para a população.

Santa Cecília descobriu a internet. 'Cerca de 250 casas já têm computador', comemora Santos. Agora, o projeto será estendido com a criação desse telecentro na praça central, para conectar os cidadãos que não têm condições de adquirir um PC. Além de incentivar a inclusão digital, a prefeitura reduziu custos. A conta telefônica municipal chegava a R$ 27 mil por mês. Com o uso da web para trafegar voz (tecnologia chamada de voz sobre protocolo de internet), a despesa caiu para algo em torno de R$ 2 mil. 'Mantemos a rede WiFifuncionando com R$ 680 por mês', afirma Santos.

Histórias assim têm se espalhado com rapidez pelo Brasil. Nos últimos anos, cidades pequenas, que estão fora das áreas 'iluminadas' por cabos de fibra óptica passaram a ver nas tecnologias de comunicação sem fio uma forma de reduzir a exclusão digital e, principalmente, eliminar gastos. Esse processo intensificou-se em 2007.

Embora a maioria dos projetos ainda se encontre em fase experimental, a movimentação já é suficiente para mexer com os negócios dos fornecedores de equipamentos. A Nortel, que começou a olhar para esse mercado no ano passado, tem capacitado parceiros para testes em municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, diz o gerente sênior da área de desenvolvimento de negócios de WiMax, Cláudio Falcone. 'É um mercado grande, e hoje ainda há centenas de municípios que sequer têm acesso à internet discada.'

Não há números oficiais sobre quantos municípios têm executado projetos similares ao de Santa Cecília do Pavão. Segundo o Ministério das Comunicações, 3,3 mil cidades do país já têm em funcionamento pelo menos um telecentro, localpúblico de acesso gratuito à internet. No próximo mês, o governo deve lançar uma licitação para contratar novos links de satélite para expandir sua rede. O contrato deverá atingir R$ 200 milhões por ano. As iniciativas federais, no entanto, muitas vezes correm descoladas de projetos tocados por municípios. Nesta esfera, empresas do setor procuram patrocinar casos que demonstrem a viabilidade de suas tecnologias, na prática.

Em Santa Cecília, a D-Link forneceu os rádios de comunicação. Já em Ouro Preto (MG), o projeto teve apoio da Intel. A Motorola, que participou da iniciativa de Macaé (RJ), também tem ofertado equipamentos para degustação. 'Há um senso de urgência muito alto no mercado', diz Eduardo Stefano, vice-presidente de redes corporativas da companhia. Cidades como Sud Mennucci (SP), Piraí (RJ), Parintins (AM) e Tiradentes (MG) são outros exemplos.

'São projetos pequenos, apenas uma forma de demonstração da nossa capacidade', comenta o diretor comercial da Alcatel-Lucent, José Vasques, ao se referir à rede que a companhia inaugurou recentemente em Visconde de Mauá (RJ). 'Agora estamos partindo para outros casosde maior porte.'

Não são apenas os fabricantes de equipamentos que estão de olho no mercado de comunicação sem fio. As operadoras de telefonia fixa, embora resistentes a falar sobre o assunto, não estão paradas. 'As teles começaram a ver esses projetos acontecerem embaixo do nariz delas e agora decidiram agir', diz o gerente comercial da divisão de governo da D-Link, Fred Maynart. 'Hoje só a Telefônica tem mais de 20 gerentes nas ruas só para bater na porta das prefeituras.'

A Telefônica foi procurada para comentar o assunto, mas não deu resposta. A Brasil Telecom não quis falar sobre o tema. A Oi, por meio de nota, afirmou que 'a expansão da oferta de banda larga traz benefícios inquestionáveis', mas a implantação de projetos como o das cidades digitais 'demanda investimentos que vão além da aquisição de equipamentos' para redes municipais. Uma saída para a sustentação das iniciativas, segundo a operadora, seriam as parcerias público-privadas.

As discussões sobre a viabilidade dos projetos também passam pelo aspecto da tecnologia. Há experiências em que as redes WiFi, originalmente usadas em ambientes internos, como aeroportos, têm se mostrado mais viáveis em projetos nos quais a área de cobertura não é tão extensa. Em outras situações, a escolha pende para o chamado WiMax, padrão de maior alcance que o WiFi, porém mais caro. Uma terceira via ainda pode ser o WiMesh, tecnologia usada na cidade mineira de Tiradentes que faz uso de várias antenas instaladas em diferentes pontos para ampliar sua capacidade de transmissão.

Para o prefeito de Santa Cecília do Pavão, Edimar Santos, os meandros tecnológicos são irrelevantes. 'O importante é que, agora, se alguém sentar na praça da cidade com um notebook no colo poderá navegar pelo mundo.'

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