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Editora Abril entra na Justiça contra Luís Nassif

Depois de o diretor de redação da Veja, Eurípedes Alcântara, e do colunista do Radar, Lauro Jardim, entrarem com ações indenizatórias contra o jornalista Luís Nassif, a Editora Abril decidiu também processar o dono da Agência Dinheiro Vivo por danos morais. Nassif escreve uma série argumentando as supostas intrincadas da revista com interesses comerciais, em seu blog.

Serão cinco ações, todas na Justiça de São Paulo: uma de Alcântara, com a data de entrada desta terça (12/02), duas de Jardim – a primeira com entrada nesta sexta (15/02) –, uma de Mario Sabino, redator-chefe da Veja, e a da Editora Abril, marcadas para a semana que vem. Todas elas são contra Luís Nassif e o portal iG, que hospeda o blog.

A Veja não vai se manifestar publicamente sobre as acusações que o jornalista tem apresentado.

Para Nassif, entrar na Justiça é uma estratégia para atrapalhar o andamento da série. “Nesta quinta, fiquei todo o dia indo atrás de advogados”, conta.

Por outro lado, a falta de uma resposta à altura da revista na própria publicação, segundo o jornalista, tem um motivo: “Falar sobre a série na Veja é como jogar um farol em cima dela.” Nassif explica que, se os jornalistas e colunistas da revista o atacam, mas não respondem as acusações, assinam um termo de culpa.

De acordo com o comentarista de Economia, é difícil aos jornalistas argumentarem contra a série, pois os capítulos estão todos fundamentados com artigos e reportagens da revista.

Brasil ainda tem problemas de liberdade de imprensa, diz Repórteres sem Fronteiras

O Brasil continua na área dos países com problemas no mapa da liberdade de imprensa divulgado nesta quarta-feira pela organização internacional Repórteres sem Fronteiras. O relatório justifica a classificação com o registro de dois assassinatos de jornalistas no ano passado. Apesar de ressalvar que apenas uma das mortes "parece estar ligada ao exercício da profissão".

A organização afirma ainda que o país ainda não conseguiu acabar com as agressões violentas nem com as tentativas de atentado contra a imprensa, representadas por medidas de censura prévia. A possibilidade de mudança, para a organização, está no anteprojeto apresentado em dezembro pelo deputado federal Miro Teixeira, que revoga a lei do período da ditadura, que prevê prisão para delitos de calúnia, difamação e injúria. No novo texto, as penas de prisão devem ser suprimidas.

Ameaças aos jornalistas

O relatório divulgado nesta quarta destaca também o atentado que o repórter Amaury Ribeiro Júnior, do jornal "Correio Braziliense" sofreu em setembro do ano passado, quando investigava o crime organizado no entorno de Brasília. E diz que a polícia privilegiou a pista de crime comum ao prender quatro homens – dois deles menores de idade – pelo crime.

Os assassinatos citados pela organização ocorreram em São Paulo e no Rio de Janeiro. Luiz Carlos Barbon Filho, cronista do semanário Jornal do Porto e do diário JC Regional, foi morto em 5 de maio, em Porto Ferreira, no interior paulista.

Ele havia denunciado práticas ilícitas de alguns políticos e acusado empresários e funcionários públicos do município de envolvimento em casos de abuso sexual de adolescentes.

O caso de Robson Barbosa Bezerra, também morto a tiros, em fevereiro, não foi tratado como assassinato ligado à profissão. O fotógrafo era vítima de ameaças e agressão.

Alerta na China

As perspectivas da Repórteres sem Fronteiras para o ano 2008 têm como foco os Jogos Olímpicos de Pequim, na China, que serão realizados no mês de agosto. A organização afirma que, enquanto o mundo estará atento aos Jogos, centenas de jornalistas e blogueiros estarão presos.

Segundo a organização, a polícia chinesa tem ordem para atacar quem questionar a celebração das Olimpíadas no país, e que sempre que um jornalista é libertado, outro é detido em seu lugar. Para a organização, as autoridades do país não parecem dispostas a "algum gesto significativo no terreno dos direitos humanos", e só o Comitê Olímpico Internacional acredita na boa vontade dos políticos locais.

A Repórteres sem Fronteiras também alerta para a possibilidade de fraude nas eleições marcadas para este ano em alguns países contrários ao jornalismo independente. Cita as eleições no Paquistão, marcadas para o próximo dia 18, e na Rússia, no começo de março.

Série de textos sobre Veja rendem processo à Luis Nassif

O jornalista Luis Nassif comentou, nesta segunda-feira (11), a decisão dos jornalistas da revista Veja, Lauro Jardim, editor da seção Radar, e Eurípedes Alcântara, diretor de redação, de processá-lo.

Em seu blog, Nassif afirmou que um acerto de Veja com o colunista Diogo Mainardi foi precedido de uma aproximação entre Eurípedes e Daniel Dantas – que há tempos tentava se aproximar da revista – intermediada por Lauro Jardim. Ele afirmou que Nelson Tanure, do Jornal do Brasil, tentou contratar Mainardi pelo destaque de sua coluna. Nassif chamou os três, juntamente com Mário Sabino, de "o quarteto da Veja". De acordo com seu blog, eles "entrariam de cabeça a favor de Dantas".

Jardim e Alcântara decidiram processar Nassif, que considerou a decisão "um direito dos dois". Entretanto, o jornalista acredita que a situação deveria ser melhor explicada. "Eles podiam tentar explicar a situação. A Abril mandou uma carta contestando alguma coisa e foi publicada no meu blog e no IG. Já a Veja não tem por hábito permitir o direito de resposta. Isso é uma afronta maior. Para mim, ferir a liberdade de expressão é não permitir o direito de resposta".

