Com 343 participantes inscritos, Alagoas realizou, entre os dias 21 e 22, a etapa estadual da I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). As atividades aconteceram no Centro de Convenções de Maceió, no bairro de Jaraguá, onde foram debatidos os três eixos temáticos (Produção de Conteúdo; Cidadania, Direitos e Deveres; e Meios de Distribuição), formuladas propostas e eleitos os delegados que irão representar o estado no encontro nacional em dezembro.
Apesar de um longo atraso na programação no primeiro dia, a conferência alagoana cumpriu todas as suas atividades agendadas e foi encerrada no início da tarde do domingo. O longo processo de aprovação do regimento pela plenária que abriu a Confecom-AL, que se iniciou na manhã do dia 21 e só foi finalizado no início da tarde, atrasou toda a programação, em especial os painéis de debate. As atividades previstas para acabarem às 18h só foram finalizadas às 21h.
Na mesa de abertura dos trabalhos, o secretário de Comunicação de Alagoas Nelson Ferreira respondeu às críticas de entidades civis e movimentos sociais acerca do pouco empenho e escasso apoio material que o governo estadual teria aportado ao longo de todo o processo. Para ele, o Executivo estadual tem enfrentado dificuldades financeiras e que, apesar dessas limitações, o possível foi feito para que Alagoas participasse deste debate nacional. “A compreensão da comunicação como um direito humano é essencial para consolidação da democracia. A Conferência Nacional de Comunicação vai dar, sem dúvida, uma extraordinária contribuição para a democracia brasileira. E a democracia do século XXI pede participação social”, enfatizou Ferreira.
Para a presidente do Sindicado dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal), Valdice Gomes da Silva, a comunicação deve ser reafirmada como um direito, a exemplo da educação, saúde e segurança e, por isso, há todas as razões para se realizar uma conferência nestes moldes. “A comunicação trata de um processo de transformação da sociedade. Por isso, não pode apenas ser debatida e decida por um ou dois segmentos em particular. Façamos um grande pacto para uma comunicação mais democrática nesse país”, ressaltou. Sobre os empecilhos e entraves durante a etapa alagoana, a jornalista avaliou que houve “dificuldades estruturais imensas”. “O governo deu sua justificativa, mas era preciso haver um esforço e isso foi o que a sociedade tentou demonstrar para o governo. Não tivemos todas as condições, mas fizemos o que poderia ser feito”, comentou.
Em relação ao lugar da iniciativa privada neste debate, o representante do segmento empresarial Manoel Barbosa da Silva, da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), falou do desenvolvimento das comunicações no país e apontou o empresariado como um de seus pilares. “As telecomunicações são causa e conseqüência do desenvolvimento. O setor de telecom experimentou extraordinário crescimento nos últimos anos. Agora,com este processo da conferência, o Brasil e Alagoas poderão experimentar um novo salto de desenvolvimento para seu povo”, acredita.
Além de autoridades governamentais, parlamentares, empresários, estudantes, entidades civis e cidadãos a conferência ainda contou com a presença de convidados e especialistas que ministraram os painéis. O primeiro foi dedicado ao eixo temático Produção de Conteúdo e contou com a participação das debatedoras Roseli Goffman (Conselho Federal de Psicologia) e Rosane Bertotti (CUT). As duas integram, também, a Comissão Organizadora Nacional da Confecom.
No segundo painel, o professor Marcos Dantas (Universidade Federal do Rio de Janeiro), José Sotter (Associação Brasileira de Rádios Comunitárias) e Caio Bruno (Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação) discutiram o eixo Cidadania, Direitos e Deveres. Por fim, José Carlos Torves (Federação Nacional dos Jornalistas), Cláudia Verde (Campanha Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania) e Sivaldo Pereira da Silva (Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social) participaram da última mesa, sobre Meios de Distribuição. Os debates continuaram no segundo dia com os Grupos de Discussão (Gds), onde foram retomados os temas e foram formuladas as propostas a serem encaminhadas à etapa nacional.
Ao fim do processo, a plenária final aprovou 3 moções, referendou 44 propostas produzidas pelos GDs e homologou a eleição de 12 delegados da sociedade civil, 12 do segmento empresarial 3 do poder público, além dos suplentes para todas as vagas. Os 27 delegados irão representar o estado na Conferência Nacional, de 14 a 17 de dezembro, em Brasília, onde o país irá, pela primeira vez, discutir políticas públicas de Comunicação em uma fórum oficial, com participação de delegados eleitos nas diversas regiões do país.
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