Liberdade de imprensa e controle social da mídia pauta debate entre jornalistas na UnB

Estudantes, professores, jornalistas e movimentos sociais debateram nessa sexta-feira (12) temas relacionados à comunicação na atualidade e, em específico, o contexto jornalístico do Brasil. Tendo como tema a cobertura das eleições 2010, os convidados comentaram o papel do jornalista na construção da democracia e a rotina da categoria nas ruas e nas redações. A análise da conjuntura da mídia brasileira chegou até as discussões a respeito da necessidade de regulamentação do setor.

 

Leandro Fortes, da revista Carta Capital, Heraldo Pereira, da Rede Globo e Nereide Beirão, da Empresa Brasil de Comunicação,  compuseram, juntamente com Lincoln Marcário, Presidente do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, o SJPDF, a mesa convidada. Como iniciativa da Faculdade de Comunicação Social da UnB, do SJPDF e do Nucleo de Mídia e Política da UnB, o debate tinha como objetivo fazer uma aproximação maior entre sindicato e academia.

 

Nereide Beirão, editora da EBC, explicou que as políticas de cobertura da emissora pública foram definidas por seu Conselho Curador. “A partir dessas diretrizes, nós tentamos, e em parte fizemos, uma boa cobertura das eleições” disse ela. “O único problema é que a cobertura de temas específicos ficou comprometida pela grande onda de assuntos repetitivos, como o aborto”. A editora também contou que foram discriminados durante as eleições pelo caráter público da emissora, principalmente pelo candidato José Serra.

 

Para o jornalista da Rede Globo, Heraldo Pereira, a internet foi usada como um grande produto nessas eleições, que pouco contribuiu para o debate das eleições. “Seguimos o exemplo de como a internet foi usada na campanha dos EUA, não cumprindo assim com um aprofundamento das análises políticas” concluiu ele. Heraldo também ressaltou que o pós eleição é muito importante, e que os jornalistas tem um papel fundamental na pressão de políticos eleitos para os próximos mandatos.

 

“A internet desinterditou a forma de se debater eleições esse ano, principalmente através da blogosfera” disse Leandro Fortes, da Carta Capital. Segundo ele, a mídia foi medíocre e repetitiva em toda a sua cobertura das eleições, se atendo à fatos banais como o episódio da “bolinha de papel” ocorrido com o ex-candidato Serra. “Os jornalistas tem que começar a brigar contra pautas que ele não acha que cumprem o papel do jornalismo: o de buscar a verdade” disse Leandro.

 

Regulamentação do Setor

 

Quase todos os convidados foram unanimes em apontar a falta de controle social da mídia como uma das principais causas dos problemas que ocorrem na mídia brasileira hoje. O único a discordar foi o jornalista Heraldo Pereira, que, embasado na Constituição, afirmou que nenhum controle da informação deve ser colocado.

 

Nereide Beirão lembrou que nas 10 maiores democracias do mundo existe uma forma de regularização do setor. Leandro Fortes ressaltou que casos como o Conselho de Comunicação Social no Ceará estão incomodando setores mais conservadores da sociedade, fazendo com que suas bases parlamentares se mobilizem contra a criação desses órgãos. Já Lincoln Macário acrescentou também que a regulação do setor vem não só para impedir abusos da mídia, mas também para garantir direitos trabalhistas para a categoria.

 

Confira o aúdio da integra do debate no site do Projeto Dissonante.

 

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