4G acende debate sobre compartilhamento de infraestrutura

A chegada da tecnologia de quarta geração (4G) traz à tona o debate sobre o compartilhamento de infraestrutura entre as operadoras de telefonia. Isso porque na 4G são necessários muito mais antenas e dispositivos acoplados a elas para suportar o volume de tráfego de dados. Analistas avaliam que de três a cinco vezes mais antenas deverão ser utilizadas, em relação à tecnologia 3G.

A velocidade com que esses dados passarão pela estrutura (chamada de backhaul) é dez vezes maior na 4G do que na geração anterior. Seria menos custoso, então, as teles dividirem esse backhaul, avalia Luiz Vergueiro, gerente-comercial da Telebras. Para ele, entretanto, essa tarefa não é fácil. 'O brasileiro não gosta de dividir nada, de modo que vemos um mesmo grupo econômico montando a mesma infraestrutura uma ao lado da outra, deixando antenas e postes um emaranhado de fios e aparelhos', afirmou.

O resultado, ressalta o executivo, é o desordenamento dos projetos. Para Vergueiro, o ideal é se utilizar da tecnologia, colocando aparelhos menores nas antenas, de modo a caber mais. 'Porque a mudança do comportamento terá de acontecer, mas é mais lenta', disse.

Hoje, no país, há cerca de 53 mil antenas. A conta para a instalação de antenas 4G não é tão simples, mas levando em conta que serão necessárias cinco vezes mais, o país precisará de mais 200 mil antenas para cobrir o território inteiro.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vem afirmando que está estudando uma maneira de solucionar a questão do compartilhamento de infraestrutura entre as empresas. 'É complicado fiscalizar quem usa mais, menos e quem deve arcar com isso', disse Fernando Carvalho, diretor de novos negócios da Nokia Siemens Networks, fabricante de equipamentos de redes e antenas.

Uma outra solução, segundo João Moura, presidente da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviço de Telecomunicações Competitivas (TelComp), seria otimizar as obras de infraestrutura em geral. 'Quando uma concessionária de energia vai fazer uma manutenção, por que não já dar oportunidade para as operadoras de telefonia passarem seus cabos? Assim, o transtorno para o cidadão é feito de uma vez só', disse.

Em agosto, o Ministério das Comunicações deverá mandar ao Congresso um projeto de lei que trata da uniformização da infraestrutura de telecomunicações, incluindo o compartilhamento dos postes com as empresas de energia.
 

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