Um estudo da consultoria PricewaterhouseCoopers do Brasil, divulgado nesta quarta-feira, 16/11, sustenta que a expansão do tráfego de dados pela Internet será sensivelmente mais intenso na América Latina do que no mundo como um todo: de 2010 a 2015, a estimativa de crescimento médio anual global do tráfego de dados é de 32% ao ano, mas na região ela pode chegar a 48%.
Naturalmente, esse crescimento será especialmente impulsionado pelo uso de aplicativos com vídeo – o aumento previsto é de 65% no mesmo período nos países latinoamericanos. “O Skype, por exemplo, registra que as chamadas com vídeo representam mais de 40% do total de chamadas realizadas entre usuários do aplicativo.”
Um outro estudo, do IDC, indica que o volume de informações digitais criadas e replicadas em todo o mundo atingirá 1,8 zettabytes (ou 1,8 trilhão de gigabytes) em 2011, o que representa um aumento de nove vezes em apenas cinco anos. Em 2015, a previsão é de que essa gigantesca coleção de dados atinja 7,9 zettabytes e que um quinto dela seja armazenado ou processado na nuvem.
Paralelamente, a PwC acredita que a infraestrutura de banda larga existente se mostra insuficiente para atender ao crescimento explosivo da demanda, que apresenta ordem de magnitude muito superior ao da expansão das redes. E, nesse sentido, defende mudanças regulatórias que incentivem a ampliação da infraestrutura.
“Os regulamentos atuais se baseiam na realidade do mercado e da tecnologia dos anos 90, quando não havia o objetivo de fomentar a inovação, mas sim de preencher a lacuna da demanda reprimida”, sustenta a consultoria. E embora tenha sido produzido pelo escritório brasileiro da PwC, a principal defesa é das políticas adotadas na Europa.
Isso significa a promoção de participação estatal naqueles locais onde as empresas privadas não têm interesse – aquelas “mal servidas por redes de banda larga”. Mesmo em locais onde existe uma única operadora em atuação, a consultoria sugere “análises mais detalhadas” antes de algum tipo de intervenção estatal.
Nessa linha, também resiste ao uso de instrumentos como a desagregação de redes, ou unbundling, citando que tal política, quando adotada nos Estados Unidos, não teve sucesso. “As operadoras locais sentiram-se desestimuladas a investir na modernização de suas próprias redes e no desenvolvimento de novas tecnologias.”
Por outro lado, a PwC defende que devam ser adotadas medidas regulatórias que promovam a gestão eficiente do espectro e a neutralidade tecnológica, ou seja, que diferentes tecnologias de banda larga possam atuar na oferta de voz, vídeo e dados. No Brasil, a Anatel resiste, por exemplo, a permitir que provedores de Internet façam competição às teles no mercado de voz.
Além disso, algumas políticas também defendidas pela consultoria até já foram esboçadas no Brasil, mas ainda não se materializaram. É o caso de atrelar a construção de dutos em obras de engenharia em geral, ou mesmo o aproveitamento de infraestruturas existentes, como as redes de gás, para expansão da banda larga.
0