Pela primeira vez, Oi e TV Globo estão do mesmo lado. Unidas pelo fim do leilão de 3,5 GHz

 

 

A consulta pública da licitação da faixa de 3,5 GHz que terminou hoje conseguiu um fato até então inédito no setor: colocar do mesmo lado a TV Globo e a operadora Oi. As duas empresas foram as únicas que, nas mais de 300 contribuições ao edital pedem expliciticamente à Anatel a suspensão da licitação. Para a TV Globo, os testes realizados trouxeram "resultados nefastos" que confirmariam, segundo a emissora de TV, "a impossibilidade de convivência" entre a banda C e a banda larga WiMAX.

A Oi, por sua vez, pede que a licitação não seja realizada devido à interferência provocada e também para a agência não se precipitar frente a uma possível nova decisão da UIT, que discute nova harmonização para essa faixa. Embratel, Telefônica e TIM, além da Abert (que representa os radiodifusores) querem que Anatel faça os testes antes do lançamento definitivo do edital. Embora no final das contas essas empresas e entidades queiram, no mínimo, adiar o lançamento do leilão, elas não explicitam esta posição, ressaltando a necessidade dos testes.

Além de alianças inéditas, esta consulta traz como surpresa também o silêncio do fórum WiMAX e das indústrias nacionais que desenvolvem esta tecnologia. Não há uma única contribuição delas à proposta. A Embratel chega a comunicar à Anatel que contratou dois institutos independentes – o Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e a consultoria Orion Consultores (do ex-ministro Juarez Quadros do Nascimento) para fazerem os testes, pois, segundo a operadora, ela própria sentiu na pele este problema, visto que já comprou esta faixa em 2005. A carrier reclama também das mudanças promovidas pela Anatel naqueles que já compraram a faixa, alegando que eles estão sendo duplamente punidos.

A TIM, por sua vez, quer que a Anatel responda como ela vai tratar a interferência; como vai resolver os conflitos e quem ela vai responsabilizar para pagar os custos desta interferência para o usuário final. A TIM defende ainda que a agência mantenha a proibição de as concessionárias comprarem bandas em suas áreas de concessão.

Os pequenos provedores, por sua vez (mais de 30 contribuições) pedem para a licitação dos 10 MHz ocorrer por município, e não por área de registro. O mesmo pedido foi por sinal aprovado pelo Conselho Consultivo da Anatel.

 

A Telefônica, além da preocupação com as interferências, acha que a área de cobertura exigida pelo edital é irreal (80% da sede municipal), pois irá encarecer muito o servipço. Ela lembra que, enquanto na faixa de 800 MHz as empresas precisam de 220 Erbs, para a faixa de 3, 5 GHz, elas terão que instalar 720 erbs, ou 227% a mais nos custos. Todos reclamaram também da obrigatoriedade e comprarem 30% de equipamentos nacionais.

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