Conselho Curador da EBC discute jornalismo público

O jornalismo das emissoras públicas tem uma especificidade? Como ele vem sendo realizado? Essas e algumas outras perguntas orientaram o debate promovido no dia 21 de agosto pelo Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), em mais uma edição de seu “Roteiro de Debates”. O evento avaliou as atividades jornalísticas dos canais da rede pública de comunicação, com destaque para a cobertura dada às manifestações iniciadas em junho e que tomaram as ruas do país.

Os conselheiros discutiram com a professora Iluska Coutinho, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que pesquisa o jornalismo público, e com Luís Felipe, membro do Coletivo Mídia Ninja, grupo que se destacou nos últimos meses por sua atuação com uma concepção de jornalismo diferenciada da tradicional. Com o tema “O jornalismo da EBC”, a atividade contou também com a participação de funcionários e da direção da empresa.

A conselheira Rita Freire, participante da Câmara de Jornalismo do Conselho, considerou que é preciso “reconhecer que houve o esforço de um trabalho diferenciado” na cobertura dos acontecimentos de junho pela empresa e que se buscou “qualificar as pautas que estavam nas ruas na programação da EBC”.

A professora Iluska Coutinho avalia que todo jornalismo deveria ser compreendido como cumprindo uma função pública, com independência e representação plural. Mas para a professora “o jornalismo como se apresenta, não tem cumprido esse papel”. Para ela, as emissoras públicas poderiam ser um espaço em que o direito à efetivação desse “jornalismo público” fosse exercido e de se dar  “o tão sonhado aprofundamento que não nos é oferecido nas emissoras comerciais”.

Segundo Coutinho, é possível observar na EBC uma maior diversidade temática e mais espaço para assuntos que não entram na programação das emissoras comerciais, mas ainda assim haveria problemas com o formato, o que foi reafirmado por alguns conselheiros em suas falas.

O representante da Mídia Ninja contou um pouco da história da trajetória do grupo e explicou a concepção que defendem a partir da sua atuação. Embora considere que a iniciativa da qual participa se diferencia do jornalismo da EBC, afirma ter “muita referência no jornalismo público”. Luís Felipe avalia que se pode vislumbrar a chegada de uma nova fase. “Eu acho que está chegando a era de ouro do jornalismo, onde a gente vai ter muitas narrativas independentes”, afirma.

A necessidade de independência foi destaque nas falas de alguns conselheiros também. Murilo Ramos defendeu que o canal do executivo federal – a NBR – deveria se separar da EBC para garantir a autonomia da emissora. O conselheiro Daniel Aarão avaliou que as fontes de financiamento da empresa devem ser independentes dos governos para garantir um jornalismo isento.

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