Rádio Nacional FM 40 anos: Democratização da cultura passa pela democratização da comunicação

A Rádio Nacional FM recebeu homenagem em sessão solene realizada na Câmara Legislativa do Distrito Federal nesta segunda-feira, dia 15, pelos 40 anos de programação voltada à cultura e por abrir espaço para os novos artistas locais. A atividade reuniu parlamentares, diretores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e da própria rádio, artistas e ouvintes. Os espaços de fala no evento reforçaram o conceito de que não é possível conceber uma democratização da cultura sem haver uma democratização da comunicação.

A sessão foi presidida pelo deputado distrital Chico Vigilante, que defendeu a existência de um sistema público de comunicação que contribua com o “fortalecimento cultural”. “Alguns lugares no Brasil só têm acesso ainda ao rádio como meio de informação e formação. É importante o sistema público seja fortalecido e, assim, contribua também com a regionalização da produção”, afirmou ele.

O parlamentar também criticou os meios de comunicação privados que fazem campanha para a extinção da EBC, usando o argumento de que o valor investido na empresa é alto e sem retorno. “O investimento público feito na EBC não é nada perto do dinheiro público que é repassado para os grandes meios. Essa tentativa de diminuir a importância da empresa é uma forma de tentar inibir a democratização da comunicação e da cultura”, afirmou Chico Vigilante.

Já a jornalista e produtora cultural Jaqueline Dias lembrou o espaço oferecido pela rádio aos artistas brasilienses. “Ela se posicionou como uma alternativa de programação cultural de qualidade na cidade. Não só com difusora, mas também como protetora das nossas memórias culturais”, frisou.

Por sua vez, a cantora e compositora Ana Reis relembrou sua história pessoal com a rádio, destacando que a mesma relação se repete com outros e outras artistas cuja primeira oportunidade de mostrar seu trabalho ocorreu em uma das iniciativas mantidas pela emissora, o “Projeto Brasília”. “Esse projeto valoriza principalmente artistas do DF. É muito bom ligar o rádio e ouvir o seu som e o de seus amigos tocando junto com o de músicos renomados, como Tom Jobim e Chico Buarque. É motivo de muito orgulho!”, disse ela, emocionada.

O maestro Ênio Antunes enfatizou que, nas duas Conferências Nacionais de Cultura já realizadas, a regionalização dos meios de comunicação e a instalação de um meio de comunicação público a exemplo da Rádio Nacional FM são imprescindíveis para a saúde política e cultural brasileira. “Hoje o jabá oferecido por produtoras a programas na comunicação privada distorce a cultura no país”, ponderou.

O presidente da EBC, Ricardo Melo, ressaltou a agilidade do rádio como uma característica especial do meio, a qual lhe faz ter afeto especial por ele. Melo destacou que a programação diferenciada oferecida pela Rádio Nacional FM impulsiona a regionalização. “Uma tristeza que tenho é ouvir programas musicais brasileiros nos quais a maioria dos candidatos cantam músicas estrangeiras, como se nós não tivéssemos o que mostrar ao mundo”, lamentou.

Melo ainda lembrou que os veículos de comunicação da EBC “correm um risco que nunca correram” desde a inauguração da Rádio Nacional AM em 1958, fato que marcou o início da empresa. “Estamos passando por um momento de asfixia financeira, apesar de termos R$ 2 bilhões embargados na Justiça. Temos cerca de R$ 700 milhões que não estão sendo liberados pelo governo federal”, apontou.

A Nacional foi a primeira emissora FM de Brasília, entrando no ar em 1976. A programação destaca a música popular brasileira (MPB), além de dar espaço à música instrumental, a novos talentos, aos artistas de Brasília e à informação. A rádio pode ser sintonizada em todo o Distrito Federal e entorno. O sinal daNacional FM também é disponibilizado via internet e satélite digital. Desde 2009, a emissora realiza um dos eventos mais importantes para promoção da cultura local, o Festival de Música da Rádio Nacional FM.

A EBC é a gestora de oito emissoras do sistema público de rádio, as quais têm como missão produzir, organizar e veicular programação radiofônica para públicos diversos, por meio de produção própria e independente, visando garantir o direito à comunicação e promover a cidadania e a diversidade.

Por Ramênia Vieira – Repórter do Observatório do Direito à Comunicação

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