O ator e presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, Ney Piacentini, avalia que os R$ 700 milhões destinados à construção poderiam ser investidos de outra maneira. Ela também reclama da falta de diálogo da prefeitura com a sociedade.
Em entrevista à Radioagencia NP, Piacentini destacou que a prefeitura quer criar o maior pólo cultural da América Latina, na região da Luz, no Centro. Porém, ao mesmo tempo, tem dificultado o acesso dos artistas aos fundos públicos para cultura.
Na opinião do ator, os artistas estão diante de uma luta desleal com o governo no município. “Temos estrutura jurídica para nos defender, mas não tem sido suficiente para reverter esses sucessivos ataques”, comentou Piacentini. Ele chamou a situação de “privatização indireta da cultura”.
O ator explicou que antes os artistas tinham acesso direto aos fundos públicos e às leis de fomento. Agora, precisam se submeter a “Organizações Sociais” para acessar o dinheiro. Segundo Piacentini, os intermediários foram criados pelo governo do PSDB em escala nacional e estadual.
Sobre o novo centro de dança no centro de São Paulo, Ney Piacentini destacou a falta de diálogo com a sociedade como marca do projeto. Para começar, foi contratado um escritório de arquitetura estrangeiro, o que gerou polêmica com os arquitetos.
Além disso, a sociedade não foi consultada se preferia o novo teatro a, por exemplo, investimentos para a manutenção da TV Cultura de São Paulo. Piacentini lembrou que a tradicional emissora pública está sendo desmantelada.
Para Piacentini, não é preciso aprovar uma nova lei, mas uma política de cultura para a maior cidade do Brasil, São Paulo. Para isso, diz o ator, os artistas devem ir às ruas. “Isso é o que a gente está fazendo. Tentando influenciar a opinião pública e mostrar o sufoco que a gente está passando”, desabafou.
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