Bernardo e Mercadante negociam exploração de satélite pela coreana SK

Com novas posições orbitais já destinadas pela UIT ao Brasil, o país começa a negociar com potenciais interessados em explorar o uso de satélites – a começar pelo grupo sul coreano SK, que aproveitou a viagem do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, na semana passada, para reforçar o apetite em entrar no negócio.

O governo gostou da ideia. Bernardo, que acaba de voltar da Coreia, tratou do tema em reunião nesta quarta-feira, 18/5, com o colega de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que também vai àquele país, em junho. “A SK quer explorar satélite aqui e é importante que o ministro Mercadante retome o assunto na viagem de junho”, disse Paulo Bernardo após o encontro.

Paralelamente, o Minicom também combinou que vai entrar nas tratativas em andamento no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), igualmente voltadas à exploração de novos satélites. “As telecomunicações são o principal serviço dos satélites e já acertamos que o ministério [das Comunicações] fará parte das reuniões com o INPE, que tem vários projetos”, completou Bernardo.

A abordagem ao ministro, no entanto, não foi a primeira demonstração de interesse da SK. Em 20 de janeiro, representantes do grupo – um conglomerado de 92 empresas, sendo que a SK Telecom detém mais da metade do mercado móvel coreano – estiveram na Anatel para conhecer os termos do leilão das novas posições orbitais, a ser promovido pelo órgão regulador. Estiveram mantendo contatos na agência reguladora os diretores Simyon Sung e Hung Suk Kang (escritório de Nova York), além do gerente Steve Lee.

Como demonstrou ao ministro, a SK já avisara a Anatel que pretende entrar na disputa dos satélites, assim como adquirir radiofrequência no Brasil. “O principal interesse deles é em sobras da faixa de 2,1 GHz, com o qual eles prometem oferecer LTE”, disse Paulo Bernardo. À Anatel, a SK sustentou que o serviço com LTE (a quarta geração da telefonia móvel) poderá levar banda larga inclusive para a zona rural. A freqüência é viável para operação satelital.

O governo tem pressa, justificada pelo prazo exíguo para o Brasil confirmar a exploração das posições orbitais designadas pela União Internacional das Telecomunicações. O edital do leilão dessas posições está em discussão na Anatel – daí a visita de representantes da SK – mas o Brasil precisa garantir o uso dos slots até 2014. Em geral, um satélite leva de dois a três anos para ser colocado em órbita.

A pressa se justifica. O Brasil já teria sido avisado que, se perder essa oportunidade, poderá pagar o vexame de ver a Argentina – também interessada no negócio – indicada pela UIT para exploração dessas posições orbitais. Com o agravante de que o país terá de pagar aos vizinhos para se valer do serviço, pois o satélite que subir irá prover sinal para toda a América Latina.

O interesse da SK no Brasil não é coincidência. A empresa já entrou no país em associação com o grupo do empresário brasileiro Eike Batista – no ano passado, os coreanos aportaram US$ 700 milhões no grupo de Batista. Assim como o conglomerado coreano, o empresário brasileiro também tem interesses em mercados distintos como mineração, petróleo e telecomunicações.

No mercado brasileiro já se comenta que o empresário Eike Batista poderá criar em breve uma empresa destinada exclusivamente à realização de negócios no setor.

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