A carta a que Nassif se refere foi enviada pela Editora Abril ao Portal iG, reivindicando um pedido de resposta a respeito da série iniciada no dia 30 de janeiro em seu blog, hospedado no iG, contra a Veja.

A editora afirmou que "repudia veementemente as informações" divulgadas no blog do jornalista, entre os meses de dezembro de 2007 e janeiro de 2008. Além disso, declarou que "ao contrário do que quer fazer crer Luis Nassif, o jornalismo praticado pela revista Veja jamais esteve mancomunado com os interesses alheios à postura adequada de órgão informativo ético".

A editora Abril não tomará nenhuma atitude jurídica em relação às afirmações de Nassif, que vai contratar um advogado e acha que os jornalistas estão sendo precipitados em iniciar o processo tão cedo. "Eles deveriam esperar o fim da série para me processar, porque eu vou apresentar um conjunto de elementos e provar minhas teses".

"Eu dei a cara pra bater, alguém tinha que fazer isso. Eu sei que é um adversário imenso. Mas alguém tem que falar. Essa disputa jurídica vai ser importante para uma discussão mais ampla. Em toda a minha carreira, eu nunca vi alguém fazer um jornalismo como o que a Veja está fazendo", disse Nassif.

Procurado pelo Portal IMPRENSA, até o momento o jornalista Lauro Jardim não se pronunciou sobre o fato.

Ricos confiam mais na mídia do que pobres

Vinte e cinco por cento da população brasileira com maior renda familiar tem mais confiança na mídia (64%) do que em empresas (61%), ongs (51%), instituições religiosas (48%) ou até mesmo em seu próprio governo. Os dados, divulgados pelo portal Comunique-se, fazem parte do Estudo Anual de Confiança da Edelman, empresa de relações públicas. De acordo com o levantamento, o Brasil é o terceiro país onde a imprensa tem maior índice de credibilidade, ficando atrás apenas do México (66%) e da Índia (65%). 

A pesquisa ouviu 3.100 entrevistados entre 35 e 64 anos, com formação superior e renda familiar entre as 25% maiores de seus países. Considerado um estudo entre líderes de opinião, por parte da consultoria, a pesquisa abrangeu 18 países, como China, Irlanda, Rússia, Estados Unidos, Índia, França, Espanha e Brasil. Concluiu-se que essa parte da população, em todo o mundo, possui muito interesse em assuntos relacionados à mídia, economia e política.

Os brasileiros recorrem mais aos jornais impressos (87%) e à TV (82%) como primeira fonte de informação. Em seguida, procuram as informações na Internet (52%). Mas a maioria deles (41%) lê tanto a versão impressa quanto a versão online dos jornais – em outros países existe a preferência pela versão impressa. Para procurar notícias das empresas, os brasileiros preferem ler artigos em revistas de negócios (81%), jornais (79%) e noticiários na TV (77%).

Ao acessar a internet, a primeira procura envolve notícias e depois pesquisas. No Brasil, 93% vão atrás de notícias, 85% fazem pesquisa e e-commerce empatou com mensagens instantâneas (79%). A credibilidade nos blogs chamou a atenção. A Rússia foi o país que mais mostrou credibilidade, com 34%, seguida pela China (33%), Índia (29%) e Brasil (21%). Quando entram na internet, 46% dos brasileiros já lêem blogs.

Estudo da Andi evidencia os problemas na cobertura de mudanças climáticas

Mudanças climáticas ganham um espaço cada vez maior na mídia. Falta só incluir as causas e possíveis soluções. Esta é a idéia transmitida pela pesquisa Mudanças Climáticas na Imprensa Brasileira, produzida pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi).

Foram analisados 997 textos de 50 jornais, entre julho de 2005 e julho de 2007. Há um crescimento na periodicidade em que o tema apareceu nas páginas: nos primeiros meses, a média era de um texto publicado a cada cinco dias. No último ano, o índice atingiu um a cada dois dias.

A incidência foi maior nos jornais de influência nacional analisados – Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, O Globo e Correio Braziliense – e nos diários econômicos – Valor e Gazeta Mercantil –, que contribuíram, na média individual, com 5,95% dos textos. Entre os 44 veículos regionais, a média individual foi de 1,46%. De positivo, foi salientada uma grande variedade de fontes.

Alguns eventos acentuaram a presença do tema nos jornais, como os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e o documentário de Al Gore, “Uma Verdade Inconveniente”, bem como o Nobel da Paz do ex-presidente dos EUA. Mas somente 1/3 dos textos traz as razões ou estratégias de enfrentamento. E só 1,1% dos textos definem o que são mudanças do clima.

Políticas públicas

Outro ponto criticado pelo estudo é a ausência de críticas ou análises de políticas públicas. Apenas 3% ressaltam a responsabilidade do governo, enquanto 0,9% apontam a do setor privado e 0,25%, a sociedade em geral. Nos enfoques, a perspectiva ambiental domina, sendo escolhida em 35,8% dos textos. Em seguida, o ponto de vista econômico, com 19,7%.

Os autores ressaltam a grande quantidade de material opinativo – 26,7% dos textos são artigos, editoriais, colunas e entrevistas – e concluem que a ausência de causas e conseqüências pode ser convertida em oportunidade. Em 2008, o governo começa a elaboração de um Plano Nacional de Mudanças Climáticas, o que pode manter o tema na mídia de forma mais aprofundada.

O estudo estará disponível no site da Andi a partir de terça-feira (15/01).