Casa Civil não descarta parceria com operadoras para Plano Nacional de Banda Larga

Ainda não está nem um pouco uniforme o discurso do governo sobre a infraestrutura de backbone público que deverá fazer parte do Plano Nacional de Banda Larga e será composta pela rede da Eletronet em parceria com as elétricas. Apesar de não serem conflitantes, ora se destaca que o objetivo é o de levar a conexão a regiões que estão fora do plano de negócios das operadoras, ora essa rede poderá ser um instrumento importante para permitir que a competição fique mais equilibrada nas áreas onde as concessionárias estão presentes. Acusadas de terem uma das conexões mais caras do mundo para um acesso que nem sempre é veloz, as operadoras poderão se tornar parceiras no Projeto Nacional de Banda Larga, como ressaltou, nos dois casos, o assessor especial da Casa Civil, André Barbosa.

Apesar das garantias de cobertura nacional para garantir o acesso da população à Internet, como salientou Silvio Lima, gerente de planejamento do Ministério do Planejamento, não faz parte da política pública do governo levar Internet gratuita às residências, observou Carlos Paiva, coordenador geral de projetos especiais do Ministério das Comunicações.

Em comum, por enquanto, é o entusiasmo pelo backhaul público. "Temos a infraestrutura e não podemos desperdiçá-la", reforçou Barbosa, um discurso que se repetiu com outros representantes do governo durante o 1 Fórum de Cidades Digitais, evento patrocinado pela Network Eventos que se realiza em Brasília. Para ele, as operadoras temem o projeto por considerarem, erroneamente, que ele pode sinalizar para a reestatização. "Nós podemos ter as operadoras ao nosso lado, fazer troca de capacidade se for o caso, por exemplo", disse.

A parceria com as operadoras, sinalizada por ele, não reflete as últimas declarações de Rogério Santanna, para quem as concessionárias não resolveram o problema de banda larga no país porque não estão interessadas, descartando, dessa forma, a possibilidade de elas se aliarem ao Plano Nacional de banda larga.

Marcos Mazoni, presidente do Serpro, engrossou a lista dos que defendem o backhaul público. Ele citou o exemplo do governo francës que, ao privatizar a France Telecom, garantiu uma infraestrutura para políticas públicas. Mas, também considerou que o unblunding, que permite o acesso de outras empresas à rede das operadoras, só funcionou em países onde existe esse backhaul público. "Nós vemos governos, como o da Austrália, dizendo que vai investir US$ 33 bilhões para ter um backbone público. Nós não precisamos investir tudo isso", disse Silvio Lima.

Segundo ele, a infraestrutura pública, como está sendo concebida, poderia atender 21 mil pontos do governo com banda larga efetiva. Do edital de infraestrutura para cidades digitais, lançado pelo Minicom mas suspenso em seguida para ganhar novo formato, esse backhaul seria suficiente para atender 111 das 164 cidades que constavam inicialmente, calculou o representante do Ministério do Planejamento.

Barbosa confirmou os números apresentados por Santanna, que dão conta de investimen tos de R$ 1,1 bilhão para que a rede pública possa levar aos municípios conexão de 2 Gbps a 8 Gbps. Ele defendeu a preferência pela compra de equipamentos nacionais, inclusive citando isso como uma possível contrapartida junto às operadoras.

* A jornalista viajou a convite da Network Eventos

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