Canal estatal será o primeiro a emitir sinal digital por satélite na Argentina

Enquanto no Brasil as emissoras comerciais estão sendo as primeiras a digitalizar seus sinais de transmissão, na Argentina foi um canal estatal que ocupou a dianteira desse processo. O Canal 7 daquele país foi o primeiro veículo de TV a ter o sinal digital terrestre, e será o primeiro a tê-lo por satélite. É o que informou Gonzalo Garbajal, diretor da Telam (agência de notícias estatal), que participou de mesa durante o XIV Colóquio Internacional da Escola Latino-Americana de Comunicação, que ocorreu em São Paulo no mês de maio.

“O Canal 7 foi o primeiro sinal que a TV argentina teve, agora já é a primeira que vai transmitir digitalmente na Argentina”, afirmou. A TV Pública, como é conhecida, tem quase 300 emissoras repetidoras, que conseguem cobrir 70% da área rural do país, atingindo 95% da população do país vizinho. “Para chegar a 100%, emissoras por satélite vão dar cobertura para o que não consegue chegar por terra”.

Com a nova lei dos meios audiovisuais da Argentina, o objetivo agora é chegar a locais onde não é possível que o sinal terrestre alcance. A prioridade são pessoas em distâncias e localidades onde não se é possível chegar sinais abertos. “O primeiro esquema é que se gere um pacote de sinais federais, conteúdos que devem ser de alcance universal”, disse Garbajal. E alguns canais pagos, como o Canal Encuentro (do ministério da educação da Argentina), passa a ser gratuito.

Desafios da TV estatal argentina

Deverá estar no pacote federal de TV digital também um canal de filmes e seriados nacionais. A Argentina, disse Garbajal, tem uma intensa produção audiovisual: são 14 mil estudantes de cinema, que não tem local para passar essa produção. ”Onde estão fazendo? O que se está produzindo?”, questionou.

Porém, agora que existe uma grande possibilidade de se veicular essa produção, a TV tem se deparado com um problema. “Encontramos espaço para produção regional, independente, dos cidadãos, por que temos um voluntarismo, mas falta construção política e administrativa que permita essa reflexão nos canais”.

Há algum fomento para produção de conteúdo, mas não está previsto sistema de empacotamento ordenado do conteúdo. Existe um problema de formato que estão enfrentando. “Acontece que são conteúdos que estão às vezes fora dos formatos. Por exemplo, um documentário de 104 minutos. Não se sabe onde vai por isso. Não tem uma janela para que isso circule por que o tempo da TV é outro”, problematizou.

Outro desafio é o de criar conteúdos realmente diferentes, que não sejam cópia da TV comercial, que tem um público fixo e boas taxas de audiência. “Gerar conteúdos realmente diferentes. Até agora , o que estamos gerando, não o é. Não estamos aproveitando oportunidades que temos. Televisão é emoção. Conteúdos digitais interativos permitirá ainda mais emoção. Não temos conseguido passar essa emoção para a interatividade”, contou.

Mobilização pela lei dos meios

No começo de sua apresentação, Gonzalo Garbajal, exibiu um vídeo ilustrando a mobilização para a aprovação da conhecida “Lei dos Meios”, que vai contra o interesse de grandes grupos de comunicação (como o Clarín) por impedir a concentração e implementar cotas de programação regional.

A lei foi aprovada pelos deputados argentinos em primeiro lugar. Para a votação no Senado houve mais mobilização ainda da população, que fez vigília em frente ao congresso até o fim das votações. Segundo Garbajal, e como mostrava o vídeo, nessa etapa, 40 mil pessoas acompanharam por mais de dez horas seguidas do lado de fora.

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