Seis dos 1934 provedores do País concentram 78% das conexões à Internet

Pesquisa do NIC.br desnuda desigualdades na oferta de acesso fixo no Brasil. Dos 17 milhões de conexões, 21% são de 256 Kbps e 64% até 2Mbps. Só 34% da classe C tem acesso.

Divulgada nesta quarta-feira, 30/11, pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC,br), a primeira pesquisa TIC Provedores, realizada pelo Cetic.br, é um retrato sem retoques das desigualdades na oferta de acesso fixo à Internet no Brasil. Realizada em parceria com associações de classe como a Abranet, Abramulti Global Info, entre outras, Anatel, Teleco e Ibope, a pesquisa identificou 1934 provedores de acesso atuantes em 5260 dos 5565 municípios do país, responsáveis por 17 milhões de conexões em domicílios e empresas. "Cerca de 400 provedores a mais que os registrados na Anatel, como SCM e AS", afirma Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.

Desses 1934 provedores, apenas 6 concentram 78% das ofertas de conexão: Telefonica,Oi, Net, Embratel, GVT e CTBC. A atuação dos provedores também é geograficamente concentrada. Apenas 20 deles (1%) atuam em todas as regiões do país; 95% em apenas uma região; 43% apenas na região Sudeste e 11% na Região Centro-Oeste e 6% na região Norte. Nas regiões metropolitanas, onde a disponibilidade de acesso é maior, apenas 27% dos domicílios, 69% das empresas com até 9 funcionários e 70% das escolas, têm conexão. "O que transforma o acesso domiciliar, nas microempresas e nas escolas em grandes desafios a serem enfrentados pelo órgão regulador", pondera Barbosa.

Maioria das conexões ofertadas: até 1Mbps, via ADSL e Radio
Quanto à velocidade de conexão, o tipo mais comum de conexão ofertada é de até 512Kbps (89%) e entre 512Kbps e 2Mbps (81%). Só 48% dos provedores oferecem conexões acima de 2Mbps, em sua maioria consumida pelas classes A e B. "A classe A tem índices de acesso comparáveis aos dos países europeus e asiáticos. Os índices de acesso da classe B estão na média mundial. Já os das classes C, estão muito abaixo até dos índices de países vizinhos ao Brasil, como Chile e Argentina", explica Barbosa.

A primeira pesquisa TIC Provedores revela ainda que, entre os seis grandes provedores de acesso, grande parte das conexões ofertadas fazem uso de tecnologia ADSL (67%) e de fibra óptica (também 67%). Já entre os 1928 pequenos provedores, são mais comuns as ofertas de conexão via rádio (67%, em sua maioria WiMax ou MMDS) e wireless (25%). Apenas 9% dos pequenos provedores oferecem conexões por fibra óptica e 6% por ADSL.

Comparado ao uso efetivo, entre os grandes provedores, embora 67% deles ofertem acesso via fibra, ele só é realmente usado por 3% dos clientes. A maioria dos acessos continua sendo via ADSL (69%) e cabo (22%). Já entre os pequenos, há melhor distribuição entre os acessos via rádio (31%), cabo (26%) e ADSL (15%).

Metodologia

A pesquisa TIC Provedores é uma das inciativas do NIC.br para aferir indicadores sobre a demanda, a oferta e qualidade dos acessos à Internet no Brasil. "Faz tempo que estamos devendo um estudo sobre os provedores de acesso. Eles são o assunto central de que o Comitê Gestor deveria se ocupar", explica Demi Getschko,conselheiro do CGI.br e diretor-presidente do NIC.br. O objetivo é construir um cadastro Nacional de Provedores de Acesso à Internet, uma figura que deve continuar existindo nesse ecossistema, "independente da sobreposição de papéis com os provedores de serviços de telecomunicações", afirma Demi.

Para iniciar o leventamento, o Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br), braço estatístico do NIC.br, publicou um formulário Web em seu site e convidou todos os provedores associados à Abranet, Abramulti, Abrappit, Abrint, Anid, Global info, Internet Sul e Rede TeleSul a preencherem com suas informações. "Nessa fase, levantamos pouco mais de 760 provedores", conta Alexandre Barbosa.

Da análise cadastral desses provedores a equipe do Cetic.br levantou a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) de cada um deles, compilou as ocorrências e pesquisou por mais empresas na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Encontrou 9 mil possíveis provedores de acesso que foram contactados, por telefone, pelo sistema CATI realizado pelo Ibope, durante os meses de Junho de 2010 e Junho de 2011.

O próximo passo do NIC.br é a publicação da análise da pesquisa e divulgação pública do cadastro de provedores. No ano que vem, o Cetic.br pretende realizar a segunda edição e dar início a uma nova pesquisa, sobre qualidade da banda larga fixa, que deverá ter seus resultados divulgados no fim do ano ou início de 2013.

Divulgação

A primeira apresentação pública da primeira pesquisa TIC Provadores foi feita durante a Semana da Infraestrutura da Internet no Brasil, que acontece de 29 de novembro a 3 de dezembro, quando estão sendo realizados em São Paulo os principais eventos de infraestrutura de Internet no Brasil: o 5º PTT Fórum – Encontro dos Sistemas Autônomos da Internet no Brasil, o IPV6 Brasil – Fórum Brasileiro de Implementadores de IPV6 e as reuniões anuais do Grupo de Trabalho de Engenharia e Operação de Redes e do Grupo de Trabalho em Segurança de Redes.

Nesta quinta-feira, 01/12, durante o Fórum IPv6, as operadoras de telecomunicações anunciarão formalmente o compromisso de levar o protocolo IPv6 para seus produtos de conectividade Internet destinados ao mercado corporativo. Elas divulgaram cronogramas com datas para migração no próximo ano.

Algar Telecom (CTBC), Highwinds, LANautilus, Level3 (antiga Global Crossing) e TIWS já oferecem o suporte ao novo protocolo. Já GVT informou que estará em conformidade com a tecnologia a partir de janeiro de 2012, enquanto Oi e Telefônica prometem adequação a partir de julho do próximo ano.

GVT, Oi e Telefônica comprometeram-se, ainda, a oferecer conectividade IPv6 a alguns clientes, em sua maioria grandes fornecedores de conteúdo na web, ainda em 2011, em caráter extraordinário. A TIM declarou que tem sua rede preparada para a adoção do protocolo e que a migração ocorrerá de maneira gradativa.

O NIC.br recomenda que todas as operadoras capacitem suas redes e comecem a atender, com conectividade IPv6, se possível ainda em 2011 e oferecendo conectividade IPv6 de forma generalizada em seus produtos para o mercado corporativo até julho de 2012.

O órgão aconselha ainda que testes com usuários finais comecem já no primeiro semestre de 2012. Para os provedores de conteúdo e qualquer empresa ou instituição com página na web, a sugestão é que a preparação seja feita durante o ano de 2012, para começar a operar com IPv6 antes de janeiro de 2013.

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