No programa Fantástico, exibido pela Rede Globo no último domingo (16), foi exibida uma reportagem sobre os três músicos cubanos que teriam pedido "asilo político" ao Brasil, após se apresentarem em Recife em exibições programadas pelo Instituto Cubano de Amizade entre os Povos.
Segundo a embaixada, os "três músicos cubanos que decidiram residir no Brasil" resolveram pedir "asilo político, prática que alguns apátridas recorrem com o objetivo de obter a residência no estrangeiro".
Isso, para a embaixada, não cabe aos músicos, "pois ditos cidadãos em nenhum momento foram vítima de perseguição política alguma, e sua viagem ao Brasil, ao Estado de Pernambuco, se realizou por meio do Instituto Cubano de Amizade com os Povos".
"Chama a atenção a forma visceralmente irrespeituosa, difamatória, parcializada e grosseiramente manipulada que o programa Fantástico fez alusão da realidade cubana, somando-se desta forma à campanha midiática anticubana dirigida pelo governo americano, com a finalidade de causar danos à imagem de Cuba e semear um matiz de opinião negativo da Revolução cubana", prossegue a carta.
A embaixada demonstra ainda como o programa da emissora brasileira, de forma servil, somou-se à "política de agressão midiática da atual administração americana e da máfia cubana-americana de Miami contra o povo cubano".
Questiona também os motivos que fizeram o programa a omitir o criminoso bloqueio econômico, comercial e financeiro americano, imposto pelo governo dos EUA há quase meio século e que a embaixada, na carta, recorda ao diretor do Fantástico.
"Segundo cálculos conservadores, o bloqueio imposto pelos EUA contra Cuba provocou perdas de mais de US$ 89 bilhões. Isso significa, em valores atualizados da moeda americana, não menos que US$ 222 bilhões. Qualquer um pode compreender o nível de desenvolvimento econômico e social que Cuba teria alcançado se não houvesse sido submetida a esta guerra econômica implacável e obcessiva", ensina a embaixada na carta ao diretor.
Relembra ainda como explicou o então presidente americano, Dwight Eisenhower, a essência do bloqueio, em uma reunião governamental liderada pelo administrador dos EUA em 1960:
"… não existe uma oposição política em Cuba; portanto, o único meio previsível que temos hoje para alienar o apoio interno à Revolução, é por meio do desencanto e desalento, baseados na insatisfação e dificuldades econômicas. Deve utilizar-se prontamente qualquer meio concebível para debilitar a vida econômica de Cuba. Negar-lhe dinheiro e financiamentos a Cuba, para diminuir os salários reais e monetários, a fim de causar fome, desespero e o derrubamento do governo".
Após demonstrar de forma contundente a realidade trágica que o bloqueio impõe aos cubanos, com a proibição de importação de medicamentos e alimentos, de comércio com empresas que tenham capital americano e da proibição que os americanos têm de visitar o país, a sessão de imprensa da embaixada compara os papéis que Cuba e EUA tiveram ao longo do século 20.
"O Fantástico omitiu que, quando foi necessário, sangue cubano também foi derramado na África. Dali, Cuba só trouxe os restos de seus combatentes. Cuba não foi em busca de ouro, diamantes ou petróleo. Os cubanos foram lutar pela liberdade, contra o colonialismo e contra o apartheid. Mais de 350 mil combatentes voluntários cubanos, homens e mulheres, foram derrotar as tropas do apartheid, tornando possível a desaparição, em pleno século 20, de uma forma brutal de discriminação e exclusão dos homens pela cor de sua pele, onde cairam mais de 2 mil filhos do povo cubano combatendo ali e fizeram possível a preservação da integridade territorial de Angola, o surgimento da Namíbia como um país independente, a libertação de Nelson Mandela e a desmontagem do cruel sistema do apartheid, que era mantido pelo apoio vergonhoso de muitos dos quais hoje tratam de omitir esse passado, em que foram cúmplices do regime do apartheid, ao que ajudaram a armar, ao qual ajudaram a violar as resoluções das Nações Unidas, em primeiro lugar, o governo dos Estados Unidos".
Finalmente, a Seção de Imprensa da Embaixada de Cuba no Brasil deseja expressar de forma clara, contundente e firme, que nem as manipulações que o governo dos Estados Unidos montaram, com a participação às vezes de alguns poucos mercenários, aos quais pagam e dirigem contra Cuba, nem as ameaças, nem seu dinheiro abundante para pagar traições e deslealdades, nem suas campanhas midiáticas, nem suas pressões e agressões farão desistir ao povo cubano de seu rumo de defesa de sua liberdade e justiça social para seu povo e para outros povos do terceiro mundo".
"Cuba, Sr. Luiz Nascimento, não se renderá. Luta e lutará com a convicção de defender hoje os direitos alcançados pelo povo cubano a partir da revolução cubana de 1.º de janeiro de 1959, que em breve completará 50 anos, e não renunciará tampouco a defender também os direitos de todos os povos do terceiro mundo", finaliza a carta que a embaixada cubana endereçou à Rede Globo.